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— Vamos fazer uma viagem de campo. — Diz Love, com óculos escuros, um gorro verde de NY e uma blusa preta escrita I ❤️ Robert Pattinson.

Os dois, Richarlison e Love, estão sentados lado-a-lado, em um daqueles ônibus londrinos de dois andares, indo para algum lugar que o brasileiro não faz ideia de qual é. Aparentemente, os irmãos Heung-min tem uma incrível facilidade em arrastar o jogador para onde quiserem, sem dar maiores satisfações. A verdade é, mesmo que Love arrumasse as malas de Richarlison e o colocasse em um voo direto para a Coréia do Sul, ele nem se daria conta.

Ele não consegue parar de pensar em Son.

O jogador tentou, é claro. Ele passou as primeiras duas horas depois que Son saiu de seu dormitório, o deixando completamente estático com o beijo, se esforçando ao máximo para afastar o coreano de seus pensamentos. No entanto, de repente, tudo passou a lembrá-lo do coreano. O chão do dormitório? Onde ele dormira. As roupas sujas de lama no cesto? Os dois no campo, cobertos de chuva e terra. No seu próprio reflexo? Os lábios que Son beijou e saiu correndo, sem dar tempo do brasileiro falar nada.

Sendo bem sincero com ele mesmo, Richarlison não queria que Son tivesse ido embora. Mas, também, ele não faz ideia do que faria se o coreano tivesse ficado e dado tempo para que qualquer outra coisa acontecesse. O jogador não sabe se o final seria o que Son esperava. Mesmo assim, a frase ainda ronda sua cabeça como um cão de guarda em seus pensamentos. Agora você tem um motivo para se afastar de mim.

— Está me ouvindo, brasileiro?

Richarlison olha para Love, que o encara meio preocupada. Ele dá um sorriso, meio envergonhado e faz que não com a cabeça, coçando sua nuca.

— Foi mal. O que você disse?

Love revira os olhos.

— Eu disse que estamos quase chegando.

Quando Love o chamou, às quatro da manhã, para uma missão super-hiper-mega secreta, da qual Son nunca poderia sonhar em saber, Richarlison aceitou apenas porque estava acordado, olhando para o teto, sem conseguir pensar em mais nada além do beijo que Son o dera horas atrás. No entanto, Claire olhou para os dois e bateu a porta na cara deles.

Richarlison precisa admitir que, após ser beijado pelo irmão dela, ele sente que deve algumas explicações para Love, principalmente quando prometeu não deixar Son esquecer que o brasileiro não está interessado nele.

Seus pensamentos são postos de lado quando Love o arrasta para fora do ônibus, já que o brasileiro mal a escuta quando ela avisa que eles vão descer na próxima parada. Eles caminham pela rua e Richarlison resmunga por não ter trago um casaco, já que venta bastante. Ele observa o lugar, tentando encontrar alguma dica de para onde está indo, mas a única coisa que consegue é observar Love andar animadamente pelo local.

A paisagem muda quando os dois se aproximam de uma grande instalação tecnológica, como um enorme prédio de vidro, onde algumas pessoas caminham, entrando e saindo do lugar. Love anda sem se preocupar, com as mãos nos bolsos e cantarolando uma música em coreano. Na blusa de algumas pessoas, o jogador consegue ler UNIVERSIDADE DE PADOVA.

— Você me trouxe até aqui para ver o seu namorado? — Richarlison pergunta, sussurrando.

— Claro que não. — Love responde. — Viemos ver um amigo.

Eles entram no prédio e de repente Richarlison está cercado por uma grande quantidade de nerds. Os garotos estão por todos os lados, indo de lá para cá segurando livros espessos, com óculos fundo de garrafa na cara e cheio de espinhas pelo rosto. O brasileiro faz uma careta, mas tenta não ser preconceituoso. Mesmo assim ele não consegue evitar de pensar: "Deve ser por isso que Padova é tão ruim em esportes."

The Tottenham Court (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora