Realeza

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Arcádia estava... diferente. 

Era complicado definir um único aspecto da mesma que me levava a essa conclusão, mas o fato era que assim que adentrei em suas maravilhas saindo do mundo real, do mesmo modo que aquele sentimento bom de identificação e paz tomou meu coração, meu cérebro começou a soar um alarme de estranheza singular e perigo. 

Com o tempo, aprendi que nunca devemos ignorar nossa intuição. Li em um livro uma vez que sensações e intuição são meros pensamentos e sinapses cerebrais que ocorrem tão rápido que você mesmo não consegue identificar sua fonte, motivo ou mais detalhes. Alguns até podem achar que é magia ou um poder/ sentido diferente da normalidade... 

Mas ignora-la, ainda é um erro. 

Não abafei essa inquietação na minha pele, mas aprimorei meus outros sentidos para entender o que se passava. 

De modo geral, as coisas pareciam bem. O sol estava mais forte, como um dia bonito e motivador de verão que, apesar das ocasionais e rápidas tempestades, se torna algo perene e completamente desejável. Os passarinhos estavam alegres, não voando pelo céu como costumavam fazer, explorando cada mísero espaço desse mundo fantástico, não, em vez disso eles se aglomeravam nas copas das árvores, cantando mas também em segurança. 

Aglomerados para que um protegesse o outro... queria que alguém tivesse esse mesmo impulso sobre minha pessoa... 

Fui despertado desses meus devaneios quando uma das fadinhas cintilantes cor púrpura que me rodeavam me mordeu. Soltei uma exclamação de dor, olhando para ela sem entender enquanto passava a mão pelo lugar do meu braço a qual a mini peste mágica me feriu. Não foi o suficiente para sair sangue a torto a direita ou algo assim, e certamente já tive ferimentos piores no meu corpo, mesmo assim, ainda doía. 

- O que há de errado com você?! - Perguntei retoricamente a encarando feio, deixando claro minha desaprovação com uma cara de repreensão tentando não ser fofo. 

Não foi surpresa alguma ouvir uma risada mais adiante entre as árvores, e também não precisei olhar para aquela direção para saber de quem ela se derivava. A voz rouca, a risada que parece tão rara e única, o modo como apesar de possuir um certo viés de escuridão a mesma ainda transmite liberdade e tranquilidade... 

É, eu lembrava dessa risada, mesmo que boa parte das vezes que a ouvi era ele rindo de mim, e não comigo

- Olá coisinha - Draco disse ainda me olhando de onde estava, encostando em uma árvore grande e forte de maças ainda verdes enquanto mantinha os braços bem cruzados, e aquelas vestes formais de pessoas nobres apesar do calor. 

Uma visão que me dava calor. Melhor ignorar isso para o bem da minha própria sanidade mental... 

Não disse nada, apenas corri saltitante até ele esquecendo completamente o incidente com a fada. Em segundos eu já estava vencendo a distância não tão longínqua que nos separava, tomado pelo impulso e não fazendo questão de refreá-lo. Se eu pensasse de mais, não sei ao certo o que teria feito, então apenas obedeci os meus instintos que me diziam para correr até o loiro e o abraçar bem forte. 

Os abraços dele até que são suportáveis... e eu estava com saudades do meu amigo. 

Draco me recebeu de braços a abertos, me mantendo colado ao seu corpo por algum tempo antes de beijar minha testa e me libertar para que eu me afastasse um pouco para trás, o que eu fiz tentando ficar sério e tirar esse maldito sorriso bobo do rosto. 

Eu não devia estar sorrindo assim tão... fofo. Eu não sou fofo!

- Você está bem, Hazz? - Draco perguntou enquanto me avaliava de cima a baixo, como se procurasse algum ferimento ou algo do tipo. 

Arcádia/ DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora