Circo de La Mortis

10.

Feliz ano novo!

Aproveitaram os momentos de paz? 😵‍💫

.

Taehyung.

Hoseok estava estranho fazia algum tempo.

Sinceramente, ele era por natureza alguém estranho. Lembro que achei isso dele no primeiro dia, e no outro dia que nos vimos, e no outro, e em todos os outros, mas eu tenho uma facilidade para adotar os estranhos, principalmente os estranhos que me atraem.

Mesmo assim, o estranho dele de ultimamente não era o estranho de seu jeitinho. Nos ultimos tempos ele andava um pouco mais distraído, preocupado, culpado, arrependido, melancólico. E sempre que eu perguntava a resposta era a mesma:

— Hum? Impressão sua.

Até que nesse dia, Hoseok apareceu em minha casa um tanto transtornado. Ele tava inquieto, mordiscando as unhas e balançando a perna.

Era bem cedo, umas sete horas. Nós começamos a nos encontrar para ir à universidade juntos, mas normalmente era por volta das oito e meia e junto do Yoongi. Dessa vez, era cedo demais e ele estava sozinho.

— Tá. — cruzei os braços e encarei-o. — Então quer dizer que você veio até aqui porque sentiu saudades, mas está totalmente desconcentrado porque claramente algo aconteceu.

— Nada aconteceu, só queria ver você...

— Hum. — arqueei a sobrancelha.

— O que? Agora é crime sentir saudades?

— A gente se viu ontem à noite.

— E daí? — ele arqueou a sobrancelha também e parou de andar por poucos segundos, para então voltar. — Não é nada demais, eu só ando meio ansioso.

— Aconteceu algo no circo? Sua família vem te enchendo o saco?

— Minha família... — Hoseok fez uma careta. — Eles nem lembram que eu existo. Ainda bem, eu acho.

Ver ele incomodado estava me deixando incomodado, e tonto por ter que seguí-lo com o olhar em todas as voltas que ele fazia naquele espaço. Segurei-o pelos ombros, forçando-o a parar, então olhei em seus olhos e fiquei em silêncio, esperando que ele se acalmasse.

— Vai, desembucha. — falei.

— Ah. — ele suspirou. — Ultimamente andam acontecendo umas coisas que... Que, caramba, eu poderia ajudar, sabe? Mas sempre que eu tento ajudar, tento melhorar as coisas, parece que tudo fica pior. É quase como se o universo virasse pra mim e dissesse que eu deveria continuar sendo a porra de um inútil.

— Você não é inútil. Quem te disse isso?

— Eu vejo a decepção nos olhares deles. Isso é, quando me olham.

— Eu duvido que eles pensem isso de você. — acariciei seu rosto. — E se pensarem, são idiotas. Eu não penso, nem Yoongi, e você também não deveria.

Ele sorriu levemente, mas se afastou e caminhou até a janela como se precisasse de ar. Ele apenas disse:

— Você não entende.

Eu me senti um pouco impotente naquele momento, como se nada que eu dissesse ou fizesse pudesse deixá-lo melhor. De qualquer forma, abri a boca, prestes a tentar mais uma vez, mas Hoseok me interrompeu antes, completando sua última fala:

— E se entendesse, você com certeza não ficaria comigo. Na verdade, acho que seria melhor se não ficasse. A gente devia parar de se ver.

Pisquei rapidamente, raciocinando, então franzi o cenho e retruquei: