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Entre os mais velhos, sobretudo as mulheres, o silêncio predominava, todos comiam uma gororoba sem nenhum valor nutricional evitando falar muito, afinal as condições em que estavam não era digna de comemoração.

A maior parte dos seres humanos, apesar de não serem exatamente tratados como espera-se tratar tal espécie, tinham olhares cansados e desgastados, excluindo o animado Wangnan, que encarava com animação o novo colega de cabelos castanhos, que por sua vez parecia desolado. E vale a pena ressaltar outras exceções, como a novata de olhos flamejantes, sentada à algumas mesas de distâncias, e os garotos mais jovens, que nem faziam parecer estarem em um porão sujo esperando pelo momento em que seriam tratados como menos que objetos descartáveis.

O horário da refeição, que tinha a intenção de ser o almoço, acabou tão brevemente quanto se iniciou; alguns funcionários impacientes gritaram, como só sabiam fazer, para que todos se retirassem, alguns foram selecionados para cuidar da higiene do subsolo, ou seja lavar pratos e buscar não deixar os quartos virassem um ninho de doenças, ao menos não um foco de doenças virais e bacterianas, pois mentais era bastante difícil de se conseguir. Os outros subiram ao salão principal, e foram designados a lustrar o piso e deixar todos os sofás de couro reluzentes. Ainda teve aqueles que subiram os três andares acima da altura da rua, eles foram ordenados a perfumarem os quartos e trocarem os lençóis das camas de luxo, assim como limparem as banheiras das suítes.

Baam, apesar do aperto no peito, o medo e o estresse que sentia, limpava a bancada de mármore, onde o bartender trabalhava, satisfeito, sentia que poderia se adaptar a viver por ali, parecia ser um trabalho do qual suportava; sabia que sentiria falta da loira que cuidou de si e de seus encontros com Khun, mas ainda sim, aquela condição da qual foi submetido não parecia tão ruim quanto todos faziam parecer ser dentro do caminhão.

Um dos serviçais, trajado com uma camisa azul que marcava seu peitoral largo, chamou o novato de olhos âmbar, com o mesmo carinho que se mata um porco na fazenda na véspera de natal.

Ele o guiou até uma porta aos fundos do estabelecimento, e por de trás dela, em um escritório bem decorado e com o clima agradável devido ao climatizador e as cores frias que encontravam-se na tinta da parede, a jovem de cabelos azuis com uma franja curta na altura da sobrancelha e com fios que alcançavam a cintura, estava de pé o aguardando.

—Entre. —ordenou, e o jovem, apreensivo, obedeceu-a. —Feche a porta e pode sair. —ela referiu-se ao maior, que assentiu educadamente com a cabeça e fez como ela disse.

A azulada passou a olhar com cuidado na "peça" que comprara outra noite. Rodeou-o, causando calafrios no moreno.

—Rachel me disse que você é muito obediente. —a senhora vestida com um terno chique falou despretensiosamente. —Além de ser muito ingênuo. —completou. —Ela me indicou que eu o trate como uma criancinha. —ela encarou o outro nos olhos de maneira ameaçadora. —Realmente precisarei fazer dessa forma? —o garoto não teve certeza se a questão foi retórica ou genuinamente uma pergunta, mas por via das dúvidas acenou a cabeça negando. —Bem... Agora eu sou sua dona. —Baam não podia aceitar isso, ainda sim, assentiu silenciosamente, pois não precisa-se de tanta experiência para entender que negar as ordens da mulher colocava sua segurança em risco. —Me obedeça direitinho. —disse sádica. —As regras desta casa você aprenderá com o tempo, mas por enquanto quero que entenda o que vai ocorrer hoje. Mais tarde você, assim como todos os outros, você deverá se arrumar, pergunte para alguém, eles te explicarão mais detalhadamente, e depois tu irás subir para um quarto, ficará lá esperando os clientes e irá satisfazê-los com tudo que tem, entendeu? —ele respondeu gestualmente, por isso ela teve de repetir mais uma vez com a voz séria e autoritária. —Entendeu?

—Sim. —ele disse, ainda que fosse em partes mentira, sabia o que aquelas palavras significavam, mas não agrupadas daquela maneira, especialmente naquela circunstância, e proferidas diretamente para ele.

—Ah, sim. —ela disse no instante em que se lembrou. —Aquela regra que Rachel tinha falado, de que você não deve ser tocado, ela não existe mais, ou seja, deixe com que os clientes te toque, certo? —um breve silêncio predominou, Maria com seu pavio curto ergueu um de seus supercílios e manteve um contato visual ameaçador, sendo assim desta vez ela não precisou repetir.

—Sim. —ele falou mais uma vez, Baam acreditou que se precisasse falar mais do que está simples e curta palavra engasgaria com sua própria voz de tanto nervoso.

—Então pode se retirar. —ela finalizou dando as costas ao menino.

Ele, por sua vez, saiu rapidamente e fechou a porta com cuidado para evitar um som alto e desconfortável.

O diálogo, se é que poderia ser chamado desta maneira, pareceu breve pelas poucas falas, mas foi tempo o bastante para todo o salão estar um brinco, assim como todos os outros andares; sendo assim, todas aquelas almas choronas que habitavam as cascas trabalhadoras daquele bordel foram movidas para os banheiro, que assemelhava-se a um camarim, ainda que sem luxo ou higiene.

A separação existia entre sexos, mas não entre idades, sendo assim o local apertado ficava menor ainda com todos os garotos buscando um chuveiro para molharem-se.

Baam não tinha pressa, assim como alguns senhores mais velhos e Wangnan, que em alguns minutos de espera conseguiram um lugar também.

O novato estava com o rosto em chamas de vergonha por nunca ter se banhado na frente de tantas outras pessoas, na realidade na frente de ninguém.

Em seguida vestiu-se com trajes que tinham lhe sido entregues anteriormente; de roupa íntima, uma peça vermelha e até mesmo rendada, um exemplar que ele ainda não tinha visto nada parecido, e uma simples túnica preta.

Quase todos os outros estavam com roupas semelhantes, ainda que as cuecas variassem em modelo e material, alguns tivessem peças a mais ou outros acessórios.

Por fim, o loiro de vinte anos ofereceu-se para auxiliar o moreno na última etapa.

—Senta aqui. —ele falou próximo a um balde de tinta que era usado como banco próximo a penteadeira. —Vamos pentear seu cabelo e fazer uma maquiagem rapidinha.

—Tá bom. —acomodou-se no objeto improvisado.

Wangnan passou rapidamente a escova de cabelo, faltando algumas cerdas, pelos fios curtos e castanhos, em seguida cobriu com um pouco de corretivo as olheiras do maior e com o dedo mindinho adicionou um pouco de blush nas bochechas e liptint nos lábios do colega.

—Está ótimo para você. —falou sorridente. —Você é mesmo bonito, não precisa passar muita coisa.

—Obrigado. —levantou-se tímido, não sabia exatamente como reagir a elogios.

O loiro arrumou-se de maneira semelhante.

Não demorou muito tempo para os jovens serem chamados para seus postos, todos passaram a se espalharem pelo salão, e somente Baam foi levado a melhor suíte do estabelecimento.

Foi ordenado que ele ficasse ali dentro até um cliente chegar, sendo assim ele deitou-se na cama redonda e macia, com lençóis de seda vermelho e branco, apesar de este segundo continuar em tons rosés pela existência de leds rubros.

O estômago do menino revirava em ansiedade, temia o que vinha a seguir, e provavelmente todos concordam que deveria temer mesmo.

Eu Vou Te Salvar-{Khun x Baam}Onde histórias criam vida. Descubra agora