023: Slow Love.

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Os dias se passaram voando, eles agora estavam em Driftmark.

A morte de Rhaenys havia acontecido um dia depois do casamento, foi um baque e uma dor para todos apesar de estarem cientes de que em breve ela iria morrer.

O velório e a despedida fora algo totalmente triste, todos choravam, principalmente as gêmeas que foram praticamente criadas por ela. Rhaena passou alguns dias apenas trancada em seu quarto, tomava banho e ficava por lá mesmo.

Somente a garota tinha um quarto separado para si, já que Aemond fez questão de dormir todos os dias ao lado de Lucerys, com seu típico discurso de que a qualquer minuto poderia matá-lo com um travesseiro para parecer algo mais normal.

E o jovem Velaryon, que agora assumiu o governo de Driftmark não conseguia pregar os olhos a noite.

Nesta manhã eles foram agraciados com uma ótima notícia, segundo a carta de sua mãe Baela estava esperando seu primeiro filho.

Lucerys e Rhaena ficaram animados com aquilo, queriam até mesmo viajar até King's Landing para parabeniza-lós pessoalmente, porém Aemond não achou uma boa ideia já que estariam ocupados demais com assuntos políticos.

— Porra Aemond, são apenas dois dias, não é uma eternidade. — Ela cruzou os braços em frente ao peito, já irritada.

— E é apenas uma gravidez, vocês tem todo o tempo do mundo para ir depois que resolvermos isto. — O mais novo dos três passou as mãos em frente do rosto e se virou para Rhaena.

— Você pode ir, eu e o Aemond ficaremos para resolver as coisas... — Permitiu, e a garota sorriu, andando em sua direção e o abraçando fortemente.

— Obrigado Luke, você é o melhor. — Deixou um beijo em sua bochecha, se separou dele e então se virou para Aemond. — Já você, o pior. E eu te odeio.

Deu as costas para os homens, começando a caminhar animadamente para fora dali.

— Terminaríamos mais rápido essas papeladas com ela aqui. — Deixou as mãos sobre a mesa, olhando diretamente para o mais novo, que engoliu seco.

— Aemond, a irmã dela acabou de descobrir uma gravidez, nossos irmãos serão pais e é óbvio que gostaríamos de estar com eles nesse momento. — Enfim olhou-o no olho, e percebeu que um sorriso ladino estava estampado em seu rosto, o fazendo ficar confuso. — O que há?

— Você é o lorde daqui, um lorde muito inconsequente. — Voltou a sua postura ereta, começando a caminhar vagarosamente em sua direção. — Poderia ter exigido que vocês dois fossem, mas...

Parou em frente a ele, que sentia suas pernas começarem a ficar bambas.

— Eu acho que isso deve ser além do que eu imagino. — Enfim parou quando esteve rente a ele. — Vou contar um segredo a você...

Disse de repente, colocando as mãos na mesa atrás de Lucerys enquanto inclinava-se sobre seu corpo, aproximando o rosto do ouvido do garoto, sentindo o cheiro gostoso que seus fios de cabelo tinham.

— Toda noite antes de dormir, eu me imagino segurando seu pescoço, o apertando até vê-lo chorar, implorando para que... — Pausou, deixando que o nariz acariciasse o pescoço macio. — Eu fosse cada vez mais rápido.

Riu debochado ao escutar um gemido involuntário sair por os lábios do mais novo.

— Agora eu sei... — Se afastou vagarosamente de seu pescoço, agora ficando frente a frente com ele. — Como o Cregan fez para ter você tantas vezes. — Fechou a cara ao citar o nome dele. — Basta apenas algumas palavras para deixar você assim. Você não vale mais que uma meretriz da rua da seda.

Sentiu as mãos do garoto em seu peito, o empurrando para longe, o que lhe fez gargalhar com gosto.

— Pare de brincar comigo dessa forma! — Bradou, também dando as costas para ele e saindo do cômodo rapidamente assim como Rhaena.

Aemond quando finalmente ficou sozinho respirou fundo e fechou os olhos, sentindo o peito doer por dizer aquelas coisas para Lucerys. Mas ele merecia, e não iria perdoa-lo tão fácil.

Desde sempre sentiu algo inexplicável por Lucerys, o que lhe tirava do sério em muitos momentos.

E quando ele percebeu que o garoto quase o matou para salvar aquele nortenho ridículo seu mundo desabou completamente em baixo de seus pés. Ele iria fazer Lucerys sofrer, gostando o quanto fosse ele faria o garoto implorar de joelhos por o seu perdão.

[...]

Lucerys agora estava na praia, abraçando suas próprias pernas enquanto chorava.

Ele se lembrava de tudo em sua vida, e em como sofreu o que muitos não sofreram ao ter sua idade, a não ser os criados.

Foram muitas dificuldades, cicatrizes que permaneceriam em sua pele por uma eternidade.

E ali, sentado de frente para o mar ele pensou, em tudo, absolutamente tudo. Sobre a morte de pessoas importantes na sua vida com ele sendo alguém muito novo, na saudade que sentiu de sua mãe e de seu irmão enquanto estivera fora, das palavras maldosas que escutou quando morava em King's Landing, e até mesmo em Pedra do Dragão.

Também pensou nas dificuldades que exigiram ações drásticas no tempo que passou sem hospedagem fixa, se recordou da dor que sentiu quando elas feriram-ó com suas espadas, flechas e tudo que pudesse o machucar e machucar seu dragão.

E chegou na conclusão que as palavras eram as que mais doíam, a ausência de pessoas que amava em sua vida. Os ferimentos se curavam, paravam de sangrar com o passar do tempo, e a dor de palavras nojentas que eram proferidas para si, não.

As palavras de Aemond ficariam gravadas em sua cabeça para sempre, e por causa delas o seu peito doía.

Lucerys se considerava um alguém forte para suportar tudo o que suportou em sua vida, ele sabe que se fossem muitas outras pessoas conhecidas por si, não durariam muito tempo.

Cregan e sua família foram pessoas importantes em uma parte de sua vida, eles praticamente coloriram o que estava preto e branco e por isso Lucerys defenderia aquela casa com unhas e dentes. Ele não poderia permitir que Aemond matasse o Stark bem em sua frente, ele nunca perdoaria o Targaryen por aquilo.

Mas deveria deixar aquilo no passado e focar no presente, enfrentar as dificuldades e seguir de cabeça erguida como se recordava de seu avô Corlys falar.

Ele limpou as lágrimas e então viu Arrax pousar na areia, se aproximando bem de si. Ele conseguiu notar as cicatrizes por o pescoço do dragão, que também havia sofrido junto com si.

A relação dos dois era maravilhosa, havia respeito em horas sérias e ele sentia uma forte conexão com o dragão.

— Não vá embora primeiro que eu, eu não iria aguentar perder você. — Sussurrou para o dragão, acariciando seu focinho ao te-lo ainda mais perto.

Arrax era o mais importante na vida de Lucerys, e se algum dia ele fosse morrer.

Preferia que morressem juntos.

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