14 - Visão

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Riki estendeu a mão para abrir a mochila de Jungwon, olhando para trás vez ou outra, pois se sentiria mal caso o menor lhe considerasse intrometido. O japonês nunca foi de mexer nos assuntos alheios, porém, algo lhe chamou para aquilo. Foi criado como alguém reservado, até por que, sua vida não era exatamente algo de que se orgulhava.

Ficava muito tempo com a avó, em seu próprio mundinho, lendo histórias, ouvindo histórias - as que ela ainda se lembrava -, e descobrindo através dela, que ele gostava muito de desenhar. O pacote de cartas era pesado e não parecia ter nada de especial, mas estava bem tão bem embalado que achou estranho Jungwon ter carregado aquilo até ali.

- Olá!

Deu um pulo e colocou tudo no lugar por reflexo, quando ouviu uma voz atrás de si, desistindo do pedido de desculpas por bisbilhotar, pois não era Jungwon. Um homem de meia idade estava parado na entrada, carregava uma bandeja onde repousavam um conjunto de chá e uma pilha de biscoitos. Estava congelado ali, como se estivesse encarando um fantasma.

Pois, realmente era um.

- Hiroshi... - Proferiu num sussurro, Riki já havia se levantado, e tombou a cabeça para o nome estranho.

- Não, ahjussi - Corrigiu, se curvando em noventa graus - Nishimura Riki, sou amigo do Jungwon... - O homem nada disse, aquilo estava deixando o japonês desconfortável, então percebeu que o dito Senhor Lee estava tremendo, pois as xícaras tilintavam contra a bandeja de metal - O senhor quer ajuda?

- Eu...E-eu - A bandeja tombou das mãos trêmulas, espalhando chá e biscoitos por todo o chão - Eu apenas...Me desculpe, não me sinto bem - Riki o conduziu para o sofá pequeno, tentando não entrar em pânico, pois teve um vislumbre da avó, quando estava doente e ele precisava cuidar dela sozinho.

Passos tímidos foram ouvidos, e lá estava Jungwon, com o rosto um pouco abatido, e piorou ao ver seu padrinho pálido e choroso, próximo ao amigo. O japonês tentava de todo modo acalmar o homem, segurava sua mão firme e via algo em seus olhos, como um luto, ou um grande ressentimento.

- Se parecem tanto... - O homem chorava, e o jovem não sabia o que fazer.

Won gritou por Heeseung, que já estava a caminho quando ouviu o barulho da bandeja. O jovem apareceu correndo na salinha, segurando as mãos do pai e ligando para alguém, gritando coisa ou outra em inglês, mas ele ouviu o nome de Jake. Se levantou apoiando o pai pelos ombros, com uma expressão infeliz e preocupada em seu rosto.

- Vamos pro hospital! - Exasperou, e os dois mais novos tiveram pouco tempo para arrumar as bolsas e materiais para ir junto de Heeseung.

...

- ...Então é isso - Jungwon terminou sua explicação, um resumo rápido do que não conseguiram estudar na livraria.

O Nishimura queria distraí-lo, pois o senhor Lee estava fazendo alguns exames, e Jungwon insistiu em esperar para ter notícias. Heeseung estava distante, no telefone, e parecia irritado com algo, mas logo desligou o aparelho e foi caminhar, esperando para saber do pai.

Riki recebeu um pequeno resumo da história da família Lee. Dokyeom era casado, sua esposa, uma adorável professora de inglês, estava em Brisbane na Austrália, sua cidade natal, resolvendo alguns problemas familiares. Isso explicava o sotaque de Jake, e por que ouviu de Heeseung "Não me chame de Ethan!", quando estava no telefone.

ENTRELAÇADOS: Wonki [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora