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O dia amanheceu, parecendo pior do que ontem. Quando Izuna acordou, ouviu o chirriar característico de Inaiê, e a voz de Tobirama conversando alguma coisa com ela, a qual não prestou atenção. Se sentou sobre a cama, pondo a mão sobre a cabeça e sentindo o corpo quente, mas não febril.

Aquele era o dia onde se encontraria novamente com Mira, e finalmente conseguiria sanar a curiosidade que crescia desde a conversa de ambos na Pândega Dourada. Também já fazia dois dias desde que havia brigado com o Senju, coisa que acarretou em um dia de completo silêncio e ações ignoradas por ambos os lados — por mais que o albino ainda estivesse agindo da mesma forma de sempre.

Estava com raiva dele, e o rancor sobre sua pessoa só aumentou. Talvez ambos estivessem muito estressados naquela noite, ou então fosse só a adrenalina da briga de bar que havia acontecido minutos antes. Sinceramente não sabia, e não dava a mínima. Aquele discurso idiota dele ainda estava cravado em seu coração como crostas de um navio em alto mar, que não conseguiam ser retiradas nem com a faca mais dura ou ondas mais fortes. Sentia e ouvia a dureza ecoando em seus ouvidos desde aquela noite, ditando todas as palavras de uma forma tão convicta que realmente lhe fez pensar sobre aquilo.

De fato, ele havia dito a verdade, por mais que ela tivesse sido muito dura para conseguir a engolir na hora. Ele dizendo que não se importava com o povo de Malkyn lhe fez se sentir culpado por um tempo, antes de tentar esquecer aquilo. Não deveria ficar pensando naquilo quando uma mulher da rebelião o havia convidado para algo que parecia ser importante.

Somente saiu de seus devaneios quando sentiu algo cutucar o seu ombro. Virou o rosto e observou a expressão exclusiva do maior, que lhe estendia alguma coisa.

— São cartas de Voltaire. — ele esclareceu — Para você.

Franziu o cenho e segurou ambos os envelopes, erguendo as sobrancelhas com surpresa ao ver que uma delas vinha de Oliver Bellini. Por um instante observou o olhar atento de Tobirama antes de ele se retirar do quarto, aparentemente segurando uma ou duas cartas também.

Viu que a segunda era de sua família, e decidiu abrir aquela primeiro, deixando a de Oliver um pouco de lado. Abriu-a com rapidez, e na mesma velocidade leu sua extensão, sorrindo quando viu que o tratamento novo de seu pai estava dando certo, e que fazia noites que não dava mais nenhum sinal negativo. Sua mãe também havia escrito, perguntando como estava indo a missão, e se havia se machucado, dizendo que o tio estava meio ocupado e não pôde escrever desta vez. Também disse que enviaria mais cartas, o que deixou uma face alegre no Uchiha, que não sorria verdadeiramente desde que havia partido naquela missão. Conseguia facilmente ouvir suas palavras saindo do papel, como se ela estivesse do seu lado, ditando enquanto escrevia. A amava tanto, sua preocupação era de deixar seu coração amolecer como nunca, assim como fazia seus pensamentos ruins desaparecerem.

Decidiu deixar a carta de Oliver para abrir depois. Primeiro viria a resposta de sua mãe.

Pegou um lápis e seu bloco de anotações, mas franziu o cenho ao ver que ele era muito pequeno. Não trouxe papel para cartas pois não achava que poderia as enviar, mas agora, com Inaiê ao seu dispor, poderiam transferir quantas cartas quiser. Contudo, ainda tinha o problema do papel.

Apertou os olhos e decidiu passar um pouco por cima de seu orgulho por um instante. Era por sua mãe. Faria qualquer coisa por ela.

Saiu do quarto e encarou Tobirama que estava no sofá, aparentemente lendo alguma carta que havia chegado para ele. Apareceu à sua frente, parecendo o surpreender levemente. Talvez tenha surpreendido até a si mesmo.

— O que foi, Uchiha?

Odiava quando ele falava seu nome daquele jeito. Preferia que lhe chamasse de Izuna.

A Rebelião (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora