Capítulo 18 - O fatídico casamento

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O jardim era imenso e decorado. Havia um tapete vermelho, ladeado por arranjos de rosas ornamentais, que guiava até a capela. Lá estava o Peter, parado e de pé, com um largo sorriso no rosto. Suas íris emocionadas faziam as minhas se tornarem úmidas também. Eu sentia uma inexplicável sensação de paz, de alívio e de sonho realizado, ao olhar para ele.

Meus amigos e familiares, de pés e dispostos nas laterais do caminho trilhado pelo tapete e pelas rosas, me observavam com extrema felicidade, enquanto eu, vestindo um blazer cor creme, fazia o meu percurso e passava por eles. Uma felicidade contagiante e sem igual emanava de cada pessoa, ao ponto de eu quase querer explodir em pura satisfação.

À medida que eu me aproximava do Peter, o seu sorriso aumentava, assim como a sua emoção também. Tão lindo. Tão absurdamente lindo. Meu homem, meu noivo, meu marido. Eu sentia o meu coração acelerar mais e mais, a cada passo dado. Lágrimas de alegria começaram a escorrer involuntariamente pelos meus olhos, até que, de repente, o tempo limpo e ensolarado, daquele jardim, mudou.

Pingos d'água desceram do céu gradativamente, ao passo que nuvens pesadas, ventanias, relâmpagos e trovões se instalaram sobre o local.

Subitamente, uma mão me puxou. Quando, confuso, virei o meu rosto, era ninguém mais, ninguém menos, que o Collins, me dizendo que eu seria deportado naquele momento. Foi aí que todo o meu sistema nervoso entrou em ação. Não, não, não! Isso não podia estar acontecendo! Tentei me soltar, mas o Chefe do Departamento de Imigração continuava me segurando firmemente.

Ao meu redor, todos tinham sumido, exceto o Peter, que me observava com expressiva preocupação. Uma preocupação que saltava dos seus olhos, ao ponto de o fazer correr. E ele realmente começou a correr em minha direção. Mas, Collins continuava me puxando de volta à Austrália e o Peter nunca chegava.

Eu estava desesperado. Eu não queria ser deportado. Eu não queria ir embora.

As lágrimas, outrora de felicidade, agora desciam como uma cachoeira escura e densa de puro pavor, até que, de súbito, ouvi uma voz, ao longe, chamar pelo meu nome. Uma voz que não era do Collins, nem do Peter, mas que era conhecida. Uma voz que fez eu me inquietar e me debater ainda mais, para me soltar daquelas mãos.

A voz da minha mãe!

Em um pulo, abri os olhos, completamente aturdido e desnorteado. Dei de cara exatamente com ela, me chacoalhando poderosamente.

— Elliot? Filho, nossa...! — ela franziu o cenho para mim, enquanto parecia estudar cada milímetro do meu rosto, como se eu tivesse três cabeças em cima do pescoço. — O que aconteceu com você? Faz meia hora que te chamo.

Com dificuldade, me levantei. Eu estava zonzo. Não fazia ideia das horas, nem de que dia era. E... Merda! Que dor de cabeça infernal! Parecia que o meu cérebro estava inchado. Latejava. Tudo latejava em mim.

— Onde eu estou, mãe? — Com a voz arrastada pela enxaqueca, morrendo de sono e de vontade de continuar dormindo, perguntei.

— No chão do banheiro do seu quarto — De pronto, respondeu. — Dormiu a noite toda aqui? — enrugou a testa novamente. — Nossa, você está acabado...!

Poxa, obrigado, mãe.

— Acho que sim... Eu não lembro que horas eu vim parar no banheiro — Na verdade, eu não me lembrava de muita coisa do dia anterior. — Será que eu posso me deitar mais um pouco? — Os olhos pesando, a cabeça pendendo para trás.

— Claro que não! — exclamou. — Já é meio dia. O seu casamento está marcado para as duas da tarde! Precisa tomar banho, se aprontar, comer alguma coisa. Seu pai e seus irmãos já me ligaram e me avisaram que estão chegando.

Marido às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora