What If - Richarlinson.

Capítulo Dez.

Depois daquele dia, foi o jogo entre Suíça e Brasil, o qual ganhamos com um pouco de dificuldade.

Minha agenda entrava começando a ficar apertada, e isso aconteceu logo após o Brasil se classificar para as oitavas no segundo jogo da competição.

Entrevistas, relatórios e...Bom, desleixo meu.

Conhecer mais o Richarlinson foi algo maravilhoso, eu tinha medo de denominar aquele sentimento, mas ele era bom e forte.

Passei a última semana inteira com ele, mesmo com os horários totalmente distintos, com o meu trabalho e estágio que se estendiam do primeiro jogo até o último todos os dias, dos treinos e atuações dele. Mas nós conseguimos.

Eu dormi no quarto dele literalmente todos os dias, exceto por um, quando eu havia acabado de chegar no Qatar.

Eu sabia o que estava sentindo, mas eu não sabia se era a pessoa certa e o momento certo, e quem tinha me alertado disso, havia sido o meu próprio pai.

- Espera, então ele literalmente disse para você "Você pode ser uma distração para ele, e arruinar a copa"? - Vini me perguntou perplexo.

- Basicamente.

Estávamos todos no meu quarto naquela tarde, um dia após o fracasso do jogo Camarões e Brasil, mas que não havia interferido em nada na nossa classificação.

Richarlinson tinha me mandado mensagem de manhã, logo após acordar e perceber que eu havia saído da cama cedo. Ele me convidou para passar a tarde com o mesmo, como sempre, mas eu precisava de um tempo para pensar no que meu pai tinha dito.

Foi algo totalmente aleatório. Enquanto os garotos treinavam na noite de ontem, Tite começou a falar coisas relacionadas ao Richarlinson, depois sobre namoros conturbados com jogadores de futebol e, para finalizar, terminou o discurso dizendo que eu acabaria com a carreira dele, e juntamente, com a copa do mundo se iniciasse um relacionamento em um momento tão importante e de tanta fama para ele.

- Esse cara é louco, não ouça ele! - Vini pedia, sentado na cadeira da escrivaninha.

- Bom, temos que concordar que ele não está errado em tudo, digo, é realmente complicado um relacionamento com um cara que nunca 'tá em casa, e que vive em um campo de futebol. Mas quem deve decidir isso é você, ele não tem nada que meter o narizão dele no meio. De narigudo já basta o Richarlinson. - Antony continuou, largado no meio da minha cama.

- Eu realmente não sei o que fazer. Eu não quero prejudica-lo, mas ele não parece incomodado com isso. - Eu estava sentada de pernas de índio no colchão, apoiando minhas costas na cabeceira.

- Encerramos aí! Se ele não se incomoda, não tem porquê ficar apreensiva com isso. - Vinícius finalizou.

- Acho melhor nós chamarmos alguém que entenda de família feliz, esposa e filhos. - Antony sugere.

- Mas você tem filho e esposa.

- Você quer ir pelo meu exemplo mesmo?

- Vamos falar com o Paquetá. - Sugiro rapidamente.

- Ele está no hotel?

- Acho que não, deve estar com a família dele. - Vini responde, fazendo Antony levantar rapidamente.

- Viram! Isso é que é exemplo de namorar um jogador. Chupa, Tite.

Nós rimos um pouco e decidimos ligar para o Lucas, colocando no viva-voz quando ele atende.

-...E foi isso. - Paquetá fica por um instante em silêncio, xingando logo em seguida.

- Mas que filho da puta. - Vini ri, obviamente.

- Queremos saber sua opinião, já que você tem sua esposa e seus dois filhinhos, que são meus afilhados maravilhosos. - Falo.

Em 2020, após o nascimento de Benício, fui convidada para ser madrinha do pequeno, igualmente em 2021, quando Felippo chegou. Sempre fui muito próxima do Lucas e da Duda, e agora era ainda mais dos meus afilhados.

- Olha, Clarinha, eu comecei meu relacionamento com a Duda em 2018, e eu ainda estava no flamengo na época. Estamos falando de níveis de fama diferentes, óbvio, mas o conselho sempre vai ser o mesmo. Quando você realmente ama uma pessoa, não importa o que vão dizer de você ou para você.

- Mas não é como se um hater ou um jornalista tivesse dito isso, Lucas, foi o meu pai. - Respondo, cabisbaixa.

- Sim, foi o seu pai, e daí? Você gosta dele?

- Bom, eu acho que sim.

- Não, sem "eu acho". Você gosta dele? - Eu hesito um pouco, mas logo me sinto confortável.

- Sim, eu gosto.

- Você faria algo para prejudica-lo?

- O quê? Não! Claro que não. Nunca.

- Então pode beijar a noiva. - Antony brinca.

- Pronto, você já tem a sua resposta.

Nós agradecemos Paquetá pelos conselhos, falamos um pouco com a Duda, a qual ligou a chamada de vídeo para falarmos com as crianças em seguida. Nos despedimos e finalizamos.

- Agora é com você. - Vini fala.

- Acha que eu devo conversar com ele? - Pergunto.

- Não, deixa ele descobrir pela bola de cristal dele. - Antony responde, grosso, mas acertivo.

- Okay! Eu vou falar com ele.

Mando uma mensagem perguntando se ele ainda estava no quarto de hotel, recebendo um "sim" logo em seguida.

Nem preciso me despedir dos meninos, já que eles continuariam no meu quarto, jogando qualquer jogo do vídeo game que já tinha lá.

- Estou entrando! - Aviso enquanto abro a porta.

- Conseguiu resolver suas coisas? - Ele larga o controle, se sentando na cama.

- Sim, consegui. - Sorrio triste, me sentando do lado dele.

- Vai falar sério, né? - Ele pergunta, se virando para mim

- Vou. - Espero ele desligar o console e começo. - Meu pai me falou algumas coisas, sabe? Sobre relações com jogadores e como isso é complicado. Eu só quero saber se você quer algo, digo, eu sei que é cedo, mas eu preciso saber que não estou te prejudicando. - Começo a falar tudo que vem a mente, me embaralhando.

- Você pareceu meu sobrinho de dois anos tentando formular uma frase. Vai lá, tenta de novo. - Ele ri, me incentivando.

- Olha, me falaram que eu sou uma distração para você, e que eu arruinaria sua carreira se iniciasse um relacionamento com você. Eu realmente não sei se você quer algo sério, ou é só uma distração "Vou comer a filha do meu chefe", mas de qualquer forma, eu só quero me certificar que eu não estou prejudicando seu desenvolvimento profissional.

- Eu não sei formular respostas longas. O que é isso, uma prova do Enem? - Richarlinson brinca. - Eu vou te beijar, okay?

A pergunta vem de repente, e eu não sabia se apenas dizia sim, ou se notava como ele havia sido fofo ao perguntar.

No final apenas aceno, e começa um beijo lento.

Naquele momento todas as inseguranças que eu já tinha, ou as que se formaram com o dia de ontem, foram para a puta que pariu.

Os dois estavam sentados de pernas cruzadas em cima da cama, com a mão de Richarlinson segurando um dos lados do meu rosto, juntamente com alguns fios do meu cabelo.

Era rápido demais para falar que eu estava fazendo a coisa certa, mas estúpido demais para dizer que eu estava fazendo a coisa errada.