Eu Vou Te Salvar-{Khun x Baam}

015

Baam rastejava-se pelos tubos de ventilação com cautela, seguindo exatamente as ordens solicitadas pelo seu "raptor" ou salvador, variando da óptica.

Trocaram seus lugares, sendo que o azulado seguiu guiando-os, até ir de encontro com a grade, anunciando o final daquele percurso.

Com maestria pressionou sua atual aliada, a chave de fenda, contra o metal, até os parafusos mal colocados afrouxaram um pouco, e assim ele conseguiu, com um trabalho de alguns minutos, desaparafusar e retirar o empecilho do caminho.

Estavam em uma parte alta, e isso complicava a descida do maior, que já não era mais tão atlético quanto em seus tempos vivendo no bordel. Conseguiu chegar ao piso branco fazendo uma espécie de parada de mão, enquanto o peito de seus pés continuavam fixos no interior do tubo de inox, no processo acabou escorregando e caindo, por sorte, não fez muito barulho, apesar de que mesmo que fizesse não seria escutado devido à música alta que tocava onde todos os outros estavam, além disso, aquele ambiente em questão não tinha nada ao redor, o qual pudesse ter sido bagunçado com a presença deles, e para completar a análise que o próprio Khun fazia da situação, nenhuma parte de sua fantasia caiu pelo local.

—Senhor —o moreno principiou a dizer, mas logo foi interrompido.

—Não, —aquele que se levantava falou intervindo o outro, —não diga meu nome, ninguém pode ouvir. —explicou.

—Tem razão. —aceitou com facilidade.

Neste ponto, apesar da possibilidade de alguém ouvir serem mínimas, ainda podia existir, e esse era um risco facilmente evitável, o qual não faria questão alguma de correr.

—Agora eu vou te ajudar a descer, tá bom? —Aguero logo em seguida abriu os braços esperando que o outro viesse até si. E assim foi feito, o de cabelos pintados segurou o outro no colo brevemente, tarefa fácil, pois este estava magérrimo, e logo depois colocou-o de pé no chão. —Tudo bem?

—Sim. —respondeu sorridente, o que fazia Agnis ficar admirado, não entendia como ele conseguia permanecer positivo mesmo depois de tudo que passara.

Caminharam até uma portinha branca, que apesar de estar trancada a chave era de fácil acesso para aqueles que conheciam o local, pois ficava escondida em uma "passagem secreta" na parede, porque dessa forma, qualquer funcionário do local conseguiria efetuar o trabalho do qual aquela sala era designada.

Ao utilizar os seus conhecimentos o garoto suspirou aliviado por sua irmã seguir aquele ditado "não se mexe em time que está ganhando" à risca, pois dessa forma tudo seguia como planejado, se esta parte em questão estivesse diferente tudo iria por água abaixo.

Devolveu o item a região secreta após ter destravado a saída, o líder checou os arredores com o olhar, não tinha ninguém, aquela área era incrivelmente deserta, e não era atoa, tinha sido meticulosamente escolhida por Maria, afinal era por aquela porta que entrava os prostitutos rapidados, a forma que isso acontecia era tão ilegal que nenhum tipo de registro poderia existir sobre o assunto.

Os homens foram para a rua, o Khun segurou na mão do outro e pediu sua confiança, por conseguinte passou a arrastá-lo pelo quarteirão, enquanto mantinha-se em alerta a estranhos, fumaças saiam de suas bocas devido ao frio da rua, que congelava ambos, não agasalhados o bastante.

Chegaram em uma quadra também sem vigilância de câmera alguma, onde existia um carro sem placa e de vidros escuros, comprado de forma ilegal, com documentos falsos de um ferro velho somente de itens roubados.

Aguero abriu a porta do banco de passageiro e em seguida foi para o assento de motorista, deu partida no carro e seguiu dirigindo por caminhos estranhos, ruas apertadas, partes com paralelepípedos ao invés de asfalto, mas com a garantia de que não tinha fiscalização.

—Seria bom se tivesse rádio no carro, né? —quebrou o silêncio para deixar o ambiente mais confortável.

—Assim está bom. —respondeu delicado. —Sabe... —foi quem falou primeiro após um curto período de ausência de som. —Eu estou muito feliz por você ter vindo me socorrer. —o de olhos azuis encarou o falante pela quina de sua visão periférica evitando tirar a concentração do trânsito, e mordeu o lábio inferior, contendo mais uma vez as lágrimas, que de maneira incontrolável acumulavam-se nos cantinhos da linha d'água.

Ele sabia que tinha feito a escolha certa, pois, por mais egoísta que fosse, sentiu que uma parte sua tinha retornado, era como se ao menos um machucado aberto e inflamado tivesse ganhado algum alívio. Seu "eu" do passado, espelhado no garoto, estava sendo reconfortado e era dolorosamente gratificante.

—Obrigado. —o moreno completou.

—Não precisa me agradecer, eu fico feliz em fazer isso. —falou, contendo seu tom emotivo.

—Khun, —chamou-o sem nenhum pronome de tratamento, —eu realmente estou muito grato, deixa eu pelo menos te agradecer.

—Certo, tudo bem. —sorriu levemente percebendo que apesar dos pesares sabia que nunca foi e nunca seria tão adorável quanto o outro, e nem mesmo a pessoa que um dia foi e poderia, em um contexto alternativo, ter sido salva não agiria tão docemente quanto o de olhos âmbar.

Concluindo a parte do transporte com aquele veículo, o automóvel foi estacionado em uma planície não tão afastada da cidade, mas que mesmo assim ainda não tinha muitas residências por ali, não existia árvores, nem postes de iluminação, nem nada, era um campo aberto, o lugar perfeito para despachar algo ilegal, ao menos foi isso que foi previamente planejado.

Foram até o camburão da fiorino, onde tinha-se algumas mudas de roupa, Khun pegou um moletom marrom e uma calça de tecido macio, em seguida foi para a frente do carro vestir-se rapidamente, receoso de estar sendo observado, mas era mais por hábito de estar sempre em alerta do que por uma ameaça real; enquanto isso deixava que o outro dentro da parte de trás do carro com espaço e conforto para se trocar.

Para este, tinha-se uma calça de moletom preta, e um casaco vermelho do mesmo tecido, além de blusa de lã, tênis modelo jordan e meias de cano médio. O outfit como um todo promovia conforto e era aquecido o bastante para aguentar o restante da jornada, que estava quase próxima de seu fim.