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__ Como? Eu vi você sendo levado pelos seguranças, não é possível você ter escapado __ Si dizia com um olhar evidente de medo.

__ Meu amor, nada é impossível para mim, você pode tentar, jamais estará longe de mim, querendo ou não __ Ela arregala os olhos.

 __ O que você está fazendo aqui? Você me deixou para ser prostituta? __ Pergunto puxando seus cabelos para trás.

__ Eu fui obrigada a vir para aqui por ele __ Ela olha para o homem morto ao seu lado, seu rosto fica pálido, a mesma fecha os olhos e apoia-se no chão.

__ Você está bem? __ Pergunto preocupado.

Si não responde, a mesma levanta do chão e corre até uma porta que eu imaginei ser o banheiro, a segui vendo-a de frente à privada e jogando tudo para fora. Seguro em seus cabelos com minha mão e a outra livre, acariciava suas costas nua.

Si descarrega a água e vai até a pia, lavando sua boca e rosto. A mesma se apoia na pia de costas para mim. Abraço seu corpo por trás, ela apenas olhava para mim pelo espelho, seus batimentos estavam acelerados, era evidente que estava com medo.

__ Quem tirou você de lá? Era suposto estar apodrecendo naquele hospital __ Diz ela seriamente.

__ Tenho os meus meios, querida __ Pego em seu pescoço, erguendo sua cabeça __ Mas saiba que se eu voltar, você irá junto.

__ Não sou como você __ Diz ela tirando minhas mãos de seu pescoço e vai até ao quarto vestir uma blusa, a sigo.

__ Você está ficando, Si. Porquê você não ligou vendo aquele homem morrer? Você amou, tenho a certeza. E as vozes? Me diz que já está ouvindo elas?!

__ Não __ Ela responde curta e eu dou uma risada.

__ Não, Si? NÃO? __ Grito fazendo-a assustar __ O que você estava fazendo naquela noite, ajoelhada na calçada e chorando descontroladamente?

__ Eu não estou louca, me recuso a ser como você, Noah, um mostro. Para isso prefiro morrer __ Ela dá um tapa em meu rosto e arregala os olhos.A mesma passa por mim e sai a correr do quarto.

                                                                            POV                                                                                                                                                                                       Sina Deinert

Corria sem ao menos olhar para trás, eu ainda estava em choque, vários pensamentos me matando lentamente. Eu não poderia estar ficando louca como Noah.

__ Si, volta para aqui porra __ Noah gritava pelos corredores.

 Eu conhecia esse seu lado, ele estava irritado e muito.Desci as escadas correndo, tropeçando em alguns degraus. Passei entre as pessoas, esbarrando em algumas, me olhavam como se eu fosse realmente uma louca e isso me irritava mais ainda.

Quando consegui finalmente sair, não me surpreendi pelas ruas estarem completamente vazias, afinal, as pessoas sempre somem quando precisamos delas, não poderia pedir ajuda aos que estavam dentro por estarem totalmente bêbados.

__ Sina __ Diz  Noah puxando em meus cabelos e me forçando a olhar para ele __ Aceita de uma vez por todas, você está louca, como eu, por quê não fica comigo agora?

__ Eu me recuso a aceitar isso, não estou louca. Eu te odeio, odeio tudo em você. Quando você volta é só para me fazer sofrer, para isso eu quero morrer, para ficar bem longe de você.

__ Sua vadia __ Ele aperta fortemente meu pescoço, que com certeza deixará marcas. 

Sinto o ar faltar em meus pulmões, eu queria morrer, mas não em suas mãos.Cravo minhas unhas em seu olho, o que faz o mesmo me soltar e tocar em seu olho. Ele gemia de dor não vendo para onde ia e recuando para o lado da estrada, onde passava carros incontáveis.

__  Noah__ Chamo ele ao ver que um carro vinha em alta velocidade em sua direção, mas era tarde demais __ NÃO __ Grito o mais alto que pude, sentindo minha garganta arder.

Noah estava jogado no chão e desacordado, sangue saía de seu corpo e eu não conseguia parar de chorar. Fui até lá e arrastei seu corpo para a calçada. O motorista desce do carro e corre até onde estávamos.

__ Merda, é o Sr. Urrea? Porra, deixa eu levar vocês ao hospital, eu vou me responsabilizar por isso __ Ele dizia em pânico. __ E-eu...

__ Cala a sua boca __ Grito para ele, enquanto acariciava o rosto de Noah __ Desapareça daqui, AGORA.

Voltei a olhar para o rosto de Noah acariciando o mesmo, minhas lágrimas caíam em sua bochecha. Eu simplesmente não conseguia abandonar ele aqui, ou ao menos estar feliz por isso.

__ Noah? __ Um homem que parecia bastante com Urrea, alto como ele e olhando preocupado para nós __ Que merda aconteceu?

__ Fica longe.

__ Você quer que eu fique longe do meu irmão? Deixa eu levar logo ele para o hospital ou acabará morrendo aqui.

                                                                                    [...]

A demora era insuportável, Noah estava na sala de emergências e seu irmão estava comigo em uma sala mais reservada, o mesmo não parava de andar de um lado para o outro.

__ Você é mesmo irmão de Urrea? __ Pergunto e ele finalmente para de andar.

__ Sou. Eu passei dois anos fora à trabalho, mesmo assim não parei de ter contato com ele, mesmo sendo mal-humorado __ Ele solta uma leve risada __ Me chame de Alexander.

__ Prazer, meu nome é...

__ Sina, mais conhecida por Si __ Ele diz rapidamente __ Sei bem quem você é, não passava nem um dia que Noah não falava de você, aliás, você sabia que ele te conhece desde que o mesmo tinha 10 anos?

__ Sim __ Respondo curiosa.

__ Noah sempre teve indícios de esquizofrenia e foi se agravando ao longo do tempo. Em uma noite seus pais levaram você para um jantar em minha casa, você ainda era nova, foi a primeira vez que Noah viu você e desde esse dia nunca mais esqueceu de você. Aos 11 anos foi quando tudo começou a se agravar, Noah chegou a ameaçar nossos pais de morte e eles não tiveram outra escolha a não ser colocar ele em um hospício.

𝗉𝗌𝗒𝖼𝗁𝗈 ☆ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora