Capítulo 01 - Garotas não merecem chorar.

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"Quero que você saiba que sempre será parte de mim. No tempo que passamos juntos, você conquistou um lugar especial no meu coração, que eu vou levar comigo para sempre e ninguém pode substituir.."

Karina.

Olho pelas janelas da lanchonete, o sol começa a se esconder deixando a lua tomar conta junto da noite, termino de atender o último cliente e em seguida coloco a placa de "fechado" na porta seguindo para a louça.
5 bilhões de reais, esse era o tamanho da minha dívida, a dívida que minha mãe fez para me criar, para alimentar nós duas até que eu crescesse.
Minhas pérolas valem 5 mil reais, não chefanem perto do valor da divida, 20 pérolas valem 100 mil, 200 pérolas valem 1 milhão, eu tinha que fazer o dobro disso, sentir tanto prazer ao ponto de explodir e ainda sim talvez não batesse a meta.
Vejo meu patrão passando pela porta sorrindo, ele era o meu "dono" o agiota que eu devia e o dono da lanchonete onde eu trabalhava, o único momento que eu tinha de paz era quando chegava em casa, uma casa que também pertencia a ele, me sentia afugentada, como se ele seguisse meus passos, cada um deles.
– Boa noite, Karina.– Ele sorri, que vontade de morrer.
– Boa noite, Ed.– Afirmo.
– As outras garçonetes já foram? – Indaga e eu faço que sim.– Ótimo, fique hoje, sua dívida não vai sumir enquanto você dorme.– Conclue, sinto vontade de vomitar.
– Sim, senhor.– É tudo que falo.
Não adiantava fugir, tudo qur eu tinha não era meu, meu trabalho, minha casa, ao menos eu tinha uma salário pequeno e quando não tinha o suficiente me tocava e conseguia uma pérola ou outra, trocava e comprava comida.
Termino a louça e caminho devagar para o escritório dele, quase parando, fecho os olhos e respiro fundo ao abrir a porta do lugar, ele está sentado no sofá.
– Tire as roupas.– Diz abrindo a calça.
Deus, me ajude a não vomitar, me dê uma saída, me tira daqui.

Estou sentada no chão, nua, sem emoção, sem coração e humilhada.
Ed rodava a pérola nos dedos, sorridente.
– Posso ir agora? – Indago juntando minhas roupas no chão.
– Não, tenho mais uma coisa a lhe dizer, se continuar apenas em uma pérola eu vou dar um jeito de você produzir mais.– Afirma.
– O que quer dizer? – Indago.
– Se um homem só faz uma pérola então trarei cinco, seis! – Diz.
– Isso não é verdade, mais pérolas são feitas quando sinto..– Me calo, quando sinto prazer com um homem de verdade e não com um homem asqueroso.
– Quando senti o quê? – Ele começa a se vestir.
– Nada, darei um jeito de ter mais pérolas, não precisa trazer ninguém.– Digo.
– Ótimo, faça isso ou terá filas quilométricas de homens na porta esperando a vez deles.– Ele sorri, sai dali primeiro que eu, começo a chorar, mesmo enquango me troco as lágrimas não param de sair, porque essas malditas pérolas não podem vir das lágrimas, assim seria mais fácil já que minha vida é uma droga e eu mais choro que sorrio.
Respiro fundo e saio daquele escritório, sigo andando lentamente para fora da lanchonete e como eu trancava tudo me assusto quando alguém se aproxima, era realmente bem tarde da noite.
– Boa noite, senhorita. Sabe se eu encontro o Ed aqui? – Indaga, encaro o homem, bem vestido com roupas de marca, cabelo escuro com um topete, olhos castanhos, boca fina e rosa com três ou quatro seguranças atrás dele.
– Ele saiu da pouco tempo, posso ajudar? – Pergunto.
– Apenas diga que o Rafael procura por ele, eu voltarei amanhã.– Afirma, esse homem também era agiota? Ou será que o Ed devia dinheiro para ele e por isso queria mais pérolas?

Shell Girl || Luan Santana Onde histórias criam vida. Descubra agora