O sol resolveu aparecer naquela manhã de sábado em Nova Iorque, deixando o dia lindo e bem arejado. Uma ocasião perfeita para fazer um belo piquenique no Central Park e relaxar. No entanto, essa energia agradável não conseguia se sobrepor ao nervosismo que eu estava sentindo. Era o começo do final de semana mais tenebroso da minha vida. Só de pensar em tudo o que podia acontecer, meu coração acelerava, minha barriga dava voltas e minhas pernas ficavam bambas.
Durante a noite, eu praticamente não dormi, virava de um lado para o outro, imaginando como seria tudo quando nós chegássemos à casa dos meus pais. Não seria fácil enfrentar as perguntas, os questionamentos, as insinuações. Por isso, ainda não era nem nove horas da manhã e eu já estava tomando uma taça de vinho.
Na verdade, taça não, uma garrafa mesmo!
Para completar, no dia anterior, eu tinha travado uma batalha ferrenha, ao telefone, com o Peter, sobre quem iria dirigindo até Massachusetts. Depois de muita conversa, de idas e vindas, e de quase o esganar mentalmente, o moreno acabou vencendo. Ele seria o motorista da viagem. Por isso, estava me dando ao luxo de beber todas essas taças de vinho. Quando desliguei o celular, fiquei me perguntando em que lugar do tempo e do espaço estaria escondido o cara agradável e amigável de dois dias atrás, porque aquele que estava batendo o pé para dirigir era o Peter pretensioso e convencido.
O fato era que eu estava rodeado de malas, esperando pela boa vontade do dito cujo em chegar para me buscar. Impaciente talvez não chegasse aos pés da palavra mais apropriada para definir o estado que eu me encontrava, principalmente porque minha mãe já tinha me ligado duas vezes, perguntando se eu já estava chegando, quando, na verdade, ainda nem tinha saído!
Nervosismo mais impaciência só podia dar igual a vinho, claro.
Porém, quando eu estava dando mais um gole no meu fiel e inseparável amigo, senti o celular vibrar. Era uma mensagem do Peter, avisando que estava em frente à minha casa. Finalmente! Peguei algumas malas e pedi ao Sparks para que me ajudasse a descer com restante. Me aproximei do portão e logo o avistei do lado de fora, com o porta malas da BMW aberto, organizando o espaço.
— Você chegou atrasado — disse eu, após parar ao seu lado e colocar todas as malas no chão para que ele colocasse no bagageiro. Era claro que eu não iria perder a oportunidade de dar um leve puxão de orelha pela demora.
— Bom dia para você também, Elliot — respondeu com ironia, enquanto eu lhe devolvia um sorriso igualmente irônico. — E essa quantidade de malas? — questionou, enquanto ajeitava tudo em seu carro. — Nós vamos passar o resto do ano lá?
Era tão inconveniente.
— Eu sou metrossexual e preciso estar sempre prevenido, Peter — me segurei para não revirar os olhos e apenas dei de ombros, caminhando em volta do carro e indo em direção ao banco do passageiro ao lado do motorista.
Sentei-me e fechei a porta, enquanto tentava me concentrar, mesmo que durante poucos minutos, para não ficar ainda mais nervoso com aquela situação de tê-lo que apresentar para minha família. No entanto, quando menos esperei, Peter apareceu de supetão, sentou-se no banco do motorista e perguntou:
— Tudo pronto para irmos?
Ele podia ter completado a frase com "tudo pronto para irmos para o inferno?".
O que eu mais queria, na verdade, era pegar as minhas malinhas e voltar correndo para dentro de casa, mas o que eu tive de responder foi:
— Sim, tudo pronto.
E, tão logo me calei, Peter deu partida no carro, voltando a falar no segundo seguinte:
— É impressão minha ou você está cheirando a vinho, Elliot?
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Marido às Avessas
Romance[Romance Gay] Elliot, um australiano, morava em Nova Iorque e tinha uma carreira bem sucedida como arquiteto. Entretanto, por um golpe do destino, teve o seu visto norte-americano vencido. Por escolha pessoal, Elliot nunca se casou e, no momento, es...