10 (parte I)

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Love, Claire, Diego e Triz se deitam ao redor de Richarlison, na pequena cama de solteiro do brasileiro em seu dormitório. Fazem dois dias desde que ele pegou o carro do amigo e dirigiu o mais rápido possível para o dormitório de Son, apenas para encontrá-lo abraçando outro cara e, o que ele considerou pior, ter o puxado para dentro de seu quarto. Richarlison se sentiu sufocado pela sensação de ciúmes por quarenta e oito horas inteiras, embora a vergonha em seu rosto ainda fosse um pouco maior. Ele gosta tanto assim de Son para que se sinta traído? Quem o coreano acha que é para beijá-lo, criar uma confusão em sua cabeça e simplesmente dormir com outro cara depois?

Ele dormiu com outro cara?

Depois disso, os quatro entraram em uma missão impossível para tentar animar o brasileiro, que não saiu do quarto durante os dois dias que se passaram. É sábado, então todos pararam o que estavam fazendo para tentar resgatar Richarlison da força que ele se encontra. Eles se aninham ao lado do brasileiro, tentando arrumar algum espaço, mas o jogador por si só já ocupa quase toda a cama. Triz e Love se sentam no chão, desistentes, enquanto Richarlison deita com a cabeça no colo de Claire e põe as pernas nas coxas de Diego.

— Você ainda está ouvindo isso? — Diego pergunta, notando a música brasileira tocando no celular do jogador. De todos, o hondurenho foi o que mais teve que aguentar a melodia do violão e a voz grave de uma cantora, cujas palavras ele entendia apenas algumas.

— É Marília Mendonça. — Triz diz, mesmo que ninguém entenda mesmo assim. Ela dá de ombros e pega o celular dele, parando a música. — Mas você precisa parar de ouvir isso.

Richarlison olha para ela e se vira para o outro lado, como uma criança fazendo birra. Claire dá risada e Triz revira os olhos.

— Qual é, Richie? Você ao menos conversou com ele? — Claire pergunta, fazendo carinho no cabelo raspado dele.

O brasileiro nega com a cabeça, sem olhar para eles, o rosto afundado no travesseiro.

Richarlison sabe que grande parte dos pensamentos ruins que rondam em sua cabeça é sua péssima primeira experiência após assumir que está interessado por outro cara. Quer dizer, o brasileiro esperava que ir atrás de Son seria uma ótima ideia e que não haveria nenhum problema após isso, apenas os dois deitados eternamente no dormitório norte, onde o mundo real não poderia alcançá-los. Mas, depois de ver o coreano abraçar outro garoto e ir embora tentando não chorar, ele percebeu que talvez não esteja preparado para ter um relacionamento com um homem. Son não querer ter um relacionamento com ele apenas aumentou ainda mais sua tristeza. Richarlison se arrependeu de ter ido atrás de Son, mas ainda não conseguiu identificar o motivo real.

— Como você quer saber o que aconteceu se não deixar ele falar?

— Não quero saber o que aconteceu. — Ele responde, a voz abafada pelo travesseiro. — E ele também não quer falar. Dois dias. Deve estar se divertindo muito.

De súbito, ele se lembra dos dois em London Eye e do medo que ultrapassou apenas porque Son insistiu. Richarlison sente vontade de socar alguma coisa, mas o máximo que ele faz é fechar os olhos. Que sensação bosta.

Love resmunga alguma coisa e se deita em cima de Richarlison. A garota é tão pequena e magra que parece apenas uma pressão em cima dele.

— Son não é esse tipo de pessoa, Richy. — Love sussurra, no ouvido dele. Ela parece meio envergonhada. — Não deve ser ninguém...

— Ele não comentou nada com você, Love? — Claire pergunta.

A coreana dá de ombros e nega com a cabeça. Hoje ela usa seu cabelo em dois rabos de cavalo erguidos no topo de sua cabeça e uma blusa preta de uma banda de metal desconhecida.

The Tottenham Court (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora