Hoseok.
Tinha uma claridade. Era de manhã, por volta das nove. O sol estava claro, mas não estava tão quente. Talvez fosse por causa da enorme quantidade de ventos fortes que preenchia todo o ambiente.
Eu estava em uma calçada. Tinha várias pessoas na rua. Reconheci como o centro perto da praia de Pyusan.
De repente, algo bem pequeno caiu direto na minha testa.
— Ai. — massageei minha pele e olhei para o chão. Era granizo.
E mal passou dez segundos desde o primeiro granizo, vários outros começaram a cair. Todos que estavam nas ruas correram para as tendas, buscando abrigo. De qualquer forma, aquela chuva não durou mais do que cinco minutos e todos já estavam de volta às suas ocupações.
— Tem algo de errado. — murmurei comigo mesmo.
Atravessei a rua. Andei e andei e andei, e cheguei perto da praia. Lá tinha várias famílias sentadas na areia, divertindo-se como se fosse um belíssimo dia. O que, no caso, voltou a ser depois da chuva repentina de cinco minutos.
O nível do mar havia abaixado bastante, permitindo com que as crianças pudessem correr por ali buscando as várias conchas expostas.
— Mamãe! Mamãe! — uma criança correu com um peixe na mão. — Olha o que eu encontrei!
— Larga isso, Antônio Junior!
E várias outras crianças estavam exclamando que tinham encontrado peixes naquele espaço de areia molhada. Os país sentiram que não eram um bom sinal, então pegaram seus filhos e começaram a juntar suas coisas para saírem dali.
— Preciso... — tateei meus bolsos, procurando meu celular. — Preciso falar com Yoongi e Taehyung...
Peguei o celular, digitei o número de Yoongi e aguardei nervosamente enquanto o vento forte bagunçava meus cabelos.
"Alô?"
— Yoon... O Tae tá ai? Vocês tão bem?
"Oi amor", era a voz de Taehyung.
"Estamos bem. Aconteceu algo?", Yoongi voltou a dizer.
— Não, mas... Eu acho que vai acontecer. Onde vocês estão?
"Nós...", e eu não ouvi o resto.
Nada aconteceu do outro lado da linha, mas eu não pude ouvir porque o barulho de uma onda gigantesca se formando prendeu toda a minha atenção.
— TSUNAMI! — alguém gritou.
A onda cresceu e cresceu e cresceu, violenta, barulhenta, devastadora, engolindo cada pessoa na praia e cada carro estacionado por perto.
Eu tentei correr, todos dali tentaram correr. Mas não adiantava de nada; fomos todos engolidos pela água.
Ainda acordei depois daquilo. Quando abri os olhos, eu estava em cima de um telhado quebrado de uma casa. A rua não existia mais, estava toda inundada e com vários troncos de árvore boiando junto de corpos feridos e sem vida. Toda a cidade havia sido destruída.
— Meu Deus... — toquei em minha testa, sentindo tudo girando, e levantei lentamente para enxergar o estrago.
Minha perna estava bamba. Escorria sangue pra caramba, e minha barriga tinha uma ferida muito dolorosa — mas isso era o de menos.
— Ei, moça, você tá bem? — rastejei até o outro lado do telhado, querendo ajudá-la, mas só quando cheguei perto vi que ela não tinha mais vida.
Não sei dizer quanto tempo se passou. De hora em hora, eu via corpos flutuando junto da corrente da água. As vezes eu achava que estavam vivos, mas não estavam. Naquele tempo, eu não encontrei um sobrevivente.
Uma hora, vi Seokjin flutuando com o rosto pálido e vários cortes no corpo. Foi assustador reconhecer alguém no mar de corpos.
Horas depois, meu mundo desabou quando reconheci o corpo de Yoongi flutuando. Ele tinha um corte profundo no rosto e um pedaço de madeira fincado em seu peito.
— Não... — engatinhei até a ponta do telhado e observei-o com atenção. — Não... Yoongi....
A madeira enroscou em algo e a água não continuou a levá-lo. Ele permaneceu ali, flutuando em minha frente, sem um pingo de vida. Minutos depois, foi o corpo de Taehyung que flutuou para lá e também ficou. Ambos de olhos abertos, olhando para mim.
— Não... — solucei. — Por quê? Por que eles?
Fiquei sentado naquele telhado aos pedaços e cercado de corpos sem vida. Quieto, devastado, olhando para meus dois amores flutuando nas águas sangrentas, sem saber o que fazer.
Nada mais fazia sentido.
Por que eu tive que sobreviver enquanto eles estavam mortos?
— É tudo culpa minha... — murmurei.
Tudo culpa minha. Culpa minha. Culpa. Minha.
— Você pode consertar isso. — Taehyung disse.
Olhei para baixo, notando Taehyung e Yoongi piscando para mim.
— Como? — me aproximei da beirada. — Como eu salvo vocês?
Taehyung esticou o braço e tocou em minha bochecha, enquanto dizia:
— É só... Acordar.
Então, eu acordei.
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Circo de La Mortis
FanfictionPor trás da cartola roxa e dos cabelos grandes há um par de covinhas que encantou Seokjin. Mais do que isso, há um homem que aparenta estar envolvido em todos os casos de morte que ocorreram na cidade nos últimos meses. O circo de La Mortis chegou à...