Ten ♡

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~Marília ~

Acordei na manhã de sábado – apesar de ter dormido pouco na noite passada – no mesmo horário que normalmente acordo todos os dias. Ao meu lado, Murilo, dormia "despreocupadamente".

Quando cheguei em casa de madrugada, o encontrei ainda acordado, me esperando. Assim que pisei no meu apartamento, precisei ouvir dele mil e uma perguntas, querendo saber onde fui, com quem estava, se havia bebido, etc, etc, etc.

O que eu fiz diante do interrogatório? Simplesmente ignorei todas as perguntas, indo tomar um banho rápido, escovando meus dentes, trocando minha roupa e me deitando para dormir. Simples assim! Nem vi a hora que ele parou de falar e foi dormir, mas, pelo jeito que ele está "desmaiado", é provável que tenha demorado bastante.

Não gosto e nem admito que me cobrem nada, que fiquem atrás de mim exigindo explicações para coisas que não tem a mínima importância. "Pelo menos para mim não havia importância alguma".

Troquei-me e, como sempre faço, saí para me exercitar. Durante a corrida na esteira, fiquei pensando na conversa que tive com Luísa na noite anterior. Realmente, não posso dizer que meu compromisso com meu noivo é convencional, pois, por mais que goste dele, não consigo me ver totalmente mergulhada nessa relação, entretanto, creio que, diante do meu temperamento, não vou me ver mergulhada em nenhuma relação em minha vida.

"Um dia, você vai encontrar alguém que vai virar sua vida de pernas pro ar. Escreve o que estou dizendo."

Sorrio ao lembrar das palavras de minha amiga. – Nunca me permiti perder a razão... pelo menos não em algo desse tipo.

A corrida me fez bem, pois, quando terminei já me sentia revitalizada e disposta o suficiente para aguentar um dia com um homem birrento atrás de mim. "Sim, Murilo faria bico o dia inteiro por tê-lo ignorado na noite anterior".

Assim que cheguei, fui até a cozinha preparar um café para mim. Como era final de semana e Maria estava de folga, cabia a mim preparar as coisas para eu comer – apesar de ela deixar o almoço e o jantar prontos, só tendo que esquentá-los e comer.

Estava preparando um expresso e procurando o pão integral no lugar onde fica guardado, quando Murilo deu as caras na cozinha. Com os cabelos desalinhados e cara amassada, me desejando um "bom dia" sem vida.

– Bom dia. – Respondi pegando o meu pão e vendo como ele se dirigia à geladeira, a abrindo e pegando suco para ele.

Ignorando a pirraça do pequeno homem de 33 anos, servi duas fatias de pão para mim e fui à geladeira para pegar o queijo, percebendo como ele me observava enquanto colocava um pouco do suco no copo.

Preparei meu sanduíche, peguei meu café e segui para a sala de TV, pois queria ver algo para distrair minha mente. Sentei-me no sofá, liguei em um canal de notícias e comecei meu desejum. Enquanto a repórter falava sobre a "guerra comercial" entre EUA e China, ele entrou e se sentou ao meu lado, trazendo consigo sua cara de velório.

"Eu não quero começar minha manhã com esse clima... Por favor!" pensei terminando minha comida e me recostando no sofá, enquanto buscava outro canal qualquer.

Se vocês estão se perguntando se eu seria capaz de ignorá-lo o dia inteiro e deixá-lo com essa cara, a resposta é sim, eu seria capaz de fazê-lo o dia inteiro, contudo, ele não conseguiria suportar minha "desconsideração" com seu estado, não aguentaria eu fingindo que nada estava acontecendo, então...

– Vai ficar ignorando as coisas até quando, Marília?! – Murilo perguntou, puxando minha atenção do programa que eu via.

– O que você quer, Murilo?! – Perguntei, dando mute na TV e me virando para olhá-lo.

~Desire~Onde histórias criam vida. Descubra agora