Parte 18

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Pov. Porschay

- Não, você não está vendo errado. Sou eu mesmo. Agora supera logo isso.

O terapeuta fajuto, que poderia ter se dado muito bem como ator ou modelo, aumentou mais o sorriso idiota dele e se sentou na poltrona ao lado da minha, ao contrário de atrás da mesa como na última vez que eu estive aqui.

- Você não pode me julgar por pensar que jamais voltaria a ver você aqui depois de ter quase perdido a minha licença por sua causa.

- Mas eu voltei atrás e você não perdeu. Então supera isso também.

- Cara, aquelas pessoas fizeram acusações bem graves a meu respeito. Como você espera que eu esqueça da polícia batendo na minha porta?

- Admito que saí totalmente do controle sobre isso, sim, mas Kim foi mais rápido e te ajudou a não perder o seu trabalho e reputação. Eu até sei que ele te compensou financeiramente pelos transtornos que eu talvez tenha causado. Então, vamos seguir em frente, sim?

- Você é tão... - o terapeuta fajuto suspirou duas vezes e então olhou novamente para mim. - Enfim, porque veio hoje? Por mais que eu saiba que você está precisando de algumas consultas, a minha agenda está cheia, mas eu tenho certeza que o seu nome não está nela.

- Isso não é uma consulta.

- Então..?

- Bem, eu só quero falar.

- Hum.. certo. Pode falar então.

Mas eu fui impedido pelo toque de um celular. Dele, é claro, já que aquela música obviamente não estava vindo do meu bolso.

- Como eu ainda estou no meu período livre e isso não é uma consulta, você me dá licença um minuto? É a minha mãe.

- Claro.

Jackson atendeu o telefone e eu não entendi porra nenhuma daquela conversa cheia de sorrisos porque além de falar muito rápido e em um tom completamente diferente do que ele havia falado comigo, ele, literalmente, falava chinês.

Ou mandarim, para ser específico.

Além de bonito era bilíngue.

Meu namorado também era, o que o deixava mais gostoso quando falava em inglês no meu ouvido, mas, mesmo que eu seja horrível nas aulas que ele insiste em me dar (as quais eu aproveito para abusar do corpo dele), eu sabia que inglês era consideravelmente mais simples de aprender do que mandarim.

E eu apenas sabia que ele estava falando mandarim por causa de uma reunião que aquele marido idiota do meu irmão estava tendo quando eu invadi a sala dele totalmente sem querer uma vez.

O médico que deveria ser modelo ainda estava sorrindo ao encerrar a ligação.

- Você fala mandarim? Sempre pareceu uma língua alienígena para mim de tão difícil que é pra aprender.

- Porque tailandês é muito fácil em comparação, certo?

- Claro que é.

- Você fala isso porque é a sua língua materna, mas, quando eu cheguei aqui eu sentia como se meus ouvidos estivessem seriamente comprometidos.

- Chegou de onde?

- Da China? Achei que o sobrenome Wang denunciaria que eu sou chinês.

A minha resposta a isso foi um bufo nenhum pouco digno.

- Você não é chinês.

- Eu sou.

- Não é, não.

KimChay e a Saga do PãoOnde histórias criam vida. Descubra agora