Ⅳ. laços

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pequenina, me diga a verdade
sou o ombro em que você pode chorar
sua melhor amiga
sou aquela com quem você pode contar

chiquitita ─ ABBA

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── Não precisa me acompanhar até o quarto, Xavier! Que bobeira, já disse que estou bem. Até parece que algo vai acontecer de novo. ── Reviro os olhos em indignação.

Xavier ativou o modo superproteção depois do ocorrido no pátio, no momento em que me lembrei dele pensei que isso estava acontecendo apenas porque já nos conhecíamos e em tese ele me devia um favor, mas aparentemente não era isso. Não estava odiando sua companhia, pelo contrário. Mas não queria me sentir como alguém que precisa ser ajudada.

Quando passamos frente a estátua de Poe o anel em meu pescoço brilha. Toco o pingente.

── Isso é normal...? ── Xavier questiona, tão confuso quanto eu.

── Não faço a mínima ideia, é a primeira vez que brilha desse jeito. ── Respondo. Era a primeira vez que brilhava de qualquer jeito.

Numa fração de segundos uma daquelas visões dos meus sonhos aparece, estou na colina outra vez. Minha mãe está em minha frente, seu rosto ainda oculto pelas sombras mas não é impossível reconhecê-la. Ela sibila palavras sem nexo, algo como "em perigo", "seu destino". Ainda não aprimorei minhas visões, é algo novo e tem sido difícil controlar ou entender qualquer coisa que queiram me dizer.

Às vezes acredito que seja apenas minha mente me pregando peças ao invés de me mandar algum sinal.

Volto a realidade. Xavier está me segurando próximo ao chão, uma mão apoiada em meu pescoço e outra em minha cintura. Levo minhas duas mãos à cabeça e fecho os olhos por alguns instantes.

── Não me leva a mal, mas você ficou muito estranha agora. Sua cabeça despencou pra trás, pensei que fosse quebrar o pescoço. Você tá bem? ── O garoto diz assustado, solto uma risada sincera.

── To sentindo uma dor no pescoço ── brinco levando minha mão até lá ── Mas tô bem, eu acho. É melhor você voltar pro seu dormitório, logo mais vai escurecer.

Digo e saio de vista, acenando uma última vez para Thorpe. Continuo pensando no que minha mãe disse, mas esqueço dela logo que chego no quarto e Wandinha está junto de Mãozinha, numa conversa não muito agradável.

── MÃOZINHA! ── Digo animada me aproximando dos dois. ── Wandinha estava certa em dizer que você viria.

Afirmo dando uns tapinhas na cabeça da mais nova.

── Olá para você também, prima! Estava falando para o mãozinha sobre nossa primeira empreitada, que se baseia em fugir desse purgatório adolescente.

── Você tem um plano? ── Mãozinha gesticula

── É claro que eu tenho um plano.

Wandinha explica tudo para nós dois, eu não estava disposta a segui-la, mas ouvi atentamente a cada detalhe. Minha prima era meio impulsiva vez ou outra, precisava estar certa de que ela não cometeria alguma burrada. Desejei boa sorte antes que ela saísse do quarto até a sala da Diretora Weems, no fundo ansiava que seu plano desse errado e ela continuasse ali comigo. Me sentia mais segura quando ela estava perto, e assim, sentia que podia cuidar dela também.

•ִ 🔭 ˳ ׄ ⟡

Passei boa parte da tarde na varanda testando minhas habilidades. Até então tudo que sabia dos poderes era sobre eu ser uma bruxa de magia branca. Assim como minha mãe, tinha poder de cura. E sei que em alguns anos a imortalidade também se manifestaria. Acreditava que esse segundo poder havia sido herdado de meu pai, já que minha mãe estava morta, então obviamente esta não era uma de suas habilidades.

𝐅𝐀𝐋𝐋𝐄𝐍 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒, xavier thorpe.Onde histórias criam vida. Descubra agora