Capítulo 4 - Peter Presunçoso Lewis

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Para minha completa infelicidade, seu celular chamou uma, duas, três vezes, mas Peter atendeu nenhuma delas. Eu, que já não era das pessoas mais equilibradas com situações críticas, estava quase parindo uma criança de tão nervoso.

— Sarah, será que ele não vai me atender? — encarei-a com certa aflição Ela também estava preocupada.

E se ele nunca me atendesse? E se ele não aceitasse? E se eu tivesse demorado muito tempo a ponto dele ter desistido?

— Não sei, Elli, já está muito tarde... — balançou a cabeça.

No entanto, eu não me conformava com isso, já que eram só o quê? Meia noite? Ah, por favor, estava muito cedo!

— Ele é um acompanhante de luxo, não é? — repliquei. — Essa deveria ser uma das horas mais ativas dele — E, assim que me calei, senti uma sensação estranha por imaginar que ele pudesse estar transando com alguém, naquele exato momento, enquanto eu o ligava. Certo, não era algo bom a se pensar.

— Então, se ele não atendeu, é sinal de que está empenhado em seu trabalho. Se é que você me entende — Com uma breve piscadela, finalizou em tom irônico. O pior era que ela poderia estar certa e eu poderia estar atrapalhando o serviço do cara.

Bufei.

E se eu tentasse ligar novamente? E se eu tentasse somente no dia seguinte? Ah não, não e não. Eu era uma pessoa extremamente ansiosa para ter a capacidade de conseguir esperar até amanhã, além do fato de que, cada minuto que se passava, me fazia ter a impressão de que ele desistiria.

— Ah, Sarah, que seja! — me empertiguei. — Vou ligar de novo! Aliás, vou ligar até ele me atender! — disse com determinação e voltei a discar seu número.

Um toque, dois toques, três toques, e o meu corpo já estava apreensivo do dedinho do pé até o último fio de cabelo da cabeça. Contudo, como se eu pudesse ouvir um coro de aleluia soar em meus ouvidos, no quarto toque ele atendeu e eu me tremi inteiro. O frio na barriga que senti era quase como o de uma disfunção intestinal.

— Alô? — Sua voz calma e um tanto quanto curiosa ondulou em meus ouvidos. Provavelmente, estava achando estranho receber uma ligação àquela hora. Mas, ah, qual é? Ele não era um acompanhante de luxo? Com certeza recebia chamados em horários mais impróprios.

— É... — suspirei, porque, sim, meu coração parecia que ia sair pela boca. — É o Pe-Peter? — gaguejei.

— Sim — Mesmo que não estivéssemos cara a cara, eu poderia jurar que seu cenho estava franzido. Essa era hora, e eu precisava desembuchar o quanto antes ou não passaríamos disso. — Quem fala?

— Peter, é o Elliot. Elliot Moore. Do jantar de ontem — tentei controlar o nervosismo, mas eu tinha a certeza de que atropelei letra por letra com essa apresentação.

— Ah, é o Elliot? — ele pareceu surpreso.

— Sim, sou eu — procurei esconder a vergonha e passar uma imagem mais séria e segura de si. Só que isso era quase impossível. — Desculpa se atrapalhei de alguma maneira.

Na verdade, eu queria ter dito "desculpa se atrapalhei uma típica transa sua", mas não falei, claro.

— Tudo bem — replicou como se não se tivesse se importado por eu ter ligado. — Você está precisando de alguma coisa?

— Sim, eu preciso — Meu frio na barriga se tornou ainda mais intenso. Porém, eu precisava abrir o jogo com ele. Dei um breve suspiro e fiz a pergunta de um milhão de dólares, ou melhor, de nove mil dólares por sete meses. — Na verdade, eu gostaria de saber se você ainda está disposto a assinar aquele contrato comigo.

Marido às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora