Mal é dia quando Richarlison acorda. Há indícios de que o sol está se preparando para nascer, o maior deles sendo o vento frio que percorre o quarto, vindo da janela semiaberta do quarto na mansão de Kane. A menção do nome do atacante faz com que o brasileiro torça o nariz, ainda de olhos semiabertos, lutando contra o sono que o causa letargia. Todos os seus movimentos estão lentos, seu cérebro tão pouco consegue lidar com as informações, por menores que sejam. Ele sabe que a melhor opção é se deixar dormir.
Mas Son não está ali.
A ausência do coreano não deveria ser preocupante. Richarlison tem quase 100% de certeza que consegue não surtar com o outro tendo se levantado mais cedo. Pode estar no banheiro mijando. Ou na cozinha bebendo água. Ou só não está ali.
Onde você está, Son?
O pensamento o acorda quase como uma pontada de adrenalina em seu peito. Em qualquer outra situação, ele mal se preocuparia – Son é um homem adulto e que sabe se cuidar sozinho. Mas ali estão eles, amontoados dentro de um quarto na mansão de Kane, escondidos de qualquer merda que tenha acontecido na noite anterior, quando decidiram invadir o quarto de Hector. Que ideia de merda tinha sido aquela.
Richarlison finalmente abre os olhos e, embora a ardência ainda o incomode, ele os mantém aberto até alcançar o celular na cabeceira, onde é obrigado a fechá-los um pouco enquanto se acostuma com a luz.
05h48. São quase seis da manhã. Em Londres, o sol nasce mais tarde geralmente – uma das coisas que Richarlison demorou a se acostumar quando veio do Brasil. Mesmo assim, o horário o incomoda. Não há nenhuma mensagem de Son, ou alguma ligação. Nada. Apenas o mais profundo e agonizante silêncio.
Sem se dar conta, o brasileiro começa a pensar em tudo o que pode ter acontecido para Son sair da cama – e, possivelmente, da casa – sem avisar a ninguém e, ainda por cima, de madrugada. Ele não tem noção se a invasão no dormitório se espalhou e muito menos se tem a polícia envolvida nisso. Mesmo assim, teria alguma chance de Son ter sido pego? E, se tivesse, por que diabos ele foi sozinho a delegacia? Teria se entregado?
Richarlison respira fundo. Conta até três enquanto disca o número de Son no telefone.
— Atende. — Ele murmura, tão baixo que nem tem certeza se realmente disse algo. — Ah, vamos lá Son...
O telefone toca três vezes, mas Son não o atende. O silêncio do outro lado da linha consegue ser ainda mais ensurdecedor do que o do próprio quarto onde Richarlison está. E, além do mais, agora a cama dele parece tão fria quanto o inverno. O brasileiro mal percebe, mas leva a mão até o travesseiro onde Son deveria estar deitado agora. Ele fecha suas mãos levemente. O travesseiro farfalha, afunda e volta ao normal.
Enquanto isso, o brasileiro encara a tela do seu celular desligada, esperando o nome de Son aparecer no identificador de chamadas. Não aparece, por mais que ele peça quase com todo o seu coração.
Não o leve a mal, Richarlison não é nenhum namorado ciumento. Ou paranoico. Na verdade, ele se considera até mesmo bastante desapegado. É claro, pensa em Son o tempo todo, como agora, por exemplo, mas ele também consegue se concentrar em outras coisas. Como futebol, Claire e suas conversas estranhas com Love. É verdade também que ele tem pensado em Son Heung-min mais do que qualquer coisa nesses últimos dias mas, para Richarlison, isso é apenas um efeito colateral de se estar apaixonado.
Ele sabe muito bem disso, afinal, está oficialmente em pânico.
Son não está ali.
Depois de alguns minutos no escuro, se dividindo entre mortificar seus pensamentos e xingar Son silenciosamente, ele se levanta. Seu corpo abomina o frio quase que instantaneamente em que seus pés o tocam. Ele continua andando, com o celular na mão, pesando quase uma tonelada.
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The Tottenham Court (2son)
FanfictionRicharlison é o novo integrante do time de futebol da Universidade de Tottenham, famosa pelo seus talentosos atletas e por ser a chance de ouro para qualquer um que queira entrar em um time importante em todo o continente europeu. No entanto, o bras...