III

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A única coisa que Izuna tinha em mente era uma grande confusão de pensamentos misturados, alguns que o perturbavam fortemente. Por um lado, seu pai havia mostrado resultados positivos quanto ao novo tratamento que havia sido implantado pelos médicos; além de que havia visto Tetsuya e Kagami antes de partir em sua missão, o que de certa forma levantou seu astral. Mesmo assim, a maior persistência era de seus pensamentos ruins, que estavam presentes como nunca.

Seu tio iria continuar a cuidar do clã sozinho enquanto estava cuidando das coisas em Malkyn, o que de certa forma lhe preocupava. Não que não confiasse nas habilidades de seu tio, só que talvez ele ficasse sobrecarregado com tantas obrigações, e se preocupava que isso afetasse sua saúde de alguma forma. Outra coisa que estava lhe tirando os nervos era a pressão do conselho sobre si, parecia que cada coisa que fizesse eles estavam lá para criticar ou falar qualquer coisa sobre sua missão. Aquilo era uma grande humilhação. E por fim, o seu estresse presente, que estava bem ao seu lado, andando com o peito estufado e encarando o caminho com neutralidade que o irritava.

Tobirama parecia mais uma rocha do que um ser humano, só tinha o mesmo rosto e só falava quando era nescessário. Até agora só tinha ouvido a voz dele duas vezes, mesmo que sempre tenha tentado puxar algum assunto sobre a missão. Não gostava de falar muito, mas do jeito que estava pelo menos tinha que estabelecer um pequeno vínculo para ele virar um "conhecido", pois para si, Tobirama ainda era um completo estranho. Um estranho que parecia mudo.

Suspirou quando chegaram até a ponte que ligava ambas as cidades, conseguindo enxergar as luzes escassas de Malkyn e o mínimo movimento na entrada da colônia. Precisava manter a calma e o alto-astral que ainda residia em seu corpo. Seu estresse poderia o levar a fazer coisas que iriam os prejudicar. Só precisava manter a calma até chegarem ao ponto que os conselheiros indicaram a ambos, ao qual eles disseram ser a casa onde ficariam naquele meio tempo. Lá tinha suprimentos, remédios e outras coisas básicas que precisariam enquanto ainda estivessem investigando a rebelião.

De repente, pouco antes de chegarem até a fronteira de entrada à Malkyn, sentiu algo o segurar no lugar e um peso invasivo em seu ombro. Fez uma leve careta e encarou o Senju, que ainda olhava para a frente, mas aproximava o rosto do seu para que entendesse seus sussurros.

— O que está fazendo? — perguntou, desconfortável com a aproximação excessiva dele

— Eu sei onde fica o lugar que ficaremos, mas é um pouco longe da entrada. — ele disse, não parecendo ligar para suas palavras e nem suas tentativas de afastamento, sempre puxando seu ombro novamente para que lhe escutasse — Você não pode se afastar de mim. Não tire o capuz por nada e sempre fique de cabeça baixa. Não diga nada para não arranjarmos problemas. E se alguém vier falar com você, eu posso cuidar disso.

— Eu sei me cuidar sozinho, não preciso de você. — disse entre-dentes, ainda tentando o afastar

— Se você falar com alguém de lá assim vai ser morto no mesmo minuto. Você é um homem impulsivo, então pelo menos tente se controlar desta vez.

Quando ele o soltou, se afastou o suficiente, o olhando com ira. Não gostava nada do tom com o qual ele falava consigo, e mesmo que o Senju estivesse com toda a razão, a única coisa com a qual realmente prestou atenção foi a raiva que cresceu dentro de si, e agora, um novo rancor por ele.

— Eu não preciso que fique me falando isso, você não sabe nada sobre mim! — murmurou, sentindo o rosto quase avermelhar de raiva enquanto ele continuava com a expressão intocada, parecendo não dar a mínima para suas palavras — A única coisa que você precisa fazer é indicar onde fica a maldita casa. Eu não iria conversar com ninguém de qualquer forma.

Não deixou ele responder, saindo dali vermelho de tanto ódio que sentia naquele momento. Aquilo não poderia ser pior, agora sim o seu bom-humor — ou pelo menos uma tentativa dele — foi por água abaixo, e provavelmente não o recuperaria nem em dois dias, principalmente agora que iria ter que ficar, passar e dormir no mesmo teto que ele. Mesmo que agora estivesse andando com pressa, já atravessando os portões enferrujados da entrada da colônia, Tobirama logo o alcançou, andando ao seu lado até que se acalmasse um pouco mais, deixando que ele fosse na frente para assim deixar claro o caminho até a residência onde ficariam.

A Rebelião (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora