🪐Capítulo cinco

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- Oi, eu sou o Jin - disse o garoto, sentando-se ao meu lado.

- Sério? E quem te perguntou? - falei sarcasticamente.

Droga, por que eu o estava tratando daquela maneira? Eu estava sendo um babaca, e ele não tinha culpa se eu havia olhado para aquela bela bunda e imaginado minhas mãos nela. Mas eu estava irritado naquele momento e queria descontar tudo em alguém. Estava chateado por ter que ficar uns dias fora do trabalho, por minha mãe estar me enchendo a paciência, pela minha perna estar doendo pra cacete, pela minha namorada não ter ido me ver (mesmo que eu não ligasse muito para ela, mas sei lá), e, principalmente, estava chateado por ter olhado para um garoto desconhecido e achado ele atraente, mesmo tentando convencer a mim mesmo de que eu era hétero e meu interesse era por mulheres, peitos e bucetas, e não por paus. Ainda assim, mesmo com vontade de socar uma parede até minha mão sangrar, eu não deveria ter descontado meu mau humor nele.

Mas o garoto nem pareceu se importar, pois estava ocupado demais com um bloquinho de papel.

- Eu sofro de perda de memória recente - ele disse calmamente ao perceber que eu estava tentando ver o que ele estava escrevendo. - Então, eu anoto algumas coisas que sei que vou esquecer amanhã.

Nossa, aquilo só me deixou ainda pior. Eu sabia que meu irmão trabalhava com muitos casos de acidentes, e ele havia me falado que muitos deles afetavam a mente e a memória das pessoas. No meu caso, eu meio que havia sido privilegiado por ter apenas uma perna quebrada, mas parece que o tal Jin não havia tido tanta sorte.

- Ah, desculpe... Eu não sabia - falei, sentindo meu rosto arder. Eu não sabia o que dizer e me sentia a pior pessoa do mundo naquele momento.

Seria muito compreensível se ele simplesmente se levantasse, me mandasse tomar no cu e fosse embora sem falar comigo, mas ele apenas sorriu e disse:

- Tudo bem. Minha prima disse que eu também tenho uma câmera onde registro o meu dia a dia, mas ela disse que quebrou e vai me dar outra amanhã. Qual é o seu nome?

Meu Deus, aquilo não podia estar acontecendo. Por que ele tinha um sorriso tão doce? Nem Rayssa, que ia ao dentista toda semana, fazia mil e um procedimentos no rosto e gastava uma fortuna com produtos de beleza, chegava aos pés do brilho que aquele garoto emitia.

- É Namjoon, Kim Namjoon - estiquei a mão e apertei a dele, uma mão pequena e delicada, além de muito macia... Não, eu não podia estar me interessando de fato por ele! Eu só podia estar ficando louco... Mas não iria tratá-lo mal novamente.

- Muito prazer, senhor Kim Namjoon. Eu me chamo Seokjin. Kim Seokjin, também sou um Kim, olha! - ele gargalhou e me olhou nos olhos, me fazendo ver a pureza que aquele ser transmitia.

Aquele olhar... Maldição! Era como se eu o conhecesse de algum lugar, um lugar bom e agradável.

- Por que "senhor"? - ri, tentando me distrair do choque que o sorriso dele causava em meu corpo. - Pareço tão velho assim?

- Claro que não! - ele pôs o bloquinho de papel e a caneta no bolso. - Você parece ter apenas alguns anos a mais do que eu, mas está de terno em pleno sábado, e pessoas de terno no final de semana, para mim, ou são pais de família que estão trabalhando ou são pessoas muito chiques. Mas creio que você não seja pai. Ou é?

- Não, não sou. - Como ele havia me feito sorrir tantas vezes em uma única hora? O que estava acontecendo comigo? Geralmente eu era o "Senhor Kim", o cara que todo mundo olhava e tentava agradar com medo de perder seu emprego. - Eu realmente gosto de usar terno, mas estou indo para casa.

- Hum... - Jin fez um biquinho super fofo, e sim, eu havia achado fofo, porque realmente era a coisa mais bonitinha do mundo. - Ninguém gosta de usar terno, senhor Kim, muito menos em um calor como esse.

- É, realmente está quente - falei, mas o que realmente me fazia suar não era a temperatura ambiente.

De repente, ele pegou a caneta e começou a rabiscar o braço.

- O que você está fazendo, pequeno? - perguntei, curioso.

- Escrevendo seu nome para não esquecer de você, Nam. Você é muito legal - ele disse com uma vozinha de neném e nunca achei que fosse gostar de um Pick me boy assim.

- E por que não usa o bloquinho?

- Já não há mais folhas limpas nele, mas quando eu chegar em casa, vou anotar em um lugar melhor.

Para mim, não havia lugar melhor do que aquela pele macia que parecia seda, mas eu não queria admitir para mim mesmo que Seokjin era definitivamente a criatura mais bela que eu já havia visto em toda a minha vida.

- Então, você mora onde?

- Eu moro na...

Mas a garota de cabelos verdes que estava com ele antes (e que eu havia percebido ser a namorada da prima de Jin) apareceu de repente, impedindo-o de terminar a frase.

- Jin, a Leona está no carro e me pediu para vir te buscar. É melhor irmos logo porque nosso chefe pediu para chegarmos mais cedo ao trabalho hoje, e se não corrermos, não poderemos ir à loja de doces.

- O quê?! Eu não posso ficar sem meus doces!! - ele levantou-se num pulo. - Tchau, Nam. Espero ver você de novo.

E com um sorriso no rosto, eles saíram.

- Eu também, pequeno, eu também espero poder te ver novamente. E muito em breve.

Não esqueça de mim-NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora