A DESTRUIÇÃO

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Infelizmente não podemos voltar para casa. — A voz de Frieden se alterou propositalmente enquanto ele encarava de lado o pequeno Hitori com um olhar sanguinário. A parte branca de seu olho estava machada com sangue podre; o seu rosto derretia como manteiga, revelando uma carne morta por dentro.

— Você não é o meu tio... — aquela sensação já dava a certeza. Hitori nunca tinha ouvido falar, sequer sabia a sua aparência ou voz, mas de algum jeito ele já sabia quem era. — Você é... — Se virou para trás para escapar, mas era impossível. Foi pego pelos pés e lançado contra uma árvore. O impacto o fez desmaiar instantaneamente.

O que faço não é errado, criança. — Caminhou calmamente em direção ao corpo do garoto, e então o arrastou pela lama. — Estou aqui apenas para pegar o que é meu.

Mais tarde, naquela noite;

Uma das casas próximas à fronteira é brutalmente atingida por uma intensa bola de fogo, causando a retaliação da estrutura abalada pelo impacto. Os olhos perplexos de todos os habitantes daquele reino vão em direção aos céus, que de tantas esferas flamejantes vindo em sua direção, preenchiam a noite em um tom avermelhado. Aquilo foi mais do que o suficiente para o anúncio que viria logo a seguir.

— Estamos sendo atacados! — Decretou o vigia que se encontrava no topo da muralha, e então o aviso se espalhou rapidamente por todos os outros oficiais de WaterHill, mesmo que já fosse óbvio perante a situação em que se encontravam.

Todas as forças de defesa se mobilizaram em locais previamente coordenados, desenvolvendo segundos depois uma barreira de cinco camadas espessas de gelo sobre todo o céu do reino, o que foi o suficiente para retardar a chuva de fogos. O choque entre os dois poderes desencadeou numa densa neblina por todos os locais de WaterHill, a silhueta dos invasores podia ser vista pela fronteira do reino entre o vapor que lentamente cessava.


— Equipe de ataque! — O chamado trouxe uma grande quantidade de guerreiros, que surgiram diante o general como uma bala. Percebendo a invasão, os soldados que tinham mais afinidade em combates se puseram a enfrentar os invasores que adentraram o reino, enquanto os mais iniciantes escoltavam os civis para longe da batalha.

Juntamente ao avanço dos invasores ao centro do reino, uma nova onda de bolas de fogo surgiu sobre o céu.


— Equipes defensivas, invoquem a defesa outra vez! — Ordenou o general.

— General, as equipes de defesa... — O soldado engoliu a saliva antes de finalizar a terrível notícia. — ...todos foram mortos de uma só vez! — O soldado arregalou os olhos quando notou que o seu estômago foi penetrado por uma longa lâmina, que rapidamente foi retirada, causando o som ecoante do ferro sobre as extremidades de suas entranhas. O general se afastou em um passo, tentando se recobrar ao presenciar a terrível morte de seu parceiro. Antes que pudesse ajudá—lo, sentiu algo frio sobre a sua nuca, e ao olhar para baixo, a ponta de uma adaga revelou que ele também havia sofrido um ataque. Segundos depois, o general também estava morto.


— O que esperar? Um reino fraco, guerreiros fracos. — Apoiou o joelho sobre o chão, e então a atacante puxou a sua adaga cravada na garganta do cadáver jogado no chão, guardando a mesma no bolso interno de seu manto.

— Mantenha o foco. Precisamos acabar com isso até o amanhecer. — Em um rápido movimento com a sua longa espada, o atacante limpou grande parte do sangue que estava na lâmina.

— Espera... Tem alguma coisa vindo para cá! — Ela apontou para um vulto que vinha da direção do castelo.

Antes que pudessem perceber, suas cabeças foram totalmente preenchidas por água; Seus olhos estavam completamente encharcados, portanto não conseguiram ver tão claramente, porém as pupilas que brilhavam em ciano já revelavam quem era a persona que originou o ataque.

Alma BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora