Quando o filme começou, o famoso musical Singin' in the Rain, eu sequer estava interessado na trama.
Comemos as pipocas antes mesmo do filme começar. Ao tomar o refrigerante, sem querer, deixei que ele caísse um pouco na minha roupa.
Jimin, rindo baixinho, comentou: "É impossível tomar algo sem se sujar". Com um sorriso sem graça, concordei com ele. Eu era tão desajeitado e maljeitoso quanto um bebê aprendendo a comer sozinho.
Simplesmente me limpei e voltei a olhar para a tela gigantesca.
Eu encarava Jimin de vez em quando, em segredo, nos momentos em que ele parecia atento demais ao filme para ver que eu estava olhando-o, e senti um friozinho na barriga ao notar como o seu perfil de lado era ainda mais lindo que o de frente. A ponta do seu nariz levemente arrebitado apontava perfeitamente para a tela do cinema, o som da sua respiração alta se misturava com a música que tocava no filme, e eu me senti fissurado.
Ele não era perfeito, e sim a definição da palavra perfeição.
Com um ato de coragem, eu prendi a respiração e deitei a minha cabeça em seu ombro, incerto. Ele não pareceu se incomodar, o que me deixou aliviado. Mas aquela posição definitivamente não estava confortável. Eu aguentei o máximo que pude, provavelmente uns oito ou dez minutos. Quando o meu pescoço começou a doer, voltei a minha posição inicial, sentindo falta de sentir seu corpo se movimentando de vez em quando pela sua inquietação notória.
Eu o observei por um longo tempo, mas Jimin não me encarou de volta.
Levemente decepcionado, e talvez arrependido da minha última ação, apenas peguei o meu refrigerante e dei um gole, tentando não fazer grande caso daquilo.
Naquele momento, senti uma disforia tomar conta de mim.
Ele realmente queria estar ali?
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1954 | Jikook
Hayran Kurgu"Ás vezes o amor pode parecer passageiro, mas ele fica dentro de você, como se estivesse tatuado em seu peito e em sua alma. Mas não adianta encontrar o passageiro para o avião e não ter um aeroporto digno de se pousar."