Capítulo 10 - Os pombinhos

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Depois que terminamos de nos arrumar, Peter e eu descemos juntos até o jardim, onde estava acontecendo a "festinha". Muitas pessoas já estavam lá, mas o que mais me deixava surpreso e admirado era com a capacidade que minha mãe tinha de organizar uma festa impecável em tão pouco tempo. O local estava muito bem decorado: luzes, rosas ornamentais, um enorme tablado para dançar, uma imensa mesa de coquetéis e outra ainda maior de petiscos.

Inúmeras pessoas já estavam dançando, outras conversando, outras bebendo, outras apenas se divertindo, mas, no exato instante que pisamos no jardim, meus irmãos logo puxaram o Peter para onde eles estavam, ou seja, ao lado do balcão de bebidas. O moreno ainda me olhou rapidamente para saber se, de fato, devia ir. Mas, como eu não via muito o que fazer e claramente não tinha cabimento impedi-lo, lhe ofereci apenas um pequeno sorriso com um breve aceno de cabeça, permitindo-o que acompanhasse os meus irmãos.

Ao que parecia, Peter e eles estavam se dando bem mesmo. Eu só não sabia se isso era bom ou ruim. A única coisa que eu pedia aos céus era para que aquele louco se comportasse. Não poderia ser tão difícil manter-se quieto, poderia? Enquanto ele se distanciava de mim, aproveitei meus minutos de liberdade para falar com minha mãe. Ela estava recepcionando alguns dos muitos convidados. Em grande parte, eram vizinhos dos arredores, já que a nossa família mesmo, como meus tios e meus avós, estava na Austrália.

— Mamãe, essa festa de boas-vindas está impecável... Na verdade, parece ser mais que isso — sorri, enquanto olhava em volta, admirado.

Realmente, parecia muito mais que uma simples recepção a mim e ao Peter. A decoração, a organização, o espaço, a quantidade de convidados... Tudo... Tudo me dizia que aquilo poderia ser mais do que boas-vindas. Entretanto, tentei pensar que isso era só coisa da minha cabeça. Mamãe sempre foi extravagante, claro.

— E você está certo, querido! — sorriu de volta para mim. — É mais que uma simples festa de boas-vindas — aproximou-se ainda mais, como se segredasse algo.

— Como assim, mãe? — franzi o cenho, confuso.

Onde ela estava querendo chegar com aquilo?

Eu realmente esperava que não fosse muito longe.

— Ora, como eu bem te conheço, sei que você não fez festa de noivado alguma — deu de ombros, como se fosse a coisa mais óbvio do mundo. — Então, organizei essa festa pensando em uma oficialização do seu noivado!

Quê?

— Ma-Mamãe, não precisava se preocupar com isso... — Até gaguejei um pouco, com os olhos levemente arregalados.

Repentinamente, senti uma pontinha de tristeza por saber que meu relacionamento não passava de um fingimento e que minha família estava sendo enganada. Ela organizou uma festa de verdade para um casal de mentira. Eu iria para o inferno, certeza.

— Filho, aproveite! — disse entusiasmada, quase me chacoalhando. — A noite é sua e do Peter! — me deu uma piscadela, fazendo-me sorrir um pouco desconcertado, e logo virou para lado, chamando minha atenção. — Olha, filho! — apontou para alguém. — Suas amigas Alex e Danna!

Ah, eu não podia acreditar...! As primeiras amigas que fiz quando cheguei aos Estados Unidos!

Se em um instante estava desapontado comigo mesmo por estar vivendo uma mentira, no segundo seguinte, quando as vi, me enchi de alegria. Era tão inacreditável vê-las ali que, por minuto, até me esqueci daquela farsa absurda. Eu só sabia sorrir feito bobo, e quase não piscava os olhos. Foi preciso mamãe me dar um leve empurrão para eu me acordar.

— Vai lá, filho!

Sem pensar duas vezes, praticamente corri em direção às duas com um largo sorriso. Elas estavam tão felizes quanto eu. Tão lindas, como sempre!

Marido às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora