Capítulo 37 - Eu tenho algo contra esse casamento

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"Você se lembra do gosto dos meus lábios naquela noite

Eu roubei um pouco de perfume da minha mãe

Porque eu me lembro quando meu pai colocou o punho

Pela parede que separava a sala de jantar

Lembro-me do medo em seus olhos

A primeira vez que entramos sorrateiramente na piscina da cidade

No fim de dezembro, com meu coração em meu peito e as nuvens da minha respiração

Não sabia pra onde estávamos correndo"

Roman Holiday ǀ Halsey


Noah

Liv vai se casar hoje.

Daqui a algumas horas, na verdade.

Soube da notícia pelos fogos de artifícios que foram lançados minutos atrás. Desde a nossa briga, não voltei mais para o colégio. Fiquei nas masmorras abandonadas. Não tinha vontade de comer nem fazer nada.

Só pensar nela.

Foi aí que eu escutei alguns alunos conversando atrás da caverna. E quando eles disseram que ontem seria a coroação de Miles... Fiquei desesperado. Se ele se tornasse o rei... Liv teria que casar com ele.

E é isso o que vai acontecer.

O casamento foi antecipado para hoje. Não sei o porquê, mas foi. E isso está acabando comigo. Faz meia hora que voltei à torre. Precisava beber e fumar. E não tinha nenhum estoque dessas coisas nas masmorras.

Então, aqui estou eu, com uma garrafa de uísque numa mão e um cigarro, quase no fim, na outra, lembrando de todos os nossos momentos. Dos beijos que demos em segredo, dos sorrisos que ela dava para mim, os verdadeiros, da coisa que ela fazia quando ficava envergonhada, olhava diretamente para o chão ou qualquer coisa que não fosse os meus olhos.

Das vezes que ela dizia que me odiava, quando, na verdade, ela me queria. Quando eu pensava que a odiava, mas, na realidade, eu a amava.

Talvez se eu tivesse entendido isso antes, seria diferente agora. Talvez não. Miles iria ficar com ela de qualquer jeito, não importa o quanto eu a amasse ou a quisesse. Ela sempre foi dele...

Fecho os olhos e levo a garrafa outra vez à boca, tomo um gole enorme dessa vez. A bebida vai descendo pela garganta, queimando tudo por onde passa. Nem me importo se vai destruir meu fígado. Eu só quero que isso pare, que essa dor excruciante do meu coração acabe...

Que ele pare de bater logo. Uma vida sem Liv não tem sentido...

E de novo o cigarro alcança minha boca, acabando com outro órgão do meu corpo. Nem sei quantas caixas de cigarro estão jogadas no chão, talvez sete, oito, não sei. Minha visão não está uma das melhoras, graças ao álcool.

– Noah? – a voz familiar de alguém me faz abrir um olho, ainda assim, não consigo ver quem é. – Noah, você está aí?

Tento dizer que não, que não estou e não quero ninguém aqui, que quero ficar sozinho na minha solidão, mas minha boca não faz diz nada, ela está travada.

– Vou entrar, certo? – a pessoa avisa, e entra em seguida. – Meu Deus, Noah, você está bem?

Mesmo com os olhos abertos, não consigo ver com clareza o rosto da pessoa enquanto ela corre até mim e me ergue do chão. Nem lembrava que estava caído...

O Irmão do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora