15 (parte I)

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O sol ainda se esconde no horizonte quando os sete chegam a Universidade de Liverpool. Eles estão silenciosos, mesmo que com a ansiedade e a adrenalina batendo no peito. Kane dirige, ocupando o espaço de Quentin. Ele está sério, pensativo e não esboça nenhuma reação quando alguém diz ou faz alguma coisa. Richarlison o olha algumas vezes, reservando a ele uma expressão curiosa, desconfiada. Ele confia em Kane tanto quanto confia em qualquer um dos universitários de Liverpool.

Que é onde eles estão agora.

Por mais que Tottenham seja uma Universidade híbrida, ou seja, uma instituição privada que ainda aceita a mão do governo para incluir em seus alunos, bolsistas, Liverpool é completamente particular e direcionada apenas para aqueles que podem pagar. Em decorrência disso, os patrocínios aos atletas são a única maneira de um estrangeiro ocupar a grade de alunos matriculados.

Enquanto caminham silenciosamente pela grama de Liverpool, Richarlison observa a Universidade com essas informações na cabeça. Se Tottenham é grande, os inimigos são, a grosso modo, muito maiores. É até imbecil o tamanho das construções que estão na frente deles, todas com pelo menos cinco ou seis andares, feitas de concreto, pintadas em tons terrosos. Os portões são de metal, mesmo que pretos e, ao contrário de Padova que é apenas um prédio enorme, Liverpool é um condomínio de luxo, com tantos prédios que somem de vista.

— Esse lugar sempre foi tão grande assim? — Richarlison sussurra, enquanto eles passam pelo primeiro portão.

Um segurança passa por eles e, por um momento, o brasileiro fica tenso, esperando que o homem diga alguma coisa e o plano vá por água abaixo. No entanto, assim que o olhar deles se encontram, o homem acena com a cabeça e continua andando, sem se importar com os seis ali.

Aparentemente, a falha na segurança de Liverpool está na enorme quantidade de alunos. Não há como decorar o rosto de todos e, principalmente em dia de jogo, tudo é uma desculpa para uma visita sem nenhum maior pretexto. Por mais que seja noite, a entrada deles se dá sem problema nenhum.

— Todo o dinheiro deles tem que ir para algum lugar. — Claire responde, enquanto eles caminham pelo gramado, em direção ao primeiro hall de entrada.

Alguns passos a frente, Kane e Diego param. Os outros cinco fazem o mesmo, esperando, sem saber exatamente o que fazer. Esse silêncio em relação ao plano exige confiança demais e, mesmo que Diego esteja responsável, Richarlison ainda não consegue confiar em Kane.

Ele olha para Son e o coreano lhe devolve um sorriso pequeno, tenro, como alguém que diz que está tudo bem. Mesmo assim, Richarlison o vê suspirando logo depois e o brasileiro tem o vislumbre de que Son Heung-min pode estar se sentindo péssimo em estar tão próximo de Liverpool novamente. Quando eles queimaram o carro de Becker alguns dias atrás não parece tão intenso como agora – eles mal se aproximaram da Universidade como um todo, se concentrando apenas no prédio nos fundos de Liverpool, onde a festa acontecia.

— Ok... — Kane diz, a voz tensa. Ele olha ao redor, como se procurasse alguma coisa. — Onde ficam os dormitórios?

— Não podemos abrir um mapa aqui. — Diego olha ao redor.

Richarlison observa os dois, os achando meio patetas. Como eles podem colocar cinco outras pessoas naquela situação se nem conseguir saber de cor onde eles devem ir?

Seu rosto se enche de irritação, mas Triz toma a dianteira, abrindo o celular.

— Bati foto dos mapas. — Ela passa as imagens, procurando alguma em específico. Richarlison se mantém um pouco atrás, apenas ouvindo e observando o Campus. — Estamos aqui... Então os dormitórios são... Aqui.

The Tottenham Court (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora