— Você vai mesmo? — Tobirama perguntou no momento que o viu passar pela sala, já arrumado com proteções e armas, mesmo que não fosse precisar
O Senju estava lavando a louça, mas parou ao vê-lo colocar o pé sobre a cadeira para conseguir encaixar uma adaga em sua bota e cobrí-la com a calça de couro. Coisas pontudas como aquela estavam distribuídas pelas suas vestimentas, e por isso e outros motivos não entendia o porquê do albino estar tão preocupado. Porém, de certa forma gostava daquilo, pois sabia que tinha pelo menos o mínimo de importância para ele.
— Tenho que ir. — deu de ombros com um pequeno sorriso — Sabe disso.
O maior desviou o olhar, concordando silenciosamente. Izuna se aproximou e lhe deu um rápido beijo, como se fosse uma consolação, pondo a mão em sua cintura.
— Jura que não vai se machucar? — ele falou de repente, quase fazendo o Uchiha rir com sua expressão, que mais parecia a de um cachorro abandonado ou mimado do que com um homem aflito
— Juro. — afirmou, lhe dando outro beijo — Posso voltar com um ou dois arranhões, mas não acredito que eu vá mesmo participar, só se eles precisarem muito de mim.
Tobirama assentiu com uma expressão desgostosa, mas não lhe impediu de fazer nada. O Senju segurou seu rosto e deu um selinho em seus lábios, apenas para completar com um simples beijo em sua testa. Ele sorriu largo, provocando Izuna a fazer o mesmo, e ficaram se encarando feito idiotas até o Uchiha começar a sentir vergonha e se afastar lentamente, começando a ir em direção à porta.
— Não se preocupe comigo. — disse para ele, sabendo que o albino não havia se contentado só com uma promessa. Achava que ele estava se preocupando atoa, já que as manifestações da Rebelião foram sempre pacíficas na medida do possível, não via o menor perigo naquilo — Voltarei em breve.
Com isso, saiu de casa, observando o céu começar a ficar nublado, mas já estava esperando por isso, então cobriu a cabeça com a capa impermeável que havia trazido, indo com passos lentos até a direção que o maior havia lhe indicado anteriormente, caminhando em direção à ponte entre Malkyn e Voltaire.
×××
Tobirama estava sem sono, nem fome. Estava apenas residindo no sofá com algo em suas mãos e Inaiê se apoiando em suas costas. Estranhamente, não recebeu nenhuma carta do conselho semana passada. Deveria estar pensando sobre isso e as possibilidades do motivo para os conselheiros não estarem enchendo o saco de novo, porém, estava no mundo das nuvens desde ontem, quando Izuna voltou encharcado e quase doente, e quando contou tudo que viu na Arena naquele dia. No primeiro momento realmente não acreditou no que o Uchiha havia dito, até porque, Hashirama era seu doce irmão mais velho, a quem lembrava que não poderia fazer mal a uma mosca quando eram adolescentes, e simplesmente não conseguia o ver como líder de uma revolução quase radical. Mas teve de aceitar a verdade enquanto olhava nos olhos do moreno, sabendo que ele nunca mentiria para si, até porque sabia o quanto o assunto de seus irmãos era delicado.
A fotografia em suas mãos estava manchada de ferrugem e sujeira por estar sempre guardada no fundo de seu bolso. Era velha, mas ainda conseguia lembrar daquele dia com perfeição. Foi tirada quatro meses depois que seu pai foi morto, por uma abordagem errada para a pessoa errada na hora errada. Já não tinham sua mãe, que havia falecido no nascimento de Itama. Era um gravidez de risco, então já esperavam que poderia acontecer algo do tipo. Ainda que seu pai a tentasse convencer a não ter a criança, ela não quis de forma alguma, disse que preferia morrer a fazer isso com algum de seus futuros filhos. E assim foi. Ela não sobreviveu afinal, foi uma época horrível para a família. Seis anos depois, quando já tinha treze anos, o pai acabou falecendo. Por um mês, viveram sozinhos e na sujeira, no luto e na fome para conseguir guardar o pouco de comida que restava. Até que Hashirama começou a trabalhar aos dezessete, quando conseguiu terminar os estudos. Passaram fome por um tempo, dia sim dia não, já que o salário de um jovem recentemente empregado não era grande coisa, principalmente para quatro bocas famintas.
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A Rebelião (TobiIzu)
FanfictionO reino de Voltaire sempre foi o mais belo, o mais rico e o mais desenvolvido. O sonho de todos os jovens era conseguir algum lugar na Academia Educacional; o dos adultos algum lugar em suas ruas limpas; o das crianças conseguir ir ao parque central...