IX

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— O que você acha, Alys?

Ergueu uma das sobrancelhas, pegando o papel que havia chegado quase naquele instante pela coruja que lhe encarava incessante. Já sabia todo o conteúdo, os conselheiros ao seu redor já haviam lido-a por completo, não faltando nem um mísero ponto. Sabia que as vozes agora cautelosas eram por conta de sua expressão fechada e desgostosa, assim como seu velho hábito de bater sua longa unha do indicador sobre a mesa quando já havia largado a carta.

— Não sei... — murmurou, a voz rouca. Os conselheiros lhe olharam entre si, confusos sobre seu comportamento desconfiado — Quem escreveu isso? Foi só um deles ou os dois?

— Não tem como sabermos. — Benedict disse em meio à um sorriso falho — A coruja ainda não fala.

Inaiê, que estava tranquila sobre todos os olhares direcionados ao palanque, encarou Bellini ao virar sua cabeça quase totalmente, jogando o rosto para o lado. O homem riu, enquanto Royse, do outro lado, observava tudo passando a língua entre os dentes.

— Ave nojenta. — sussurrou para si mesma

Ainda assim, o clima pesava quase unicamente pela aura assustadora da Senju, que continuava batendo a unha sobre a mesa, provocando um barulho irritante para o resto ao redor. Todos esperavam sua palavra, em silêncio.

— Está desconfiada de algum deles? — Benedict perguntou após meros segundos, como sempre não conseguindo ficar muito calado

— Eu só estou com um pressentimento ruim. — admitiu, pois era a verdade. Encarava as palavras, lia novamente e só conseguia sentir mentiras saltando das linhas, falando sobre a jornada à Rumpelstiltskin e sobre suas profecias loucas

— Acha que deveríamos procurar por esse Rumpelstiltskin e saber sobre alguma coisa? — Destrian falou pela primeira vez em horas, atraindo uma careta de Royse

— Não. — afirmou, parando com sua mania e agora encarando a coruja, que parecia esperar por alguma carta que ainda mandariam — Quero ver até onde tudo isso dará.

— Mas então, tudo está correndo conforme o planejado? — Bellini perguntou com um sorriso perturbador

— Sim. — Destrian anuiu, sua barba flutuante se mexendo conforme seu rosto — Estamos quase prontos. Em breve, estaremos completamente preparados.

— Bom. — Alys sibilou amassando a carta com certa satisfação, a encolhendo cada vez mais com seu pulso fechado — Não quero que me decepcionem.

×××

Izuna engoliu em seco enquanto seguia as longas tranças de Mira, que nos últimos encontros parecia mais misteriosa do que nunca. Inacreditavelmente, o Uchiha não entrou na Pândega Dourada como já vinha se acostumando à tanto tempo. A Eller ao invés de o trazer para dentro, saiu com ele para o exterior, e logo o levava em meio às ruas para um lugar um tanto distante. Tinha suas suspeitas sobre onde ela o levaria, e elas se mostravam concretas e verdadeiras quando chegaram até um terreno baldio onde muitas pessoas se aglomeravam. Mesmo cercado por um muro de madeira, conseguia perceber que lá tinham muitas pessoas por conta do barulho que era produzido. Eram gritos misturados com baques.

Aquele era o local de treinamento.

A morena virou-se para si antes de ao menos chegarem perto da porta. Ela tocou seu peito esquerdo com uma mão, a expressão séria fazendo uma gota de suor frio descer por sua têmpora. Conseguia ver alguns fios soltos das tranças sendo sombreados pela luz que vinha de dentro do campo, e sua face estava meio coberta pela escuridão da noite, mas conseguia entendê-la perfeitamente.

A Rebelião (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora