Capítulo 20

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Lena

Dia Seguinte

Sinto meu corpo dolorido assim que abro meus olhos e vejo os raios de sol escapando da cortina. Ontem foi uma noite intensa, Antônio não queria parar de jeito nenhum, estava implacável. Fomos dormir muito tarde e exaustos. Sinto minha intimidade arder e minhas coxas queimarem quando levanto. Olho para meu namorado esparramado na cama completamente adormecido. É a primeira vez que acordo antes dele.

Vou ao banheiro, vejo minha cara amassada no espelho e meu cabelo todo bagunçado. Estou nua, então aproveito para tomar um banho. Quando estou pronta, desço as escadas para tomar meu café da manhã, a mesa já está posta e com um bilhete em cima. A cozinheira deve ter deixado lá. Me aproximo e pego o papel.

Senhor Manginello, o desjejum está da forma como o senhor pediu e o almoço está pronto na geladeira, só esquentar. Tem um envelope que enviaram para a senhorita Lena hoje cedo, deixei na sala. Além disso, obrigada por ajudar a pagar os remédios do meu filho e por me dar folga para cuidar dele.

Antônio é uma pessoa tão boa, adoro ver a forma como cuida dos seus funcionários. Mas não entendi algo, tem um envelope para mim? Quem enviaria? As únicas pessoas que conheço são a família Manginello e o pessoas relacionadas a ela. Tenho certeza que nenhuma dessas pessoas teria razões para me mandar isso e muito menos meu pai. Talvez seja de Giana a respeito do trabalho.

A curiosidade fala mais alto, então decido ir a sala buscar e acabar logo com esse mistério. O envelope é grande e de cor laranja, na frente está escrito para Lena em caneta preta. Logo, eu abro e tiro os vários papéis que estão nele. No primeiro, tem um pequeno recado e nos outros acredito que são fotos, pois o papel é diferente.

Você confia em Antônio? Ele só está te usando, assim como fez com todas as outras. No final, quando ele se enjoar, você vai te abandonar. Você é só mais uma!

Tomo um susto com que está escrito. Quem é essa pessoa e por que está me mandando isto? Minha cabeça está a mil, tenho um milhão de dúvidas na minha mente agora. Meus batimentos estão acelerados e minha mãos tremem. Decido ver as fotos e nada me prepara para o que vejo. Olho uma por uma, tentando acreditar no que está nas minhas mãos e depois de um tempo as jogo no chão. Meus olhos estão cheios de lágrimas e sinto uma dor no peito como se alguém tivesse me ferido.

Antônio escolheu esse momento para acordar e descer as escadas. Ele está com um sorriso no rosto, veste apenas uma calça de moletom. Assim que me vê seu sorriso morre e anda rápido até mim.

- O que houve, minha loira? Por que está chorando? - não respondo. Cato os papéis do chão e falo:

- Me explica o que é isso. - digo rangendo os dentes e jogo as fotos para ele ver. Seus olhos ficam chocados e assustados ao mesmo tempo.

- Lena, não é o que você está pensando.

- Me explica então, Antônio. Por que você e essa mulher estão se beijando nessa foto que parece ser recente? - grito furiosa. - Eu tenho cara de otária por acaso? Quem é essa mulher?

- Lena...

- Me responde, quem é ela? - Toni suspira derrotado.

- O nome dela é Rebecca Fakih. Nos conhecemos no clube de BDSM, ficamos por menos de quatro meses. Ela confundiu as coisas e terminamos uns dias antes de nos conhecermos. - ele parece um garotinho que levou uma bronca dos pais. - Eu nunca te trairia, Lena.

- Então, por que tem fotos sua beijando essa tal de Rebecca? - continuo raivosa.

- Isso foi um dia antes de irmos na boate e no clube de BDSM pela primeira vez, há mais de dois meses. Ela me mandou uma mensagem dizendo para me encontrar com ela, achei que poderia ser importante. Saí de Zoey e fui na cafeteria falar com ela. Rebecca só queria me perguntar se estava namorando, porque não supera o fim da nossa relação. Dei um fora nela e quando estava saindo do local me puxou para um beijo, mas eu me afastei na hora. Acredita em mim, Lena, eu nunca trairia você. Você é tudo para mim, amore.

- Eu acredito em você, mas o que eu não me conformo é por que não me contou? Por que escolheu esconder? Vive com ciúmes de Enver e fazendo de tudo para que eu não me encontre com ele, e olha que ele é apenas meu amigo, enquanto você se encontrava com sua ex-amante e não teve a decência de me falar. - aponto o dedo em sua cara enquanto desabafo. - Estou puta com você, Antônio. Como pode não ter me falado nada?

- Eu não queria que se sentisse insegura ou que brigássemos logo no início da nossa relação. - diz desesperado.

- Achou melhor esconder então? - digo sarcástica e ele me olha sem graça. - Você me contaria algum dia?

- Sim, eu juro que contaria. - seu olhar é triste e arrependido. - Me perdoa, Lena.

- Olha, eu estou de cabeça quente e preciso pensar, se não vou dizer coisas que irei me arrepender. - limpo minhas lágrimas. - Prometi que ia visitar Marina. Depois nos falamos.

Pego meu casaco, minha bolsa e saio do apartamento sem querer ouvir mais nada. Sinto como se eu tivesse acordado de um sonho incrível. Havia me esquecido que relacionamentos reais tem diversos problemas e temos que aprender a lidar com eles. Se eu fosse mais madura iria ficar em casa e conversar mais, porém como não sou prefiro espairecer um pouco.

 Se eu fosse mais madura iria ficar em casa e conversar mais, porém como não sou prefiro espairecer um pouco

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- Como está se sentindo? Sinto muito por tudo o que meu pai fez para você. - cheguei no hospital tem dez minutos. Minha amiga está sentada recostada na cama e com a aparência abatida. Não consigo não me sentir culpada por isso, querendo ou não Kanun ainda é meu pai e responsável por colocar a vida dela e do bebê em risco.

- Pelo amor de Deus, amiga, não se culpe. Kanun é o único e verdadeiro culpado, que agora está preso e tenho certeza que nossos homens vão fazer picadinho dele. - sorrio para ela. - Não se sente nem um pouco triste que ele vai morrer? Mesmo o odiando, ele é seu pai.

- Vou ser uma pessoa muito ruim se disser que não me importo nem um pouco? - ela solta um risada.

- Claro que não, ele merece. - conversamos sobre mais algumas coisas, até ela tocar no assunto. - Estou te sentindo meio tristinha, o que houve?

Suspiro me lembrando da nossa discussão mais cedo. Decido desabafar com Marina e contar tudo o que aconteceu.

- Antônio pisou na bola feio, Lena. Se ele tivesse aqui, eu dava um chute nele com minha perna boa. - solto uma gargalhada.

- Brincadeiras à parte, você acha que devo perdoá-lo? Sou nova nessa coisa de relacionamentos.

- Eu acho que sim, deve perdoá-lo. Afinal, ele não te traiu ou mentiu, na verdade ele omitiu, e não acho isso tão grave quanto os dois primeiros. Claro que, perdoar não significa que você vai esquecer o que ele fez, mas dê uma chance para ele. Antônio é uma pessoa muito boa e errou por causa de uma bobeira. Deixa ele te mostrar que se arrependeu, porém deve ser com atitudes, não palavras. - aconselha minha amiga. - Outra dica que eu dou é fazer greve. Quando meu marido faz merda, eu faço greve de sexo por tempo indeterminado, ele enlouquece.

- Não sei se consigo fazer essa greve, sabe?

- Que safada, Lena. - Marina ri. - Se bem que não posso falar muito, também não aguento ficar sem sexo por muito tempo.

- Muito obrigada pelos conselhos, Marina. - abraço ela de leve, quando nos separamos vejo aquele de quem fugi hoje de manhã na porta do quarto.

Seja Minha - Série Irmãos Manginello (Livro 4) / CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora