15.

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                                                                                   ...                                                                                                                                                                                             P.O.V Si

Abri meus olhos lentamente. Ouvia barulhos insuportáveis e vários aparelhos ligados em mim. Percebi logo que estava no hospital e infelizmente ainda estava viva. A porta é aberta e de lá entrar um senhor vestido em seu jaleco branco, que eu imaginei ser o médico e atrás de si a pessoa que eu menos queria ver agora ou nunca, Noah. Mas o mesmo tinha um semblante triste.

— Que bom que acordou, Sina — Diz o médico olhando alguma coisa nos aparelhos — Como está se sentindo?

— Já estive melhor — Respondo sorrindo fraco. — Queria não ter acordado.

— Lamento muito, ainda não sei o que aconteceu com você — Diz ele. — Mas entrou aqui com um fio de vida, surpreende-me ter recuperado rapidamente.

— Hmm — Murmuro olhando para Noah.

— Tem uma notícia para você, mas acho melhor seu marido contar — Diz ele saindo do quarto.Noah aproxima mais de minha cama e tenta tocar meu rosto, mas eu desvio. Odiava seu olhar de pena em mim, queria saber o que se passava e porquê o médico não poderia dizer.

— Si, me perdoa — Diz ele — Não sei o que deu em mim. Não imagina como me arrependo. Me deixei levar, esquecendo que você estava grávida — Sinto meu coração errar uma batida.

— Estava? — Respondo sentindo minha voz falhar.

— Sim, Si. Eu sou um monstro, um psicopata, tudo que você um dia me chamou. Não sabe como eu me odeio nesse momento.

— Noah o que aconteceu? — Pergunto já impaciente com suas voltas.

— Perdemos o nosso filho, Si. Na verdade, eu matei ele.

Como um buraco se abrindo em meu peito, cobri minha boca sentindo lágrimas caírem de meus olhos. Queria não acreditar nisso. Eu perdi o meu filho, meu anjinho que partiu tão injustamente e tudo por culpa de Noah. Se eu antes o odiava, agora mais do que nunca o quero ver morto.

— Eu te odeio, Noah — Grito sentindo minha garganta arder — Quero que você vá queimar no inferno.

— Si, por favor — Ele pede baixo.

— Você matou meu filho. É meu porque ele não merecia ser chamado de nosso filho. Você é um merda. Eu te odeio tanto, Noah. Se eu voltar para aquela casa, eu me mato — Falo sem conseguir olhar para ele, mas conseguia perceber que o mesmo também chorava.

— Eu sei que sou um monstro, Si. Mas por favor, não me deixa, não consigo viver sem você. Você é a minha vida, Si. — Diz ele.

— Vai se foder, Noah — Respondo.

Não conseguia parar de chorar, era uma dor enorme que não cabia em meu peito. Vários pensamentos suicidas passavam em minha mente, só para poder acabar comigo e ir ao encontro do meu filho, ao menos ao seu lado estarei em paz. Nem ao menos tive a oportunidade de o pegar em meu colo, olhar em seus olhos. Essa dor era demais para mim, eu só queria sumir nesse momento.

                                                                                    ...                                                                                                                                                                            2 dias depois 08:00 AM

Foram os piores 2 dias da minha vida. Dois dias sem dormir ou comer em condições. Dois dias fechada nesse quarto sem querer ver a luz do dia.

— Si? — Ouço a enfermeira me chamar e colocando a cabeça dentro do quarto — Posso?

— Claro — Respondo sentando na cama.— Você tem uma visita — Diz ela. Vejo Noah entrar com um buquê de rosas em suas mãos. — Qualquer coisa é só chamar.

A enfermeira sai do quarto nos deixando. Noah aproxima de minha cama e pousa o buquê em cima da cômoda. Seu olhar sério vem até mim. Podia notar as olheiras em seus olhos e o semblante cansado, como se não tivesse dormido os dois dias que não o vi.

— O que você quer aqui? — Pergunto.

— Falei com os médicos e eles deram alta em você. Vou te levar para casa, preciso mostrar algo à você — Diz ele seriamente. Permaneci calada, olhando para a parede, evitando qualquer contato com Noah. A enfermeira entra novamente e vem até mim, me ajudando a levantar.

                                                                                  ...

Fomos recebidos por Olívia, que sorria para mim, mas percebia-se seu semblante cansado. Eu odiava ter que voltar aqui, que poderia definir-se como uma prisão. Não tinha boas recordações desse lugar e sempre que eu lembrasse, vontade de chorar não me faltava.

— Precisa de ajuda? — Olívia pergunta.

— Pode deixar, eu cuido dela — Noah responde — Está dispensada hoje.

Fui até meu quarto. Precisava de um banho que relaxasse meu corpo. Um banho demorado onde poderia chorar de tudo, sem que ninguém me visse.Após o banho e vestir roupas confortáveis. Sentei na cama e no mesmo instante Noah abre a porta.

— Si, vem comigo — Diz ele curto.

— Não vou com você à lugar nenhum. Me deixa sozinha — Respondo. Noah aproxima de mim e me puxa pelo braço, me arrastando para fora do quarto — Noah me solta.

— Cala a merda da boca, Si — Diz ele. Fui guiada pelo mesmo até ao jardim, onde eu era proibida de ir, passamos entre as plantas e assim pude ver uma espécie de caixão. Abafei meu grito com minhas mãos enquanto tremia de medo. 

—O que significa isso? — Pergunto.

— Você quis tanto saber o que eu escondo aqui, hoje, querendo ou não, você vai saber de toda a verdade.

𝗉𝗌𝗒𝖼𝗁𝗈 ☆ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora