14 | janeiro de 1954.

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Eu fui para casa e descansei, assim como Jimin pediu que eu fizesse.

Mas não voltei para a mercearia no dia seguinte. Muito pelo contrário.

Demorei cerca de três semanas até que voltasse para o café e tivesse coragem o suficiente para encarar Jimin novamente. Para encarar a pessoa misteriosa em que estive tão apaixonado naqueles meses que se passaram. Confesso que eu ainda não havia superado, mas estava disposto a tê-lo apenas como um amigo, uma vez que ele não se apaixonara por mim como eu me apaixonei por ele.

Naquela manhã, o sol voltou a brilhar, o que não acontecia há cerca de dois meses. As chuvas simplesmente estavam tomando conta da cidade, mas naquele momento, estava quente.

O dia estava lindo, estava perfeito, o sol brilhava como vagalumes.

Eu parei no balcão e dei um sorriso para sr. Choi, este que me retribuiu com um sorriso casto, porém estranho.

Jimin veio essa semana? ㅡ perguntei após um tempinho em silêncio, observando-o preparar o meu café. 

Ele negou com a cabeça, me olhando de canto e comentando.

Bem que eu estava achando estranha essa sua felicidade... ㅡ Choi respirou fundo, limpando os seus óculos na roupa. ㅡ Você não soube o que aconteceu com ele?

Por milésimos de segundos, o meu coração gelou.

Algo havia acontecido com ele?

ㅡ O quê aconteceu?

Jimin faleceu há três dias atrás. ㅡ apoiou os óculos em cima da cabeça, deixando o café já pronto em minha frente. ㅡ Ele estava esperando uma locomotiva para ir pra outra cidade, parece que o carro dele tinha quebrado, aí bem na hora que o trem estava chegando, um louco foi lá e empurrou ele na linha. Pobre menino, não merecia um fim assim.

As palavras que ele dizia chegavam em meus ouvidos como facas esquentadas na brasa.

Park estava morto? Park Jimin? Não tinha como...

Quem? ㅡ perguntei, sentindo as minhas mãos vacilarem quando tentei pegar a xícara de café. Eu estava tremendo inteiramente, a visão escureceu e a minha boca estava amarga. ㅡ Quem empurrou ele?

Parece que foi um cara que havia acabado de roubar uma senhora na estação. A polícia estava correndo atrás dele, ai esse filho da puta empurrou Jimin para distrair os policiais. Já está preso, logo tem julgamento.

Respirei o mais fundo que consegui, até os meus pulmões doerem.

Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, senti vontade de rir. Não tinha como um anjo em pessoa como Park morrer, ele era jovem demais para aquilo.

Mas sr. Choi não estava brincando, ele pegou um jornal atrás do balcão e empurrou para mim. Na capa, estava estampada uma foto de Park Jimin com a matéria completa logo embaixo.

Naquele dia, não fui trabalhar. Fui para casa e fiquei o dia inteiro deitado, esperando que alguém batesse na minha porta e dissesse que foi apenas uma piada de mau gosto. Mas não adiantava.

Park Jimin estava morto, assim como o seu sorriso angelical, a sua voz aveludada, seu cabelo macio e dentinhos tortos. 

Ele simplesmente não existia mais.

E foi em janeiro de 1954 que eu aprendi que as pessoas não entram na nossa vida por um acaso. Tudo tem um motivo.

E até hoje eu tento descobrir o porquê do destino ter colocado Park Jimin na minha vida e o tirado tão cedo.

FIM

1954 | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora