Capítulo dez

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Akihito mantinha Daisuke num ritmo acelerado, forçando o ex-caçador a exaurir ainda mais suas reservas de sangue. Em algum ponto do trajeto, Daisuke teve a impressão de ver o vampiro acenar com a cabeça e uma sombra distante sumir em velocidade rápida. Quando chegaram na mansão, os corredores estavam desertos. Provavelmente a figura indistinta era um dos subordinados de Akihito, e sob ordens do seu patrão havia acorrido na frente para avisar que o caminho deveria estar livre. O chefe estava num péssimo humor.

Haruka saiu ao encontro deles, recebendo-os antes que virassem o corredor que dava para o quarto dela.

— Aki! Kim disse que você o encontrou. Onde ele estava?

Finalmente o vampiro soltou Daisuke, empurrando-o um pouco para frente ao fazê-lo.

— Diga a ela, Daisuke.

Ele engoliu em seco, verificando que sua mandíbula estava de volta no lugar. Também foi uma oportunidade para juntar coragem.

— Eu andei me encontrando com caçadores de vampiros.

— E? — Akihito pressionou.

— E passei informações pra eles sobre a movimentação dos vampiros daqui.

Os olhos de Haruka faiscaram. Ela cruzou a distância entre eles muito rápido e, como Akihito, segurou o rosto dele com uma mão. Em vez de apertar, ela o examinou. Os ossos sob a pele podiam estar curados, mas ainda havia evidência da violência recente.

— Você fez isso, Aki?

— Ele precisava ser disciplinado.

— Mas ele é meu, Aki. Não é prerrogativa sua.

— Eu só queria ajudar, irmãzinha.

Ela não conseguiu manter a cara fechada por muito tempo.

— Eu sei. Obrigada por trazer ele de volta.

— Qualquer coisa por você, irmãzinha. O que vai fazer com ele?

— Eu ainda não decidi.

— Eu acho que você devia...

— Aki, por favor. Me deixa fazer isso.

Contrariado, Akihito se afastou. Haruka passou vários instantes ouvindo — Daisuke assumiu que ela estivesse esperando o som dos passos do irmão desaparecer completamente — e indicou a porta do próprio quarto. Daisuke não sabia o que esperar, mas entrou.

Haruka o seguiu para dentro do aposento, mas em vez de se sentar sobre suas almofadas elegantes, ela andava em círculos ao redor de Daisuke. Após o que pareceram minutos de escrutínio, ela atacou. Um golpe certeiro, na base da crânio, danificando a espinha. Sua visão escureceu, e sentiu o poder vampírico sugando suas energias para tentar consertar o que quer que estivesse errado. Exceto que tudo parecia errado. Daisuke não sentia os braços e as pernas, mas ele ouvia o barulho dos ossos sendo quebrados enquanto Haruka trabalhava. Sua energia estava baixa demais para consertar tudo, e não conseguia decidir o que consertar primeiro. Sentia a magia tendendo para a fratura na espinha, mas sua mente consciente a segurava, sabendo que recuperar a sensação dos braços e pernas nesse momento seria uma má ideia.

— Você ainda está consciente?

Ele estava no chão, e Haruka se debruçava sobre ele. O rosto dela ocupava toda a sua visão, ainda embaçada, mas se recuperando. Abriu e fechou a boca. Piscou. Falar era mais difícil do que esperava.

— Bom. Então agora você vai me ouvir.

Haruka diminuiu o volume da voz, e Daisuke podia jurar que ela lançara um olhar rápido em direção à porta.

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