11.

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Taehyung.

Sabe quando é tudo bom demais pra ser verdade? E sabe o quão horrível é lembrar que a felicidade é mesmo temporária? Que apenas um vento diferente mandado pelo universo pode virar todos os seu planos, seus sonhos, suas conquistas de cabeça para baixo e destruir tudo. Ou, no caso, apenas um carro vermelho.

Os bancos do hospital eram duros, desconfortáveis e gelados. Toda a atmosfera era de completa tristeza, famílias enlutadas de um lado, crianças com doenças graves de outro, enfermeiras nos olhando com pena e médicos apressados parecendo querer desistir daquele trabalho tão difícil.

— Ei. — Yoongi me chamou baixinho.

Yoongi havia chegado dez minutos depois que Hoseok e eu. Fiquei tão nervoso que não consegui nem pegar no celular antes de ver Hoseok sendo carregado às pressas em uma maca até uma sala de cirurgia, e dois médicos nervosos acompanhando-o. A enfermeira me deu água com açúcar, mediu minha pressão e, depois, me ajudou a ligar para Yoongi.

Eu também liguei para Seokjin, porque ele era o único meio de contato que eu teria com algum familiar de Hoseok, mas caiu na caixa postal.

— Hm? — encarei-o de lado.

Naquele momento, eu me sentia quase como se estivesse em estado vegetativo. O peito ainda esmagava e eu queria vomitar, mas me sentia tão fraco que não chorava mais.

— Fala comigo. — ele segurou minha mão e acariciou devagar. — Tô preocupado com você.

— Eu nem sei o que dizer. Não consigo... Não consigo tirar da cabeça a cena. Foi muito assustador. Eu ainda tô assustado.

— Eu imagino. Mas Hoseok é forte, ok? Vai ficar tudo bem.

— Eu espero que sim. — suspirei. — Ele tava tão estranho, amor. Ele disse que devíamos parar de nos ver, que ele só nos trazia azar. Acho que algo aconteceu na família dele e ele surtou. Eu odiaria que... Odiaria que aquela fosse a nossa última conversa.

— Não vai ser. Ele vai ficar bem.

Assenti e deitei a cabeça em seu ombro.

Yoongi também parecia transtornado, mas ele sempre lidou melhor com sentimentos do que eu e conseguia me acalmar mesmo em situações como aquelas.

— Eu acho que... — comecei a falar, mas vi um médico saindo da sala de cirurgia e vindo até nós com uma cara nada boa. — Ai cacete...

Yoongi e eu nos levantamos na hora, ansiosos, e o médico parou em nossa frente, respirou fundo e disse:

— Família do paciente?

— ... Amigos. — respondi. — Ele tá bem, doutor?

O médico respirou fundo mais uma vez.

— Eu sinto muito...

Eu não ouvi mais nada que ele disse depois disso. Senti como se o mundo tivesse perdido a cor, como se tudo estivesse girando e até minhas pernas ficaram bambas conforme o aperto em meu peito aumentava e aumentava e aumentava...

— Não... — minhas pernas fraquejaram e caí de joelhos. — Não pode ser.

— Ele perdeu muito sangue. — o médico contou com pesar. — Nós fizemos o nosso melhor, mas... A faca acertou um ponto letal. Não havia muito o que ser feito.

— Faca? — Yoongi perguntou, parecendo o único são ali.

— Sim... O ferimento na barriga feito pelo facão de cozinha.

— Acho que está confundindo, doutor. Hoseok foi atropelado, não teve faca alguma.

— Oh.

Eu já imaginava que eu estava sem cor, com a pressão na puta que pariu e praticamente morrendo, mas senti todos os meus sentidos recuperados quando ouvi aquilo e encarei o médico, esperando uma resposta diferente.

Circo de La Mortis Onde histórias criam vida. Descubra agora