XII

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Quando acordou mais uma vez, não ouvia nenhum choro ou algo parecido. Mesmo assim, se virou para o outro lado para verificar se estava tudo bem. Izuna não estava mais ali. Já devia ter se levantado, o dia havia amanhecido. Respirou fundo, saindo de debaixo das cobertas minutos depois. Estava cansado, mas a preocupação para com o Uchiha era maior do que sua exaustão. Chegou ao final do corredor e viu o moreno preparando alguma bebida, muito provavelmente café.

— Bom dia. — disse enquanto se aproximava

O menor virou o rosto, e conseguiu ver, mesmo a certa distância, as olheiras escuras abaixo de seus olhos. Ele o encarou por poucos segundos antes de voltar para a água que fervia no fogão.

— Bom dia. — ele respondeu, desligando o fogo — Quer café?

— Não, obrigado.

Tobirama procurou na geladeira a água mais gelada, os olhos ainda atentos em Izuna.

— Você está melhor? — perguntou com certa cautela, o vendo franzir levemente o cenho

— Estou. — disse de imediato, não parecendo querer prolongar a conversa

O Uchiha foi para a mesa, sem pegar mais nada para digerir. O acompanhou, pensando mais nos dois do que na própria fome, deixando-a de lado. Se sentou na cadeira ao lado dele, que achou estranho sua aproximação. O Senju quis segurar a mão que estava em cima da mesa, mas temia o assustar ou não conseguir prosseguir com uma conversa séria.

— Acho que deveríamos comversar. — falou, ganhando um suspiro cansado

— Se for para mentir, não quero conversa. — retrucou, fazendo o albino virar o rosto para ele. Iria dizer alguma coisa, mas o moreno foi mais rápido — E se disser que não mentiu, irei sair daqui e não verá meu rosto por dias.

O maior fechou sua boca rapidamente, a ideia de que ele ficaria sozinho em Malkyn o assustando mais do a ideia de não o ver mais. Quando percebeu, a mão já estava por cima da dele, que pareceu mais tenso ao receber seu toque.

— Só quero saber o porquê mentiu para mim. — murmurou, afastando a xícara da boca, a colocando sobre a mesa. Sua cabeça virou até os olhos se encontrarem com os do parceiro, que prestava atenção em suas palavras — Você disse, somos apenas parceiros de missão, não sei para que mentir.

— Eu nunca disse isso. — retrucou na mesma hora

— Foi praticamente o que disse.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. O menor voltou a pegar a xícara, tomando um generoso gole do café, agora com o rosto para a frente mais uma vez, quase como se negasse olhar para o rosto do outro.

— Não me respondeu ainda. — voltou a falar, ganhando um suspiro e um aperto entre as mãos unidas

— É um assunto muito complicado. E eu não quero falar sobre isso. Mas eu sinto muito por ter mentido para você. — Izuna virou seu rosto para ele, agora com a expressão muito mais dócil, mostrando para Tobirama que ceder em momentos como aquele tinham muitas vantagens. As bochechas coraram, mas voltou a falar mais uma vez — Não sabia que esse assunto ia vir à tona, nem que se importaria com isso. Mas me desculpe, de qualquer jeito.

Os olhos se encararam por vários segundos, mas, novamente, Tobirama sentiu o rosto quente com o leve sorriso que Izuna mostrou por mínimos instantes. No entanto ele logo voltou ao rosto neutro, bebendo o café e assentindo lentamente. Seu rosto também estava rubro, e seus dedos inquietos. Sentia eles por debaixo de sua mão, e pensou por um momento em soltar a dele, mas a tranquilidade do Uchiha perante o toque o fez ficar onde estava.

A Rebelião (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora