O som da água corrente preenchia seus ouvidos, mas não tomava conta de seus pensamentos conturbados, que estavam loucos àquela hora. Simplesmente só conseguia pensar no que ouviu e viu sobre Madara naquela reunião, que acabou se encerrando rápido após algum esclarecimento da missão que acabou aceitando. Depois havia caminhado um pouco pelo prédio, dispensando o tio e seguindo sozinho até a parte mais bonita de todos aqueles andares.
A área turística e botânica construída por prinkyles — fadas da floresta do sul que adoravam a umidade — era realmente a mais atrativa do local, era totalmente constituído de galhos e ramos nas paredes, com plantas e árvores espalhadas estrategicamente pelo espaço, com uma preciosa fonte de água cristalina construída com porcelanato branco e ouro. Ela era gigante, e era também a fonte de atração para os olhos negros de Izuna, que permanecia parado com os braços para trás sem prestar atenção ao grande movimento que ocorria ao redor.
Madara numa rebelião contra Voltaire... Nunca pensou que algum dia ele faria parte disto. Se lembrava de seus ideais revolucionários e acelerados para os pensamentos retrógrados do conselho e do governo do reino, sobre seus olhares e falas que estimulavam algum tipo de melhoria para a condição de Malkyn, que mesmo sendo completamente vagos em suas recordações, pareciam extremamente vivos em sua mente agora.
Ele era o que poderia chamar de um "justiceiro passivo", sempre querendo a igualdade e paz, o melhor dos mundos, a utopia da humanidade. E por mais que não fosse tão passivo assim agora, ainda poderia repetir que ele seria um bom político se soubesse mentir para conseguir o que quer, sendo que agora — e sempre — estava usando seus punhos para a mudança.
— Uma moeda pelos seus pensamentos.
Tendo seus pensamentos cortados, tirou os olhos do reflexo da água da fonte, observando de canto de olho o filho de Benedict ao seu lado lhe encarando com um sorriso discreto e simples.
— Só estava admirando a fonte, Oliver. — disse, fazendo ele alongar o sorriso
— É sobre seu irmão. — afirmou, como se tivesse certeza, e na verdade, tinha — Percebi seu nervosismo na sala do conselho.
— Estava me observando por acaso? — indagou ao apertar a mandíbula, nervoso por ter sido tão óbvio
— Eu sempre estou observando você, Izuna. — ele se aproximou, encostando os ombros e desviando o olhar para a fonte também — Você sabe disso.
Ficou em silêncio por um tempo, não conseguindo pensar em nada direito enquanto sentia a mão dele espalmar em sua cintura com delicadeza e discrição, não querendo chamar atenção no meio de tanta gente.
— O que você quer tanto? — perguntou sem paciência, arrancando um leve riso dele
Como sempre suspeitava, era louco como o pai.
— Poderia te dar uma carona?
×××
Aquilo não era só uma carona, sabia disso. O trajeto na carruagem real e cara dele foi feita toda em silêncio, cada um observando o rosto alheio, um com o costumeiro sorriso pequeno e o outro com neutralidade de uma rocha, sem paciência para colocar o leve sorriso que carregava para o público em dias normais. Mesmo que Oliver não fosse algum tipo de público comum.
Ele era completamente estranho.
Quando chegaram em sua mansão, ao sair da carruagem iria começar a se despedir, contudo, não foi nenhuma surpresa quando o loiro saltou de seu transporte logo atrás de si, parando ao seu lado e observando a fachada gótica de sua moradia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Rebelião (TobiIzu)
FanfictionO reino de Voltaire sempre foi o mais belo, o mais rico e o mais desenvolvido. O sonho de todos os jovens era conseguir algum lugar na Academia Educacional; o dos adultos algum lugar em suas ruas limpas; o das crianças conseguir ir ao parque central...