🪐Capítulo três

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                   Namjoon

   Eu estava mais furioso do que nunca. Quem minha mãe e meu irmão achavam que eu era? Algum desocupado? Desempregado ou adolescente sem o que fazer? Eu tinha compromissos, festas para ir, almoços de negócios para organizar... e agora me pediam para "tirar uns dias de repouso"? Isso estava completamente fora de questão e não era só sobre o trabalho — era sobre controle e independência. Eu, Namjoon, o grande primogênito dos Kim, nunca me acostumei a ser contrariado, muito menos a obedecer alguém, nem mesmo minha mãe ou meu irmão mais velho.

— Não pense em bancar o engraçadinho e ir trabalhar esta semana, Namjoon — Karlos me advertiu quando eu já estava prestes a sair. Meu corpo estava cheio de curativos e eu mal conseguia andar, mas ficar em casa me recuperando era a última coisa que eu queria— Tia, venha comigo por alguns minutos. Preciso que pegue a receita dos remédios que ele vai ter que tomar.

   Minha mãe assentiu, me lançou um olhar preocupado e saiu com ele. "Não saia daqui", disse ela antes de ir. "Como se fosse possível", pensei ironicamente me ajeitando no banco da recepção. O gesso branco e pesado na minha perna era o lembrete desgraçado de que minha mobilidade estava temporariamente limitada. Que ridículo!

   Meu celular vibrou, achei que era Kai vindo me buscar, mas era Rayssa, perguntando se eu estava em casa, certeza de que ela nem sequer sabia que eu tinha quase morrido em um acidente, e era melhor assim do que lidar com seus surtos irritantes. Apenas respondi "Não", de forma seca. Rayssa... sempre tão irritante. Ela era artificial, arrogante e tinha uma necessidade constante de diminuir as pessoas. Até hoje me pergunto por que continuava com ela. Talvez porque não precisasse vê-la todos os dias. Eu estava sempre ocupado na empresa, e nossos encontros eram apenas nos finais de semana. Às vezes, parecia conveniente. Além do fato de nossos pais serem sócios, inclusive meu pai que mora no exterior era melhor amigo do pai dela, e Rayssa me oferecia uma diversão temporária, eu a comia e até que ela era boa de cama, e eu aparecia nas fotos que ela iria exibir para as amigas. Mas, mesmo no sexo, algo sempre parecia faltar, uma sensação vaga e inexplicável.

   Enquanto eu me perdia nesses pensamentos aleatórios e confusos, ouvi vozes femininas adentrando a recepção, e logo mais duas pessoas entraram na sala. Uma garota reclamava que havia esquecido o celular, e outra, de cabelos verdes ondulados e piercings no rosto, tentava acalmá-la.

—Droga, como eu fui esquecer o caralho daquele celular? Sem ele eu não consigo passar meus pagamentos!

—Calma mô, a gente pode voltar e pegar se você quiser. —Então percebi que elas eram namoradas, bem que eu senti o cheiro de couro de longe.

   Elas continuaram discutindo sobre o celular, mas meu foco foi repentinamente desviado quando um garoto, que estava de costas, mencionou algo sobre esperar pois não queria voltar em casa.

—Vocês vão e eu espero ali do lado daquele moço tá?— e então ele se virou, apontando para mim.

   Meu corpo congelou. Não acreditei no que vi.

   Ele era o garoto mais bonito que eu já tinha visto. Cabelos negros brilhantes, olhos castanhos alegres e profundos, e lábios que pareciam absurdamente gostosos e carnudos... Seu corpo, magro, mas perfeitamente esculpido e uma bunda que puta que pariu, toda empinada e redondinha. Mas também havia algo em seu sorriso... encantador, puro, e ao mesmo tempo, tão tentador.

   "Que merda, Namjoon! Você é hetero, caralho!", gritei mentalmente. Mas estava claro que eu estava encrencado com aquele garoto.

   E pra piorar, ele estava vindo na minha direção.

Não esqueça de mim-NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora