S a v e M e

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Quando o dia amanheceu no domingo, Taehyung, por algum motivo, saiu apressadamente do quarto e desceu as escadas, se frustrando ao ver que não tinha ninguém no sofá. Sua ação foi tão impulsiva que nem se quer percebeu que tinha melhorado bastante dos sintomas anteriores. Sua cabeça doía um pouco e o seu corpo também, mas sentia que a febre já tinha passado. Antes de ir até a cozinha para pegar o termômetro no armário, Taehyung encontrou uma xícara com chá e um croissant no centro da mesa acompanhados de um bilhete. Franziu o cenho e pegou o bilhete confuso.

"Bom dia, Kim. Novamente, obrigado pela hospedagem e por todo o resto. Em recompensa pela ajuda, fiz outro chá (prometo que esse é mais gostoso) e comprei algo na cafeteria pra você, espero que goste. Coma tudo pra ajudar na recuperação e não se esqueça de tomar os remédios.      Att: Jeon Jungkook."

Taehyung sentiu um estranho contentamento ao ler aquele bilhete, mas logo reteve aquela sensação ao perceber a merda que aconteceria se deixasse o Jeon entrar na sua vida. Sabia as consequências, sabia que o garoto não merecia ter que aturar o monstro que ele era, sabia que seria feito de trouxa no fim das contas porque o seu gosto era diferente e ele confudiria as coisas, sabia de todos os riscos. Mas no fundo, bem no fundo, sentia uma leve pontada de adrenalina, essa que rapidamente ia embora quando ele se lembrava de tudo que já lhe tinha acontecido.

Antes de sentar à mesa para tomar o chá, teve a ideia de ir até a entrada da sua casa e conferir pela janela se o garoto ainda estava lá, mas se frustrou ao não vê-lo ali. Por que seu pensamento foi tão  egoísta? Deveria ao menos se sentir aliviado por ele ter saído das ruas já que caia uma chuva intensa em Daegu. Pegou um livro para se distrair e voltou até a mesa. Sentou em uma cadeira e pegou a caneca com o chá, finalmente experimentando o mesmo. O gosto de canela logo invadiu sua boca e ele sentiu o quentinho confortar sua garganta, fazendo os seus músculos relaxarem um pouco. 

A tarde chegou e Taehyung já se sentia mais disposto que no dia anterior. Tomou seus remédios, vestiu um casaco bem grosso com capuz e pegou sua mochila antes de sair de casa e caminhar apressadamente até a cafeteria. Gostaria de ir com calma para aproveitar a chuva, mas tinha conciência da sua saúde, por mais que não se importasse com mais nada, não queria jogar o dinheiro gasto do Jeon com os medicamentos fora.

Quando chegou na cafeteria, foi direto para o seu lugar e após alguns minutos foi atendido. Pegou seu caderno e abriu na página em que tinha sua fala do trabalho escrita para decorar. Afundou o rosto nas próprias mãos sentindo o desânimo lhe consumir novamente e uma falta de ar mínima lhe incomodar. Amarrou o cabelo em um mini rabo-de-cavalo bagunçado com alguns fios soltos e tirou o capuz, precisando respirar fundo para tentar normalizar sua respiração.

—Aqui o seu capuccino —o mesmo garçom de sempre lhe serviu. Ao perceber o seu comportamento estranho, ele perguntou com um leve tom de preocupação— o senhor está se sentindo bem?

Taehyung apenas afirmou com a cabeça e bebeu um gole do capuccino, querendo ficar sozinho. O garçom pareceu entender o recado e pediu licença antes de se retirar. Quando sua respiração voltou ao normal, ele tornou a tentar prestar atenção no que lia e se distraiu ali por um tempo. Quando ouviu o sino da porta  soar pelo ambiente e olhou em direção, notou um par de olhos pretos e brilhosos focados em si, e logo reconheceu aquele garoto. O Jeon deu um pequeno sorriso para ele e caminhou até a primeira mesa da cafeteria, sem dar muita atenção para não incomodar. Taehyung franziu o cenho confuso e só depois de alguns segundos lembrou do que tinha dito para ele na noite anterior, disse para ele parar de lhe seguir e reparar nas sua ações. Respirou fundo e tentou prestar atenção no caderno, aquilo era o certo a se fazer, eles ajudaram um ao outro e fim, não tinham o que conversar, era cada um para o seu lado e ponto final. Ao menos era o que tentava se convencer. Olhou novamente em direção a ele e viu que ele lhe encarava pelos cantos dos olhos, logo desviando o olhar quando foi pego no flagra.

The Coffee Shop BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora