Son Heung-min.
Quando Son acorda é tão cedo que o sol ainda não incomoda pelas frestas da janela. Há um ar frio e denso pelo quarto, que o irrita de primeira, já que a claridade não é um problema. Ele encolhe sua perna descoberta para mais perto de si. O movimento irrita o outro cara ao seu lado, deitado com a cama quase toda para si, respirando tão pesado quanto seu sono.
Se fosse qualquer outra pessoa, Son provavelmente entraria em uma briga mesquinha por território, até ter uma parte da cama apenas para ele. Mas não há como fazer isso. Não quando é Richarlison ali, ao lado dele, com uma expressão serena e doce, uma criança sonhando com algo que, provavelmente, deva ser futebol.
Na escuridão, Son Heung-min sorri ao imaginar a possibilidade que o brasileiro boca-suja e esquentado possa estar sonhando com ele também.
O coreano pensa no nome do brasileiro quase que como uma oração desengonçada, repetindo a mesma palavra de onze – meu Deus – letras tantas vezes até que perca completamente o sentido. Mesmo assim, todo o sentimento que Son sente pelo outro é tão intenso e verdadeiro que poderia ser palpável. Talvez seja, na verdade. Afinal, Richarlison está ali, deitado de bruços, a bochecha esmagada contra o travesseiro, o peito descendo e subindo. Quase que imperceptível, ele também dá alguns espamos, ansiosos e de uma hora para outra. Son sabe de tudo isso muito bem.
Heung-min não consegue se lembrar da última vez que se sentiu tão apaixonado por alguém assim. Nem mesmo quando era um adolescente, inocente e sorridente, pensando no futuro que poderia ter com o seu talento incontestável com uma bola. Embora seu futuro agora permaneça como uma mancha sombria e quase sempre cinza, Richarlison chegou em sua vida obstinado a jogar tudo pelos ares e encher todo o peito de Son com o que seria amor pra caralho. Ele só se sente assim sobre Love e, claro, futebol.
Por mais que ele finja que não, Son percebe todos os pensamentos cheios de insegurança que passam pela cabeça de Richarlison sempre que o nome de Hector é colocado na conversa. O coreano não quer que ele se sinta assim mas ainda não se sente preparado para ter uma conversa franca com o brasileiro sobre os seus sentimentos.
Son o ama – isso é óbvio. Quer passar o resto dos dias dele com Richarlison. Quer poder saber falar que o ama em português. Quer conhecer o calor que o criou, que o faz guardar uma camisa da seleção brasileira como religião em sua gaveta de cuecas.
Mas quando Son Heung-min vai ter um momento de paz para dizer tudo isso à ele?
Na escuridão do quarto enorme na mansão dos Kane, o silêncio é quebrado pela notificação de uma mensagem no celular de Son. O coreano se move de maneira lenta, sentindo-se dolorido e precisa desviar dos braços de Richarlison que, mesmo dormindo, quer trazê-lo de volta para o seu lado na cama que os dois estão dividindo.
Son quer se flagelar por desviar de um toque como esse, mas o dia que acabaram de passar parece estar longe demais de acabar e qualquer mensagem pode ser o anúncio do fim de todos os sonhos que ele construiu para si depois de ter sobrevivido ao que o trouxe a Londres.
Ele estica o braço para a cabeceira, alcançando o celular. O brilho irrita seus olhos e ele precisa de um tempo antes que as informações na tela façam algum sentido. Quando fazem, a mensagem do número desconhecido revira o seu estômago.
?: Foi a ideia mais burra que alguém já teve...
———
Oi gente, tudo bem? Adivinhem, eu estou vivo! 🩷 Fiz esse prelúdio apenas para avisar que consegui um celular novo (para quem não soube, eu fui assaltado) e que agora vou poder voltar a escrever. Os capítulos podem demorar a sair, porque estou bem ocupado, mas irei sim continuar.
Capítulo 16 em breve...
Com amor, Angel
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Tottenham Court (2son)
ФанфикRicharlison é o novo integrante do time de futebol da Universidade de Tottenham, famosa pelo seus talentosos atletas e por ser a chance de ouro para qualquer um que queira entrar em um time importante em todo o continente europeu. No entanto, o bras...