Taehyung.
Sabe quando é tudo bom demais pra ser verdade? E sabe o quão horrível é lembrar que a felicidade é mesmo temporária? Que apenas um vento diferente mandado pelo universo pode virar todos os seu planos, seus sonhos, suas conquistas de cabeça para baixo e destruir tudo. Ou, no caso, apenas um carro vermelho.
Os bancos do hospital eram duros, desconfortáveis e gelados. Toda a atmosfera era de completa tristeza, famílias enlutadas de um lado, crianças com doenças graves de outro, enfermeiras nos olhando com pena e médicos apressados parecendo querer desistir daquele trabalho tão difícil.
— Ei. — Yoongi me chamou baixinho.
Yoongi havia chegado dez minutos depois que Hoseok e eu. Fiquei tão nervoso que não consegui nem pegar no celular antes de ver Hoseok sendo carregado às pressas em uma maca até uma sala de cirurgia, e dois médicos nervosos acompanhando-o. A enfermeira me deu água com açúcar, mediu minha pressão e, depois, me ajudou a ligar para Yoongi.
Eu também liguei para Seokjin, porque ele era o único meio de contato que eu teria com algum familiar de Hoseok, mas caiu na caixa postal.
— Hm? — encarei-o de lado.
Naquele momento, eu me sentia quase como se estivesse em estado vegetativo. O peito ainda esmagava e eu queria vomitar, mas me sentia tão fraco que não chorava mais.
— Fala comigo. — ele segurou minha mão e acariciou devagar. — Tô preocupado com você.
— Eu nem sei o que dizer. Não consigo... Não consigo tirar da cabeça a cena. Foi muito assustador. Eu ainda tô assustado.
— Eu imagino. Mas Hoseok é forte, ok? Vai ficar tudo bem.
— Eu espero que sim. — suspirei. — Ele tava tão estranho, amor. Ele disse que devíamos parar de nos ver, que ele só nos trazia azar. Acho que algo aconteceu na família dele e ele surtou. Eu odiaria que... Odiaria que aquela fosse a nossa última conversa.
— Não vai ser. Ele vai ficar bem.
Assenti e deitei a cabeça em seu ombro.
Yoongi também parecia transtornado, mas ele sempre lidou melhor com sentimentos do que eu e conseguia me acalmar mesmo em situações como aquelas.
— Eu acho que... — comecei a falar, mas vi um médico saindo da sala de cirurgia e vindo até nós com uma cara nada boa. — Ai cacete...
Yoongi e eu nos levantamos na hora, ansiosos, e o médico parou em nossa frente, respirou fundo e disse:
— Família do paciente?
— ... Amigos. — respondi. — Ele tá bem, doutor?
O médico respirou fundo mais uma vez.
— Eu sinto muito...
Eu não ouvi mais nada que ele disse depois disso. Senti como se o mundo tivesse perdido a cor, como se tudo estivesse girando e até minhas pernas ficaram bambas conforme o aperto em meu peito aumentava e aumentava e aumentava...
— Não... — minhas pernas fraquejaram e caí de joelhos. — Não pode ser.
— Ele perdeu muito sangue. — o médico contou com pesar. — Nós fizemos o nosso melhor, mas... A faca acertou um ponto letal. Não havia muito o que ser feito.
— Faca? — Yoongi perguntou, parecendo o único são ali.
— Sim... O ferimento na barriga feito pelo facão de cozinha.
— Acho que está confundindo, doutor. Hoseok foi atropelado, não teve faca alguma.
— Oh.
Eu já imaginava que eu estava sem cor, com a pressão na puta que pariu e praticamente morrendo, mas senti todos os meus sentidos recuperados quando ouvi aquilo e encarei o médico, esperando uma resposta diferente.

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Circo de La Mortis
FanfictionPor trás da cartola roxa e dos cabelos grandes há um par de covinhas que encantou Seokjin. Mais do que isso, há um homem que aparenta estar envolvido em todos os casos de morte que ocorreram na cidade nos últimos meses. O circo de La Mortis chegou à...