Naquele mesmo dia, eu me sentei no ponto de ônibus e esperei que ele chegasse.
O dia estava cinzento, havia fortes indícios de chuva, segundo o jornal que eu lia.
Eu estava atordoado. As coisas que sr. Choi me disse não saiam da minha cabeça.
Mas apesar de tudo, eu sabia: Eu estava apaixonado por um cara que nunca conversei na vida.
E pior do que aquilo, é que eu poderia ser preso. Não que fosse um crime ser homossexual, mas ainda assim havia boatos de que a polícia fazia um trabalho ilegal prendendo e torturando aqueles que se relacionavam com pessoas do mesmo sexo.
Hipocrisia. Centenas de anos atrás, reis de dinastias coreanas se relacionavam com outros homens e ninguém tinha o direito de contrariar.
Após alguns minutos de espera, senti a presença de alguém. Logo em seguida, uma pessoa ocupou o banco vazio ao lado do meu.
Olhei de canto para a perna torneada, mas não liguei, apenas voltei a ler o meu jornal.
No entanto, ouvi um pigarro, e logo em seguida a pessoa disse, com uma voz aveludada:
ㅡ Todos os jornais estão dizendo que irá chover, mas aparentemente só ficará nublado. As nuvens não estão cheias o suficientes para chover.
Levantei a minha cabeça de imediato, reconhecendo a maldita voz que só ouvi algumas vezes.
Park Jimin.
Ele estava me encarando de canto, os seus lábios grossos e corados esticados em um sorriso sereno, as suas pernas cruzadas e seu caderno em cima do colo. Os seus olhos brilhantes, assim como vagalumes num campo à meia-noite, eram serenos e passava um ar gracioso, gentil.
Estaria eu sonhando?
ㅡ Eu confio no jornal, eles são profissionais. ㅡ respondi, após engolir em seco.
ㅡ Facto. ㅡ Park respondeu, respirando fundo. ㅡ Mas acredito que não irá chover.
ㅡ Está nítido que irá chover.
ㅡ Talvez chova, mas não hoje.
ㅡ Eu aposto que sim. ㅡ voltei a encarar a rua, vendo ao fundo, o meu ônibus se aproximar. Eu definitivamente iria chegar atrasado no serviço.
Park Jimin moveu a cabeça na minha direção e tirou sua boina, revelando os seus cabelos pretos e macios que brilhavam com a escassa luz do sol.
ㅡ Bom, espero que não chova o suficiente para não podermos ir ao cinema hoje a noite. Seria decepcionante. ㅡ olhei imediatamente para ele, surpreso com a sua fala. ㅡ Te encontro em frente a mercearia às sete horas da noite, Jeon Jungkook.
O meu coração saltitou no peito. Eu sentia ânsia, uma ansiedade infrene tomar conta de mim. Eu estava feliz.
ㅡ Como você...
Ele não esperou que eu terminasse a pergunta.
Simplesmente levantou-se, deu sinal para que o meu ônibus parasse e saiu andando pela calçada, com as mãos dentro dos bolsos.
E me deixou para trás com as batidas errôneas descompassando o meu coração.
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1954 | Jikook
Fanfic"Ás vezes o amor pode parecer passageiro, mas ele fica dentro de você, como se estivesse tatuado em seu peito e em sua alma. Mas não adianta encontrar o passageiro para o avião e não ter um aeroporto digno de se pousar."