O termo pigs, que em bom português significa porcos, foi muito utilizado pelos hippies dos Estados Unidos da América para nomear os policiais, que se posicionavam enquanto uma força repressora do estado, em contraponto à contracultura estadunidense, que muitas vezes é descrita nos dias atuais como um movimento pequeno-burguês. Entretanto, há uma ambiguidade nos meios políticos que identificam porcos, simbolicamente, como representantes de uma alta elite burocrática, devido ao livro anárquico de George Orwell, A Revolução dos Bichos.
Quando se trata de policiamento, nunca poderemos esquecer do antigo apelido decolonial muito usado no nordeste para se referir aos policiais, o termo macaco, que, à primeira vista, soa racista para ouvidos moderninhos demais, nada tem a ver com racismo e que na realidade era usado pelo cangaço para denominar as forças volantes, que eram grupos armados até os dentes prontos para arregaçar o banditismo presente no nordeste. Por isso, Chico Science, traz em sua música uma crítica contemporaneizada da polícia analogamente ao processo histórico do banditismo:
Oi sobe morro, ladeira córrego, beco, favela
A polícia atrás deles e eles no rabo dela
Acontece hoje e acontecia no sertão
Quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava muitos hoje ainda falam
"Eu carrego comigo coragem, dinheiro e bala!"
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fodido (SCIENCE, Chico)
E, dessa forma, o nome da música diagnóstica a situação: banditismo por uma questão de classe.
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Ninguém foi exilado no final deste livro
PoetryPoemas feitos para se combater fãs da ditadura, poemas pela ciência, poemas pela história factual, poemas para não repetir o passado, poemas... antigo nome: o comunista não é torturado neste livro