The Coffee Shop Boy

T h e T r u t h U n t o l d

O dia estava horrível na concepção da maioria das pessoas que moravam em Daegu. Eram 15:00 e caía uma irritante chuva fraca que estava presente desde a noite anterior. O clima estava muito frio, com temperatura 9°C. Mas, ao contrário de todas aquelas pessoas, tinha um jovem que estava "feliz" com o tempo daquela forma.

Taehyung vestiu dois casacos moletons, uma calça do mesmo estilo, tênis com meias, luvas e também uma touca no cabelo. Os raros dias em que se sentia devidamente "bem" eram os dias de muito frio. Adorava aquilo, as ruas vazias de pessoas, a trilha sonora da chuva que respingava no seu rosto, a preguiça gostosa de não levantar da cama e os calafrios que o frio causava. Em seu ver, aquele era o dia perfeito para ir para a cafeteria mais cedo e passar boas horas tomando seu capuccino e lendo algum livro. Esses eram os dias agradáveis para o Kim.

Antes de ir para a cafeteria, ele passou em uma livraria que ficava no caminho da sua casa até lá e passou alguns minutos escolhendo algum livro novo do seu interesse. Taehyung tinha condições boas, vivia apenas com a herança dos seus pais, que dava para viver sem precisar se matar de trabalhar, pelo menos durante o ensino médio, o que não era uma preocupação já que provavelmente nem estaria mais vivo para tal. O dinheiro que ele tinha, usava para comprar seus livros. Aquele era o mundinho particular dele, onde ninguém jamais faria parte. Músicas, capuccinos, livros, solidão, o que mais poderia desejar? Muitas coisas, mas isso não vem ao caso.

Quando chegou na cafeteria eram 16:00. Sentou no mesmo lugar de sempre, pegou o seu livro novo, se ajeitou confortavelmente e algum tempinho depois o garçom veio lhe atender.

—Boa tarde, climinha ruim né? —ele perguntou com um sorrisinho simpático, mesmo sabendo que o outro parecia não gostar de conversar, e assim, levando um bom vácuo dele— o mesmo de sempre? —desistiu de tentar formular alguma conversa com ele.

—Sim —a mesma resposta de todos os dias.

—Certo, em alguns minutos está pronto —saiu até a cozinha.

Taehyung não queria ser rude, mas não gostava e nem se permitia conversar com alguém, não importava quem fosse. Ele respirou fundo e voltou a prestar atenção no livro que lia. Alguns minutos depois o garçom levou a sua bebida quente e ele passou o resto das horas até o fechamento quietinho no seu canto.

>>>

—Não venha com essas mesmas desculpas esfarrapadas! Você não faz porra nenhuma nessa casa!

—A senhora sabe que eu odeio essas festas todos os dias, sabe que eu odeio ver você bêbada sendo aproveitada por todos aqueles caras nojentos!

—Você me deve respeito, Jeon Jungkook! Foi eu quem te criei, você não tem o direito de me tratar assim.

—O que adianta ter me criado sendo que nunca me amou?! —ele gritou e sua mãe ficou calada, pasma com o que ouvira— qual é, mãe?! Você só me dá um mínimo carinho quando tá sóbrea e tem quanto tempo que você só vive bêbada? Um ano? Porque eu não me lembro a última vez que passamos um dia se quer sem brigar.

—Jungkook —ela falou meio chateada mas não teve tempo de responder.