Capitulo 1: Vida Nova

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A vida pode até te derrubar, mas é você quem escolhe a hora de se levantar.
(Mr. Han - Karate Kid (2010))


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E o meu ano não começava nada bem, colégio novo, pessoas diferentes, professores novos.
Sempre fui um aluno muito exemplar, mas no ano passado eu me deixei levar por aquelas amizades que só querem saber de nada, a turma do fundão, aquela que só atrapalham as aulas. Sim, eu me juntei a eles. Eu nunca havia sido percebido no colégio, mais a partir do momento que me juntei a eles, tudo mudou, todos sabiam o meu nome, muita gente vinha conversar comigo, eu estava me sentindo popular, e isso mexeu um pouco com o meu ego, fazendo com que a cada dia eu me juntasse mais a essa turma.
Quer saber aonde me levou a isso tudo? Me levou a perder um ano, isso mesmo, eu brinquei tanto que não consegui obter a média para passar de ano, fui reprovado.
E esse é o motivo de estar começando em um novo colégio, minha mãe decidiu me tirar do antigo com medo que eu me envolvesse novamente com aquela turminha que também foi reprovada.
Minha mãe sempre procurou me colocar em colégios bons e particulares, mesmo não tendo muitas condições para isso, mais ela sempre trabalhou dignamente para conseguir pagar meus estudos, no final me senti péssimo pela reprovação, pois não pensei no que minha mãe passa diariamente para conseguir pagar meus estudos.


Eu me chamo Benjamin, mais sou conhecido como Ben, tenho 18 anos, tenho 1,77 de altura, corpo não sarado, mais um pouco definido, olhos cor de mel, moro com minha querida mãe Aparecida. Somos só nos dois, pois meu pai foi embora de casa quando eu ainda era pequeno, lembro do seu rosto vagamente.
Desde que ele foi embora minha mãe não conseguiu se relacionar com mais ninguém, acho que é medo de fazerem o mesmo que meu pai.
Minha mãe e uma guerreira, conseguiu cuidar de mim sozinha, me dando amor, carinho, roupas, sapatos, comida e sempre me colocava em bons colégios. Ela trabalhou durante um bom tempo para uma família muito conhecida aqui na minha cidade, eles gostavam muito dela, e ela ganhava até um salário bom, mas um dia do nada eles dispensaram ela, sem motivo algum, e desde então ela trabalha como faxineira e faz costura por fora, a renda não é a mesma, mais dá para vivermos bem, sem passar fome ou coisa do tipo.
Tenho muito orgulho dela, e quero que ela se orgulhe muito de mim.
Sei o quanto ela está chateada comigo, pois pisei na bola com ela.
Sim, eu fui uma pessoa ingrata e egoísta, ela fez de tudo para pagar meu colégio e no final de tudo não passei de ano.
Calma irei lhe explicar o motivo.
Desde de criança sempre fui uma pessoa muito tímida, retraída, sem muitos amigos, ou nem tinha amigos, muitas vezes me sentia sozinho, olhava para o lado e não tinha ninguém ao meu redor para que eu pudesse conversar ou rir de uma piada sem graça, assim como as outras pessoas faziam. Não tinha ninguém para dividir o meu lanche, me sentia um fantasma em meio a tantas pessoas. Eu ficava observando todo mundo, e ficava pensando, o que há de errado comigo? Por que todo mundo tem alguém para conversar, menos eu. Eu me sentia muito mal vendo aquela cena, ninguém me notava, eu era apenas uma criança, por que ninguém queria ficar perto de mim? E a cada dia que eu entrava na minha escola, a primeira coisa que queria naquele momento, e que as aulas acabassem logo para eu poder ir para casa, ficar perto da minha mãe, pois ela era a única pessoa que gostava de mim de verdade.

E foi desse jeito a vida inteira, sem amigos, sem ter com quem conversar, a única hora que eu tinha alguém para conversar era quando tinha trabalho em grupo, não era a melhor sensação do mundo, pois a pessoa que era escolhida para ficar comigo, ficava com a cara fechada o tempo todo, e eu nem sabia o que dizer naqueles minutos intermináveis de aula, eu era muito tímido, não sabia interagir com as pessoas. Eu ficava extremamente sem reação, minhas pernas não paravam de balançar embaixo da mesa, meu coração ficava palpitando parecendo que sairia pela minha boca e o pior de tudo era a bendita dor de barriga que me dava. Sim eu ficava tão nervoso que me dava uma dor de barriga terrível, o porquê disso? É simples, eu tinha medo de conversar com as pessoas, tanto tempo sendo rejeitado fez com que eu tivesse medo, receio, eram vários sentimentos misturados em um único momento. A sensação que eu tinha, era que eu estava com alguma doença contagiosa, e por esse motivo era deixado de lado. Quantas vezes deitei minha cabeça no travesseiro e por muitas vezes deixei minhas lágrimas escorrerem dos meus olhos, meu peito ficava tão angustiado, apertado que essa dor tinha que sair em algum momento, tudo o que eu sentia dentro de mim escorriam por aquelas lagrimas salgadas com gosto de medo. Porque medo? Medo de ter que passar minha vida inteira sendo ignorado, isolado, eu tinha medo do meu futuro.
Quando tinha 14 para 15 anos, me apaixonei pela primeira vez, ela era uma menina linda, rosto delicado, sua pele parecia de porcelana de tão branquinha, seus cabelos ruivos cor de fogo, há destacava mais ainda, e aqueles olhos cores de jabuticabas, brilhavam mais que o sol mais radiante, como não se apaixonar por tanta formosura. Mais eu e claro, nunca tentei me aproximar, com certeza eu pagaria um mico enorme, quem iria querer saber de mim, um garoto esquelético, com o rosto cheio de espinhas, e ainda com aqueles óculos ridículos, nenhuma garota me olharia com outros olhos, a não ser de pena ou medo.
É isso mesmo que estão pensando, eu também me odiava, me sentia inferior a todos os garotos do colégio, e isso fazia com que eu me isolasse a todo instante, até mesmo de quem tentava se aproximar 

Para sempre nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora