12 | colo materno.

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Duas semanas depois

Faziam exatos quinze dias que Jimin não aparecia. Eram seis da manhã e eu estava caminhando até a maldita mercearia, certo de que aquela seria a última vez.

Ao entrar, fiquei decepcionado ao perceber como as mesas estavam vazias, sem qualquer sinal dele.

Não havia nenhum resquício de alegria dentro de mim, o ânimo para ir trabalhar havia caído consideravelmente após o último contato que fiz com os olhos-vagalumes.

ㅡ Ele só vem a tarde, agora. ㅡ Senhor Choi disse quando deixou o café que eu sempre pedia em cima da mesa, limpando as mãos em seu avental de tecido. ㅡ Ele vem acompanhado de uma moça.

Eu senti o gosto do âmago subir pela minha garganta.

Jimin saiu comigo enquanto estava conhecendo outra pessoa? Isso foi conveniente para ele?

Sem responder nada, eu assenti com a cabeça, encarando o café em cima da mesa.

Ele sequer tinha o mesmo sabor de antes. Estava faltando algo. Estava faltando Park Jimin e as suas roupas monocromáticas ali. Estava faltando a sua expressão distraída enquanto escrevia com sua letra bonita naquele caderno velho, quase caindo aos pedaços.

Naquele dia, não esperei Park. Decidi ser mais direto.

Apenas tomei um café, paguei Choi e fui trabalhar. Pedi para sair mais cedo do trabalho e voltei para aquela prava mercearia.

E lá estava ele, assim com o velho havia dito horas antes.

Park Jimin estava sentado na mesa de sempre, com o caderno amarelado de lado na mesa, a caneta descansando em cima, e uma mulher de cabelos longos e castanhos sentada a sua frente, sorrindo com algo que ele dizia.

Eu vacilei alguns passos.

O que eu estava fazendo ali, afinal? O quê me importava se ele não me queria? A culpa era de quem, afinal? Minha, por ter se apaixonado por ele, ou dele por apenas ter sido gentil sem ter segundas intenções dentro de si?

Após tantos anos na vida adulta, me senti como uma criança. Eu queria correr em busca de colo materno e implorar por proteção, ou por algo que melhorasse a minha dor.

Mas aquilo não seria possível, eu já não era criança. Por esse motivo, enchi o meu peito de ar, ignorei a ardência em meu nariz e entrei na mercearia, caminhando na direção deles.

Jimin notou imediatamente a minha aproximação, e não pareceu surpreso por eu estar ali. Ao me olhar, ao invés de arregalar os olhos, esboçou neles duas lindas fendas transformadas pelo seu sorriso e então, com a sua voz aveludada, disse:

Olá, Jungkook! Quanto tempo!

1954 | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora