Eu Também Te Amo

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Niki

A noite passada foi de muita confusão. Eu ainda não consegui assimilar tudo. Foi uma situação difícil.

Mas era pior ainda para Eun. Ontem ela chegou em minha casa ofegante, chorando pesado e sem parar, desesperada. Eu não sabia o que tinha acontecido então disse à ela o melhor que pude naquele momento: "Eu não sei o que houve, mas eu prometo que vai ficar tudo bem."

Para falar a verdade eu não sabia se ia ficar tudo bem. Eu estava com medo. Senti medo de não conseguir estar com Eun assim como tinha prometido. Fui pego de surpresa. Mas serviu para que eu aprendesse uma lição: Sempre que você prometer algo, o universo vai fazer questão de botar essa promessa à prova.

Ontem, depois de Eun chegar naquele estado em minha casa, eu à levei para dentro e dei um pouco de água para que ela se acalmasse. Meus pais viram a situação e não se intrometeram. Agradeci internamente por isso.

Subimos até meu quarto para conversar sobre o que tinha acontecido, mas assim que nos sentamos na cama ela desabou novamente. Tudo o que eu podia fazer era abraça-la, dizendo que tudo ia se resolver.

Mas eu me perguntava se aquilo era o suficiente para ela. Se ela realmente se sentia melhor com aquilo.

Ela chorou sem parar por horas. Da sua boca não saiu uma palavra sequer e eu tive que ser forte para não chorar junto. Doía em meu peito vê-la daquela forma.

E ela chorou, chorou muito. Chorou até não aguentar mais e dormir. Eu a abracei com força naquela noite, como se fosse a última vez, porque realmente poderia ser.

Agora pela manhã, nós acordamos juntos, mas ela permaneceu calada. Eu não à questionei, apenas dei bom dia e disse que seria bom ela tomar um banho.

Ela tinha acabado de sair, vestindo um dos meus pijamas já que não tinha outra roupa dela aqui. Eu à chamei para me abraçar em cima da cama e ela veio, ainda calada.

Nós passamos alguns minutos ali, no nosso lar, até que ela finalmente falou.

— Sabia que o seu abraço agora significa muito mais pra mim? — eu continuo a afagar suas costas.

— Ah é? — sinto ela balançar a cabeça afirmando. — E por quê? — Eun se afasta um pouco, tirando seu rosto do meu pescoço e olha para mim.

— Porque eu me senti verdadeiramente em casa quando estava nele. E isso é engraçado porque tecnicamente eu não sei onde é minha casa agora. — ela se inclina para deixar um selar no canto da minha boca. — Niki ontem eu... — ela para por um segundo — ontem eu conheci meus pais. — Eu não esperava por isso!

— Foi muito difícil?

— Sim — os olhos dela começam a derramar lágrimas novamente — Sabia que eles são tipo Romeu e Julieta? — ela solta um sorriso entre as lágrimas. — Minha mãe era pobre e meu pai rico. A mãe dele não ia deixar que eles se casassem, então ela forjou uma tentativa de assassinato e colocou a culpa nela. É engraçado porque eu estou falando da minha vó. A minha mãe... — mais lágrimas saem de seus olhos — ela foi presa, condenada por 20 anos. Ela descobriu que estava grávida na prisão. Meu pai queria me criar, mas... — ela desaba novamente.

Eu volto a abraça-la e depois de uns minutos o choro cessa.

— Ela não queria que eu me envergonhasse por ter uma mãe presidiária. Então ela me deixou com minha tia e meu tio. Logo meus pais adotivos são os meus tios. Enquanto isso meu pai sempre estava com ela. Eu me recordo daquele dia em que você me seguiu até o terraço pela primeira vez. O diretor tinha acabado de sair de lá. Eu escutei uma ligação em que ele pergunta para a pessoa na linha se a irmã dela já tinha levado "fotos da Eun". Eu não suspeitei, afinal existem várias pessoas com parte do nome "Eun". Mas era ele. Ele estava ali, o meu pai estava ali conversando ao telefone com minha mãe. E ele sabia. Ele sabia! Nesse dia ele perguntou um pouco sobre mim. Eu acabei contando sobre Heesung, de como ele era importante. Ele me falou para não se preocupar porque sabia como era a sensação. Quando eu o questionei se ele já tinha perdido alguém ele respondeu "duas". Você estava certo Niki, ele realmente me tratava bem por algum motivo. E isso é bom. Significa que ele realmente se importava. Agora eu entendo tudo — ela limpa as lágrimas que ainda existiam — Ele me deixou pessoalmente no primeiro dia de aula nessa escola porque não pôde fazer antes. Ele me perguntava se estava bem porque ele só poderia cuidar de mim lá. — ela começa a sorrir — Ele ficou com tanta raiva quando descobriu que Eunchae me bateu. Ele queria cuidar de mim, mas não podia. Não até minha mãe ser solta. E agora ela está livre. Eles foram na minha casa; você tinha acabado de sair. Eu agora entendo o porquê da minha mãe agir daquele jeito ontem. Ela tinha medo que acontecesse o mesmo que aconteceu com minha mãe. Ela está traumatizada.

Behind meOnde histórias criam vida. Descubra agora