Meus olhos lutaram para se abrir, quando a claridade do sol atravessou a janela e refletiu diretamente neles. A viagem e a festa um tanto "conturbada" tinham acabado com todas as minhas forças, ao ponto de eu quase não conseguir repor as energias com a noite de sono. Peter e minha família sabiam direitinho como acabar comigo.
Me preparando psicologicamente para levantar e enfrentar o que ainda viria pela frente, tentei me espreguiçar na cama, porém... Notei um peso sobre o meu corpo. Pisquei os olhos cheios de remelas para que eles definitivamente abrissem, talvez a babinha do sono ainda escorresse pela minha boca, e, ainda com sono, baixei o olhar.
Que porra era essa?
Algumas almofadas da barreira de proteção estavam espalhadas pela cama, mas a maioria tinha caído no chão. Uma das minhas pernas estava enroscada a uma das pernas do Peter, enquanto o seu joelho flexionado repousava seguramente sobre o meu... O meu pau!
E o pior: ele estava duro em uma típica ereção matinal minha.
Esse aproveitadorzinho de uma figa não percebeu que tinha passado dos limites da zona de segurança? Ou ele percebeu e, mesmo assim, continuou naquela posição? Ou então... Ele fez de propósito?
— Peter! — dei uma tapa em seu rosto para que ele acordasse.
Não deu dois segundos para que o filho de uma mãe abrisse os olhos todo atordoado. Por um instante, eu quis rir da sua cara de "O mundo está acabando? Fomos atingidos por um asteroide? O apocalipse zumbi já começou?", mas permaneci firme.
— Meu Deus, o que foi?! — perguntou espantado, enquanto esfregava a mão sobre a bochecha, exatamente no local onde eu gentilmente desferi aquele educado e singelo tapinha. Seus olhos só não estavam mais arregalados porque ele parecia ainda estar com sono.
— O que foi?! — repeti sua pergunta, incrédulo por ele ainda fazer esse tipo de questionamento, quando ele claramente estava em cima de mim. Sim, mais uns centímetros e eu poderia tocar a sua boca com a minha.
Sua boca com a minha...
O pensamento ecoou no meu subconsciente, fazendo-me viajar por alguns segundos e... Hãn? Que absurdo! Balancei a cabeça em negativo para mim mesmo e pisquei os olhos repetidas vezes, recobrando a consciência.
— Você ainda não percebeu como nós estamos aqui em cima dessa cama? Quer dizer, você deve ter confundido o colchão comigo!
De imediato, Peter baixou o olhar e... Riu. Soltou a maior gargalhada e maneou a cabeça, enquanto saía de cima de mim. Deus só podia estar querendo me fazer pagar por todos os meus pecados, quando decidiu tornar minha vida uma loucura, depois do visto vencido. Isso se tivesse sido Deus mesmo, porque eu estava já para acreditar que, na verdade, era alguma obra do demônio.
— Elliot, você é muito bobo! — continuou gargalhando, enquanto eu o olhava com cara de tacho. — Acho que nos mexemos durante a noite e, por isso, acordamos desse jeito. Não sei você, mas eu me mexo muito quando estou dormindo — E, então, seu riso foi cessando ao perceber que eu permanecia com minha costumeira cara de poucos amigos. — Eu não sou tão desprezível quanto você pensa. Por favor — desdenhou. — Não fiz isso de propósito. Jamais faria qualquer coisa sem o seu consentimento. Ontem, por exemplo, eu só te beijei na frente de todos, porque vi que você estava permitindo com o olhar.
— Não foi de propósito né, espertinho? Até parece — resmunguei e o empurrei para o lado com nenhuma delicadeza, enquanto me levantava da cama. Caminhei rapidamente até o lugar onde tinha deixado o meu roupão e o vesti.
Saí do quarto sem dizer mais nada e busquei por ar puro, quando alcancei o corredor e as escadas. Aparentemente, Peter me deixava um pouco sem fôlego. E, para ser sincero, eu não gostava desses efeitos que ele causava em mim. Não era para ele ter qualquer efeito sobre mim.
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Marido às Avessas
Romansa[Romance Gay] Elliot, um australiano, morava em Nova Iorque e tinha uma carreira bem sucedida como arquiteto. Entretanto, por um golpe do destino, teve o seu visto norte-americano vencido. Por escolha pessoal, Elliot nunca se casou e, no momento, es...