— Elli, qual a dificuldade em beijar o seu noivo, heim?! — Thomas questionou em tom de brincadeira.
Eu queria voar no pescoço dele!
E pior: nenhuma ideia vinha à minha mente de como eu poderia escapar disso.
— Qual é, Peter? — Um dos convidados falou, abrindo os braços, como se dissesse: "E aí? Não vai tomar alguma atitude?". — Beija o seu futuro marido, pô! — finalizou divertido. Todos os que estavam ali próximos riram.
Isso foi o suficiente para que eu gelasse ainda mais. Socorro. Eu não conseguiria fugir. Todos nos observavam com expectativa nos olhos e, se demorássemos mais, iriam começar a achar estranho um casal não querer se beijar.
Respirei fundo e cheguei à conclusão: seria mesmo o jeito dar um beijo no Peter.
Mas, tinha que ser algo rápido, muito rápido!
Assim, me virei para o dito cujo, que continuava a me encarar com uma estúpida diversão, e sussurrei, quase sem abrir a boca, para que ninguém percebesse:
— Anda, Peter... Me beija logo... Beijo rápido...
Pela primeira vez, desde que aquela situação começou, ele olhou para mim com o cenho franzido e um sorriso meio incrédulo. Certamente, não estava acreditando no que eu pedia em sussurro. Parecia tão descrente que custou a agir.
Eu, que já estava sem paciência, não perdi mais tempo. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa e finalmente tomasse a iniciativa, eu mesmo o segurei pelo rosto e o beijei. Tão rápido, mas tão rápido, que talvez nem se as pessoas nunca piscassem os olhos poderiam ver.
Seus lábios encostaram tão depressa nos meus, que mal consegui senti-los. Era exatamente isso o que eu queria! Quando nos separamos, ainda mais rapidamente que aquele beijo no melhor estilo "carro de Fórmula 1", Arthur logo se pronunciou:
— Não! Que beijo mais sem graça! Tem que ser um beijo de verdade!
Mas que merda.
Esse pirralho não podia ficar calado mesmo, não é?
Como se não bastasse ter começado com essa pouca vergonha, ainda exigia que a gente desse um beijão. Ah, faça-me o favor, né? Paciência eu já não tinha mais.
— É isso aí! Não valeu! — Eloisa, minha cunhada, também se manifestou.
O que era aquilo, afinal? Um complô contra a minha sanidade mental?
Aparentemente, todos tinha se reunido com o objetivo de me tirar do sério. Para completar, eu não podia nem externar minha total frustração e raiva. Tinha que manter meu semblante seguro e pleno, ou todos desconfiariam.
Encarei o Peter, na ilusão de que ele pudesse achar uma saída para nos livrar daquilo, mas o ordinário só sabia me observar com um semblante descaradamente safado. Ele estava adorando isso!
— Vamos, Peter! Eu vou ter que ir aí com a Melanie e te ensinar como faz? — Thomas replicou com diversão, fazendo o moreno sorrir para ele. Meu irmão do meio era outro que também não conseguia ficar calado. Tudo isso poderia ser evitado, se a minha família fosse mais normal.
Porém, a realidade que se desenhava frente aos meus olhos era a de que eu não teria escapatória. Todos estavam esperando por um maldito beijo verdadeiro, e, naquele teatro, nós não tínhamos feito aulas de beijos técnicos. Uma verdadeira droga.
Assim, mesmo com um peso no peito, aceitei o golpe do destino e toquei na mão do Peter, para que ele se virasse em minha direção. Não me dei ao trabalho de falar nada, mas meu olhar demonstrou perfeitamente que eu estava, infelizmente, permitindo-o que me beijasse de verdade.
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Marido às Avessas
Romansa[Romance Gay] Elliot, um australiano, morava em Nova Iorque e tinha uma carreira bem sucedida como arquiteto. Entretanto, por um golpe do destino, teve o seu visto norte-americano vencido. Por escolha pessoal, Elliot nunca se casou e, no momento, es...