Parte 16

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Pov. Kim

Porschay deveria ter sido um trabalho rápido e fácil.

E, no início, ele foi exatamente isso. Ele era inocente, animado demais e muito transparente também. Por causa disso ele não conseguia manter nada para si mesmo e sempre soltava todas as informações que eu precisava para as minhas investigações. No entanto, eu logo percebi que não havia nada que eu pudesse tirar dele que eu já não soubesse. Porschay não sabia nada em relação ao seu irmão ou o porquê do meu pai ter tido tanto interesse nele. Ele sequer sabia o tipo de trabalho que o irmão que ele tanto amava estava fazendo ou aonde.

Então eu disse a mim mesmo que devia parar ali.

Mas eu não parei.

Principalmente depois de descobrir que ele era apaixonado por mim. Ou melhor, pelo meu outro eu, Wik. E, por algum motivo, eu desejei que ele amasse o Kim também.

Claro que, depois de semanas buscando ele no colégio e levando-o para o estúdio, ao cinema, para jantar ou apenas comer besteiras no meu sofá enquanto olhava para como ele sorria para as bobagens na televisão.. ou deitados no chão do estúdio conversando sobre coisas bobas entre as nossas aulas.. ou enquanto eu escutava o progresso da música que ele estava fazendo para mim.. Porque eu sabia que era para mim. Porschay havia perdido toda aquela timidez dele com o tempo. Ele não corava ou gaguejava mais quando olhava para mim. Ele me olhava de frente agora, sem medo ou dúvidas. Conversava comigo como se nos conhecêssemos a anos e nunca perdia a oportunidade de rocas as minhas mãos.. Foi quando eu percebi que eu também estava apaixonado por ele.

Aquele garoto fofo e bobo que deveria ter sido uma ferramenta descartável havia se tornado parte importante da minha vida muito rápido e eu queria ele para mim.

Eu o queria tanto, mas tanto... Mas eu sabia que não poderia fazer nada em relação a esse desejo. Não depois de saber que nossos pais poderiam ter tido alguma relação no passado e, por consequência disso, estarmos relacionados também.

Então eu resolvi me afastar dele.

Por duas longas semanas eu peguei o telefone o tempo todo, pronto para desistir, mas conseguia me impedir de ligar para ele ou de responder suas mensagens e ligações. Foi difícil, mas eu consegui me concentrar na minha investigação e eu descobri que não havia possibilidade alguma de Porsche e Porschay serem meus irmãos. O que foi um grande alívio tanto para mim quanto seria para Kinn, se ele soubesse das minhas desconfianças, já que estava envolvido demais com o irmão mais velho do meu menino.

Com isso resolvido, decidi que pararia de ignorá-lo, voltaria à nossa rotina e o faria perceber que eu também o amava. Mas, quando abri a minha porta, Porschay estava de pé ali, com o sorriso mais lindo do mundo no rosto, o violão que eu havia lhe dado pendurado nas suas costas e a mão levantada, prestes a bater na minha porta.

- O que faz aqui? - eu percebi que havia sido rude no momento que seu sorriso se desfez e ele deu meia volta.

- Eu vou embora.

- Não! Espera. - o impedi de continuar se afastando, segurando-o pela alça da case do violão. - Eu não devia ter falado assim, fui um idiota, me desculpe. Você veio me dizer alguma coisa, certo? - ele assentiu, mas não olhou para mim, então segurei os seus ombros e o virei de frente para mim e levantei seu rosto. - Porschay?

- Eu terminei aquela música. - o sorriso mais lindo do mundo estava de volta ao seu rosto enquanto eu era abraçado por um Porschay muito feliz.

Ao longo das semanas que passamos juntos, eu percebi que Porschay passava por mudanças rápidas de humor. Não que isso beirasse dupla personalidade ou qualquer coisa parecida, no entanto, se eu acreditasse em horóscopo, diria que a culpa era do seu signo, afinal Porschay era geminiano. Quero dizer, em uma hora ele era um amor e no momento seguinte, parecia que ele mataria alguém com o olhar. Era estranho, mas eu não me incomodava, pois esse olhar assassino nunca havia sido dirigido a mim.

KimChay e a Saga do PãoOnde histórias criam vida. Descubra agora