Capítulo 8

1.6K 118 0
                                    

Lena

Dia seguinte

Ainda estou sem entender o que aconteceu ontem à noite. Eu me entreguei para ele completamente. Foi meu primeiro beijo e foi muito melhor do que eu estava esperando. Sempre tive uma ideia deturpada sobre o que acontecia entre um homem e uma mulher, pelos exemplos que tive em casa, como a relação do meu pai com suas amantes e de seus soldados com as mulheres. Nunca imaginei que poderia ser algo bom.

Fui criada num mundo onde as mulheres não podem explorar sua própria sexualidade. Somos obrigadas a nos manter virgens para nosso marido e quando casamos nosso prazer não tem importância, apenas o do homem. Então, para mim um beijo seria algo sem graça e forçado, mas o que senti com Antônio foi o oposto de sem graça e forçado. Ele me fez ir as nuvens apenas com seu toque, achei que eu ia perder minha virgindade naquele momento.

Me senti atraída por ele no instante em que nos conhecemos, sua pose imponente e sua beleza de outro mundo. Nunca vi um homem tão bonito quanto meu salvador. Ontem pude ver seu corpo com mais precisão e me perdi nos braços musculosos. Me peguei imaginado como seria ele sem camisa. A única presença masculina que tive sem ser de soldados, foi Enver e eu o considerava muito bonito, mas Antônio tem algo de único que me faz me sentir fascinada por ele.

Depois do nosso momento, que foi cortado por uma ligação em seu celular, ele não apareceu mais, acredito que dormiu fora. E confesso que fiquei um tanto chateada com isso, mesmo sabendo que ele está certo, não podemos nos envolver. Estou conquistando minha liberdade e quero tirar proveito disso. Não quero me jogar nos braços do primeiro cara que conheço.

Estou na sala tomando um xícara de chá, sentada no sofá e assistindo uma série policial. Acabo de lembrar que tenho que ligar para Enver, quando estava fugindo ele pediu para dar um sinal de vida. Pego o celular que Antônio me deu temporariamente e disco o número de meu amigo. Acabei decorando ele, mesmo ele me dando o cartão, pois fiquei com medo de perder. Toca algumas vezes e ele atende no terceiro toque.

- Oi.

- Enver? Sou eu, Lena.


- Lena? Deu tudo certo? Você está bem?

- Estou sim, amigo, não se preocupe. Os Manginello me ajudaram. Estou sã e salva!

- Fico feliz em saber.

- Como estão as coisas por aí?

- Péssimas. Kanun está puto e quando ele fica com raiva você sabe o que acontece. Já matou algumas meninas do porão e Nadja apareceu com diversos hematomas. - ele respira fundo. - Eu acho que vou fugir, Lena.

- Meu pai te ameaçou?

- Não, mas eu sei que não vai demorar muito para isso acontecer. Ele deve me culpar pelo seu sumiço. Kanun contava que você iria se casar com aquele cara.

- Eu posso pedir ajuda para os Manginello. Aqui em Chicago você estará seguro.

- Obrigado, Lena. Você é uma grande, amiga. Sinto sua falta.

- Eu fui embora ontem. - digo dando uma risada.

- Não importa, ficar longe de você por um dia sequer já é ruim. Te amo, Lena.

- Também sinto sua falta, mas não se preocupe, logo estaremos juntos. Te amo, Enver. Até.

- Até, o dever me chama.

Desligo o telefone e fico sorrindo olhando para ele. De repente escuto um pigarrear, automaticamente olho para trás e vejo Antônio. Ele está de cara fechada e diz:

- Bom dia! Comeu alguma coisa?

- Sim, espero que não se importe por ter mexido na sua cozinha.

- Não tem problema, Lena. Fique à vontade, a casa é sua. - seu humor melhora um pouco. O clima está esquisito pelo o que aconteceu ontem. Sem querer repasso tudo na minha mente e meu rosto fica rubro. - Meu irmão e minha cunhada virão hoje, ela irá trazer roupas novas para você. Vou tomar um banho rápido.

Ele sai em seguida depois de dizer isso, deixando seu celular em cima da mesinha ao lado do sofá. Tento me concentrar na série, porém o telefone dele não para de apitar, acho que são notificações. Chega um momento em que me curiosidade fala mais alto e decido dar uma olhada. Pego o celular e vejo mensagens de uma mulher chamada Rebecca e outra chamada Zoey. A segunda pergunta se ele chegou em casa e se está tudo bem.

Vários questionamentos aparecem na minha mente. Quem é ela? Ele dormiu na casa dela? São namorados? Ele simplesmente me agarrou na cozinha e foi em busca de outra mulher? O bichinho do ciúmes me morde e não consigo não me sentir incomodada, mesmo que nós não tenhamos nada. Coloco o celular novamente na mesinha e sento no meu lugar. Se ele for comprometido com alguém, ele traiu ela comigo. Prefiro parar de pensar nisso, não fiz nada de errado e eu não sabia, quem errou foi ele. Volto para minha série e bebo um gole do meu chá.

Seja Minha - Série Irmãos Manginello (Livro 4) / CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora