Ⅰ. a chegada

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eu me expresso em círculos
eu procuro por sinais
por uma pista
como me sentir diferente?

mercury ─ sleeping at last

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Corro em direção à floresta, os gritos em minha mente estão cada vez mais altos e o barulho dos tiros atrás de mim ecoam mais fortes. Não sei por quanto tempo minhas pernas vão aguentar. Paro um instante, e como num passe de mágica não estou mais na floresta, agora sinto apenas meus pulmões enchendo de água e o ar se torna rarefeito.

Novamente.

Outra mudança de cenário. Estou no alto de uma colina, pessoas dançam e cantam em êxtase completo. Me sinto em paz pela primeira vez, mas não dura muito. Caio no chão, minhas pernas doem e ainda não consigo me manter de pé.

As pessoas continuam dançando, agora, me pisoteiam conforme o ritmo da canção avança. Olho novamente, um canto doce e angelical ecoa em meus ouvidos. Relaxo, descansando e aceitando a morte que chega como acalento. Olho de novo em busca da dona daquela voz, a melodia me é familiar mas não recordo de onde. Uma última vez e lá está ela, ardendo em chamas.

Consigo finalmente me levantar e apresso os passos em sua direção. É o rosto de minha mãe que está ali. Minha mãe sendo queimada por aqueles que festejam e celebram a sua morte. Antes que consiga tocá-la sou puxada por uma força maior, caindo da montanha. Meu corpo repousa no chão lamacento. Uma luz - que alterna em tons de branco e cinza - vem até mim. Imagino ser um homem. Forço minha vista para conseguir enxergar seu rosto.

── Papai? ── Ele sorri e toca minha mão.

De repente tudo se apaga. Estou de volta ao mundo real.

Acordo de mais um sonho. Ou pesadelo, como preferir. Venho tendo sonhos assim há cerca de 7 anos, mas essa é a primeira vez que enxergo o rosto das pessoas presentes nele. Ver meus pais não estava nem perto do que eu esperava.

•ִ 🔭 ˳ ׄ ⟡

Estou no carro ao lado de Wandinha. Antes de entrarmos ela passou alguns bons minutos lamentando por não querer ir a Nevermore. Algo sobre não querer seguir os mesmos passos da tia Mortícia e sobre seus planos para fugir. Acho que no fundo entendo toda essa sua aflição, mas confesso que estou animada para a nova escola. É uma chance de explorar meus poderes e talvez descobrir algo sobre o papai.

Moro com os Addams desde que me conheço por gente, tudo que sei sobre meus pais biológicos é que minha mãe morreu e meu pai sumiu pouco tempo depois. Meus tios dizem que ele não aguentou a pressão ou coisa do tipo, aparentemente sou idêntica a minha mãe e isso o machucava. Não acho que tenha sido justo comigo, não era como se eu tivesse culpa. Mas não posso julgá-lo, talvez fosse melhor assim.

Saio de meus devaneios quando escuto a canção que meus tios cantam em nossa frente, a relação deles é muito fofa, apesar de bem melosa e estranha. Chega a ser confuso porque quando querem eles conseguem ser bem mórbidos, mas ao mesmo tempo são completamente rendidos um pelo outro. Gosto desse equilíbrio. Talvez um dia eu possa encontrar um amor assim para mim também.

── Filhinha, por quanto tempo vai continuar nos dando esse gelo? ── Mortícia pergunta apreensiva e meu olhar alterna entre ela e Wandinha.

── Pandora, pode lembrar aos meus pais que não estou falando com eles?

Permaneço quieta e meu silêncio abre espaço para que Tio Gomez e Mortícia iniciem seu discurso sobre o quão incrível Nevermore é e todas as memórias que iremos construir lá. Logo, Wandinha torna a falar sobre a conversa que tivemos de manhã cedo. Você se recorda, né? Não querer seguir os passos da mãe e blá blá blá.

Fico abismada quando chegamos à sede do colégio. Apesar da vista um tanto quanto sombria, é encantador. Não vejo a hora de descobrir tudo sobre esse lugar. Tiro minhas malas do carro, confesso que trouxe bastante coisa, mas era um caso de vida ou morte. Como uma bruxa, não posso deixar para trás meus materiais de trabalho. Sinto que aqui finalmente poderei me encontrar e conhecer cada parte de mim. Por outro lado, Wandinha aparenta não compartilhar do mesmo sentimento.

Fomos a diretoria, tivemos uma conversa breve sobre as regras do colégio e nossas instalações. Ficaríamos instaladas junto de uma outra garota, não me importaria de ficar em um quarto sozinha, afinal, precisaria de espaço. Mas conviver com outras pessoas também era bom, então no fim acabei aceitando.

Quando chego ao dormitório vejo que teria sido melhor ficar sozinha, mas já não havia mais volta. Nas próximas semanas eu poderia tentar falar com a diretora para mudar de quarto.

── É tão...vivido. ── Tio Gomez diz.

── Olá, amigas! ── A loira diz eufórica. Fofa.

── Pandora, Wandinha, esta é Enid Sinclair. ── Aceno com a cabeça em forma de cumprimento, evitando mais saudações naquele momento.

── Está se sentindo bem? Você parece meio...pálida?! ── Enid diz apontando para minha prima, tendo como resposta um "Wandinha sempre parece meio morta" de Gomez.

── Uh, sim, entendi! - ela comenta ── Sejam bem-vindas ao Prédio Ofélia!

A garota se aproxima oferecendo um abraço, Wandinha se afasta, mas como de costume, retribuo o ato de boas vindas. Sou fã de toque físico, e isso se intensifica com abraços. É uma maneira muito nobre de se aproximar das pessoas.

── Encomendamos uniformes especiais para vocês. Enid, leve-as à secretaria para pegá-los junto do horário e aproveite para fazer um tour no caminho.

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﹏ 🎥 notas da autora::

finalmente criei coragem e comecei a postar essa fic, primeiro capítulo real e oficial tá na mão.

queria dizer também que escrevo apenas por diversão, então tudo que vai ser escrito aqui é puro suco da minha imaginação, podem ter várias coisas ???? pq minhas ideias às vezes são bem bobinhas, mas eu escrevo a maioria das coisas pelo meu próprio entretenimento, então estar publicando essa história é mais porque me sinto bem enquanto escrevo e quero que outras pessoas se sintam bem enquanto leem.

coisinha besta que eu queria esclarecer, então é isso. não esqueçam de votar e comentar, beijocas ! 💘

𝐅𝐀𝐋𝐋𝐄𝐍 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒, xavier thorpe.Onde histórias criam vida. Descubra agora